Knock Knock - Tentações Perigosas de Eli Roth é uma longa-metragem de co-produção norte-americana e chilena que estreou na passada edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa que decorreu no Cinema São Jorge e que agora encontra a sua estreia comercial no país.
Evan (Keanu Reeves) é um arquitecto casado e pai de dois filhos com a casa e a vida perfeita. Sózinho em casa durante um fim-de-semana em que a família foi para a praia, Genesis (Lorenza Izzo) e Bel (Ana de Armas) batem à sua porta da casa e pedem-lhe ajuda.
No entanto, quando as intenções das duas jovens se revelam muito para além do simples pedido de ajuda, Evan encontra-se na mais complicada situação da sua vida que lhe trará consequência inimagináveis.
De volta à realização daquele que se queria como o mais recente clássico de suspense/terror de Eli Roth que já nos havia presenteado com Cabin Fever (2002), Hostel (2005) e Hostel II (2007), o realizador norte-americano numa parceria com Keanu Reeves na interpretação e produção entrega-nos este Knock Knock que tendo o seu potencial como filme do género se deixa levar e perder por alguns momentos menos conseguidos e lugares comuns que em nada adiantam à qualidade do mesmo sobre a história de um pai de família que, afinal, não é tão feliz ou completo como as primeiras imagens deixam adivinhar.
Era inevitável o que esperamos do início deste filme onde a aparente perfeita família se desmorona quando o pai (Reeves) é colocado sózinho num espaço onde já anteriormente fazia questão de realçar a sua carência sexual. Agora, com duas jovens e disponíveis postas "a jeito", a "coisa" estava preparada para se dar. Por muito saudável que aparente ser o relacionamento desta família, a realidade é que alguma falta de credibilidade dos actores - mãe e filhos - deixa o espectador algo afastado e ausente de um qualquer crédito que se poderia conferir a esta família. Talvez por falta de química, talvez por falta de alguma naturalidade e expressividade corporal, mas aquilo que o espectador quase confirma é que estão todos a ler de um cartão que está à frente dos olhos.
Credível está, por sua vez, a dinâmica entre a dupla Izzo e de Armas que conseguem emanar uma química latente entre ambas e irradiar algo não só físico como psicológico - ainda que demente - e interpretar as suas assassinas com aquilo que - às personagens - lhes falta, ou seja, uma alma. Com as suas próprias intenções, ainda que possam (e são) parecer como incompreensíveis aos olhares de qualquer pessoa mais estável, Izzo e de Armas conseguem assumir-se como o mais notável deste filme ao ponto de, em diversos momentos, ofuscarem a presença de um Keanu Reeves que o espectador esquece que se encontra na mesma sala que elas.
Sem nunca aquecer ao ponto do macabro e do perverso como podemos encontrar em, por exemplo, Hard Candy, de David Slade (2005) onde uma implacável Ellen Page desfaz ou temeroso Patrick Wilson, Knock Knock prima principalmente por um aspecto já abordado noutras obras e que reside na perda de anonimato do século XXI graças ao uso excessivo e abusivo das redes sociais onde tudo se partilha e, como consequência, tudo se sabe deixando pouco espaço para aquilo que se passa por detrás das portas da casa de cada um de nós.
Interessante por alguns breves momentos, nomeadamente aqueles que levam ao escalar de uma violência anunciada, Knock Knock não deixa de, no entanto, ser um filme que demora a antever um clímax e, quando este chega, é verbalizado por um - no momento - pouco convincente Keanu Reeves. Simpático como o mais recente "filme-pipoca" que qualquer um de nós gosta de ver quando não quer pensar muito sobre um argumento plausível, esta longa-metragem de Eli Roth não é seguramente aquela que ficará na memória do espectador ou tão pouco a mais significativa na carreira do seu intérprete principal.
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5 / 10
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