segunda-feira, 16 de abril de 2018

Tempo Comum (2018)

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Tempo Comum de Susana Nobre é uma longa-metragem portuguesa presente na Competição Nacional da décima-quinta edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente que irá decorrer entre os dias 26 de Abril e 6 de Maio, em Lisboa.
Num apartamento em Lisboa, Marta (Marta Lança) toma conta da filha recém nascida enquanto recupera do parto. Por entre visitas de familiares e amigos onde se expõem ideias sobre o casamento, o parto, os primeiros empregos bem como os planos e expectativas para com o futuro, observamos o ciclo da vida por vozes de várias gerações enquanto Marta tenta encontrar o seu caminho.
Depois de Lisboa-Província (2010), Vida Activa (2014) e Provas, Exorcismos (2015), Susana Nobre regressa com esta longa-metragem que não só mescla o documentário e a ficção como assume muito das vertentes exploradas nas suas obras anteriores. Da casa em que se encontram e de onde esperam partir para uma mais permanente, Susana Nobre confere a este casal - e sobretudo à perspectiva da mãe - os dramas e dilemas de uma família que tenta encontrar o seu lugar após as constantes transformações que a sua vida acaba de encontrar. A dinâmica do casal é então explorada sobre a perspectiva de alguém que tenta primeiramente encontrar o seu lugar enquanto pais recentes e, dessa forma, lidar com uma nova vida que agora ocupa os poucos ou nenhuns espaços livres que têm como também o seu próprio lugar como membros de um casal que agora tem toda a sua convivência alterada pela presença de uma filha recém nascida. Ao mesmo tempo, Tempo Comum explora, ainda que livre e levemente, o regresso a uma vida profissional activa que parece não querer esperar por ninguém enquanto se debate - o casal - com a dicotomia entre campo e cidade e as (des)vantagens que ambos os espaços parecem querer trazer para a sua dinâmica enquanto família em crescimento. Se na cidade tudo parece estar ao alcance de breves passos, é no campo que aparentam estar as suas raízes e a aparência de uma vida menos complicada à qual, no entanto, faltam tantos outros recursos que apenas a cidade pode satisfazer.
Ao mesmo tempo, Tempo Comum insiste em não esquecer a dinâmica da família extensa ao colocar os problemas do casal "Marta" e "Pedro" em directo confronto com as vivências dos seus pais e sogros como exemplos que se esperam alcançar ou, pelo menos, tomar como ponto de partida para aquilo que esperam construir. No entanto, e neste tal mundo em constante movimento e transformação, como alcançar feitos que agora podem ser não só efémeros como um mero trânsito para realidades que poderão não ter - para eles - o mesmo impacto que outrora fora conquistado?
Quase como um filme registo ou relato, Susana Nobre conquista com Tempo Comum a capacidade de espelhar esta sociedade moderna onde o "eu", o "nós", a família, a vida profissional e a paternidade se confundem e imiscuem dificultando a percepção do que representam cada um deles e, sobretudo, o que representam para a formação dessa consciência sobre o individual e o colectivo. Até que ponto está hoje definida a noção de família? De casal? De progenitores? Do trabalho? Quais as prioridades? Quais as barreiras? Quais os entraves ou, principalmente, quais os sentidos proibidos que se devem ter sempre presentes e consciencializados enquanto tal.
Diferente, afastando-se de breves catalogações que o opõem a documentário ou a ficção - à vez -, Tempo Comum une-se a outras obras recentes como, por exemplo, Uma Rapariga da Sua Idade (2015), de Márcio Laranjeira ou Verão Danado (2017), de Pedro Cabeleira na vontade de fazer assumir - e se assumir - os dilemas de uma geração à deriva incapaz de se enquadrar em diferentes patamares de um normal desenvolvimento psicológico, pessoal, familiar e profissional lançando os seus intervenientes num campo por explorar, desconhecido e incerto... Tanto quanto a incerteza com que o espectador retém no final sobre os destinos destas não tão improváveis "personagens" reais. Bravo Susana Nobre. Bravo!
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7 / 10
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