The Purge: 2024 de Ashton Gleckman (EUA) recupera o espírito da saga The Purge - cuja prequela estreia hoje nos Estados Unidos - aqui concentrado numa curta-metragem que revela os últimos momentos da purga anual e da perseguição feita a David (Paul Nicely) por um grupo não identificado que lhe lançou uma caçada. Mas, quando a vítima aparenta estar indefesa e perdida às mãos do grupo, eis que David revela que o desespero pode motivar para a resistência.
The Purge: 2024 concentra nos seus breves instantes todo o espírito que James DeMonaco conseguiu incutir nas histórias das suas longas-metragens tendo Gleckman criado um conjunto de enigmáticas personagens que são fiéis ao espírito das mesmas e a todo o ambiente que se espera duma história como aquela que esta curta se propõe homenagear. No entanto, a surpresa e o grande factor motivacional para este filme curto surge quando o espectador compreende que o jovem realizador e argumentista desta história tem apenas dezassete anos!
Ainda que incapaz que criar uma atmosfera muito diferente daquela esperada para uma história deste género, é a qualidade dos detalhes - das personagens, do espaço e do ambiente - que conferem a este The Purge: 2024 uma ambiência digna de configurar entre os filmes mais fiéis à saga The Purge e ainda àquilo que o espectador espera de um filme deste género. Qualquer um de nós que se deixa levar por uma curta-metragem que "promete" o espírito da longa-metragem - clássica ou não - que pretende homenagear pensa, logo de início, que vai assistir a um filme "menor" feito pelos amigos do realizador e que tudo não será mais do que um pequeno entretenimento de fim-de-semana no qual poucas consequências positivas se poderão vir a tirar. Gleckman, por sua vez, consegue não só homenagear a trilogia da qual é fã, fazer antecipar a obra e eventualmente a série porvir, satisfazer os seus fãs e ainda finalizar uma pequena - apenas na duração - obra que todos vêem e confirmam como um representante fiel ao original.
Em The Purge: 2024 temos um pouco de tudo... clima denso com proto-heróis, vítimas e vilões de serviço assumindo, todos eles, o seu papel. Da tradicional vítima da qual pouco conhecemos que se vê perseguida num ambiente inóspito aos vilões disfarçados que o perseguem por motivos que nunca iremos conhecer (e na prática... nem precisamos), a estes últimos que encarnam o espírito mais medonho de um qualquer Carnaval sangrento onde todas as psicoses são finalmente expiadas sem esquecer, claro, que nem tudo é o que parece... e nem todas as vítimas realmente se comportam como tal. Quando o sentimento de sobrevivência se instala... vale tudo... até assumir os comportamentos daqueles que (nos) perseguem.
Capaz de se um pouco mais polido - algo que o realizador certamente conseguirá fazer nas suas próximas obras -, mas seguramente um excelente exemplar da capacidade de um jovem e certamente promissor contador de histórias, The Purge: 2024 assume-se não só como um interessante e pertinente cartão de visita deste realizador como também um consistente filme do género que nos próximos tempos servirá de referências àqueles que seguem a saga The Purge desde as suas primeiras entregas.
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7 / 10
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