domingo, 6 de fevereiro de 2011

Descongélate! (2003)

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Descongela-te! de Dunia Ayaso e Félix Sabroso é uma pequena comédia espanhola que conta com as interpretações de Pepón Nieto, Ruben Ochandiano, Candela Peña, Loles León e Oscar Jaenada que se centra nas vivências de uma família muito alternativa e na sua extrema vontade de vencer numa vida que aparentemente se esqueceu deles algures no tempo.
Esta história começa quando Justo (Nieto) é abordado por Aitor (Jaenada) um realizador bem alternativo, descomprometido e dependente de droga como se de água se tratasse para que se torne na estrela do seu próximo filme.
Justo e a sua mulher Iris (Peña) convidam-no a jantar em sua casa como forma de se conhecerem melhor e do actor já ter uma opinião sobre o guião que Aitor lhe deixou. Este, drogado como sendo o seu estado normal, chega à casa de Justo onde acaba por morrer de uma overdose.
Como seria normal chamar as autoridades e a partir daí esclarecerem o sucedido, Justo e Iris embarcam na mais insólita experiência e aventura como forma de não perderem a oportunidade das suas vidas e tornarem-se no "alguém" que sentem nunca ter sido.
Aquilo que seria à partida uma história condenada a não sair da confusão acaba por, através dela mesma, encontrar inesperadas soluções que se consolidam de forma a que todos (ou quase) encontrem a sua redenção e lugar certo no mundo dando fama a quem menos era esperado e afastando aqueles que em vida negaram a sua posição privilegiada.
Numa tradicional história onde tudo está bem até ao momento em que são confrontados com a oportunidade que tanto lhes é devida mas que, também ela, tem as suas contrapartidas que irão colocar em causa as suas convicções morais até então ocultas no seu íntimo, este filme consegue manter doses equilibradas de humor, por vezes negro, e cativar a atenção do espectador para aquele que poderá ser o desfecho de todos os envolvidos. Não fossem os métodos por todos elaborados para alcançar a tão esperada fama, sucesso e, claro está, o dinheiro teria qualquer um deles conseguido alcançar os objectivos que lhes era devido após uma vida inteira vivida à margem?
Como pontos fortes do filme temos as sentidas interpretações de Loles León, que consegue de longe ser a grande força interpretativa deste filme, apesar de ser um desempenho dito secundário, mas que ao mesmo tempo é o motor da resolução dos problemas de todos tornando-se assim na única interpretação digna de destaque em todo o filme.
Os demais actores ainda que centrais em todo o enredo não conseguem ter o pulso que León consegue naturalmente ter na sua curta, mas dominante, participação e claro destacada no final do filme onde a ficamos a admirar ainda mais pela sua exuberância.
O argumento também consegue manter alguma graça e dinamismo sendo bem estruturado sendo que, no entanto, poderia ter sido mais trabalhado e detalhado para um maior aprofundamento das personagens em questão... algo que o tornasse não apenas numa "simples" comédia negra mas sim num filme de referência do género como o foi, por exemplo, A Comunidade, de Àlex de la Iglesia, e que aqui apesar de ser tentado só o atinge a meio gás.
De resto, e a bem do filme, há que dizer que tem alguns momentos divertidos e que para passar alguns momentos agradáveis consegue ser uma boa aposta. No entanto, não se torna num filme que mais tarde irá ser recordado pela sua comédia para além daqueles momentos em que está a ser visionado..
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6 / 10
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