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Assalto ao Santa Maria de Francisco Manso, realizador que já nos presenteou com magníficas histórias da nossa História como é o caso de O Último Condenado à Morte ou A Ilha dos Escravos bem como o internacionalmente premiado O Testamento do Senhor Napumoceno, e aquele que aguardo com muita expectativa O Consul de Bordéus.
Neste filme acompanhamos o "assalto" feito ao paquete Santa Maria, a pérola da marinha portuguesa, que fazia viagem da América do Sul para Portugal, liderado pelo capitão Henrique Galvão (Carlos Paulo) em colaboração com outros militares portugueses e espanhóis, como forma de protesto contra os regimes ditatoriais da Península Ibérica que vingavam há mais de trinta anos.
À medida que presenciamos todos os acontecimentos baseados num caso real e importante da História de Portugal e da luta contra a ditadura salazarista, assistimos também a uma história ficcionada de esperança num amor que parece, à partida, proibido entre Zé Ramos (Pedro Cunha) um dos revoltosos portugueses e Ilda (Leonor Seixas) filha de Alfredo Enes (Vítor Norte) um ex-militar pró-regime que também se encontra no paquete.
E são estas as duas dinâmicas do filme. Por um lado o confronto ocasional de ideias de um novo Portugal contra um regime obsoleto (Galvão vs. Enes) e por outro a tentativa de frescura e de afastamento de um ambiente tão pesado, através do amor, perpetrado por Zé Ramos e Ilda. O desfecho, para ambos, seria trágico.
O elenco de primeira linha onde se destacam além dos nomes já referidos, Maria d'Aires, João Cabral, António Pedro Cerdeira e Alfonso Agra é bastante coerente entre si e dão vida às palavras que compõem o argumento escrito por Vicente Alves do Ó e João Nunes ao som de uma muito boa banda-sonora da autoria de Nuno Maló que cada vez mais se destaca na composição para filmes nacionais (o que é francamente muito positivo).
O pior, ou pelo menos o aspecto mais negativo, que nem tem a ver com o filme em si mas para com a filmografia de Francisco Manso, é o tão demorado tempo que levam os seus filmes a estrear pois retratam, a meu ver, não só importantes, e bem filmadas histórias, como História propriamente dita. Gosto da filmografia que tenho visto deste realizador e só lamento não ter mais publicidade, e dinâmico, a apoiá-la (e refiro-me muito concretamente à sua ainda por estrear obra O Consul de Bordéus que por motivos pessoais muito ansiosamente aguardo).
Com este e outros bons exemplos com que a cinematografia nacional se tem destacado, é uma pena que insista em não existir uma Academia de Cinema Português que dignamente premiasse o cinema português o que faria, em muitos casos, com que o filme não caísse no esquecimento após algumas escassas semanas de exibição nas nossas salas.
Mais uma vez, parabéns a Francisco Manso e toda a equipa de técnicos, argumentistas e actores que trabalham para a concretização deste filme e à RTP que se lembrou de o passar ontem junto a uma data tão importante na nossa História.
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8 / 10
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