Hitler e as SS - Retrato do Mal de Jim Goddard é um telefilme britânico com a participação de Bill Nighy, John Shea e o actor galardoado com um Oscar José Ferrer que nos retrata uma Alemanha antes e durante a Segunda Guerra Mundial através do olhar de dois irmãos que seguiram caminhos opostos.
Temos assim a história de Helmut Hoffmann (Nighy) um académico alemão que em nada se revê nas políticas germânicas que rapidamente ascendiam com a presença de Hitler na vida política do país. Por outro lado temos o seu irmão Karl (Shea) membro das SA e que participa activamente e politicamente em todos os comícios das mesmas.
Estes dois irmãos que se encontram tão díspares nos seus comportamentos e ideologias acabam por, a certo momento das suas vidas, mudar de campo e de pensamento. Enquanto Helmut se torna num destacado membro da SS, Karl por ter sido detido e enviado para Dachau reflete sobre aquilo que até então defendeu e no injustas que são as acções dos membros do partido nazi.
Claramente perceptível o facto de se tratar de um telefilme não só pelas suas filmagens como também pela forma como toda a narrativa é filmada, nem a sua excessiva duração modifica o facto de ser contado de uma forma como se o tempo fosse pouco demais para abordar todos os aspectos, alguns por vezes desnecessários, que compõem todo o argumento. Não só a relação entre os dois irmãos como deles para com a mulher de que ambos gostaram, com os seus respectivos pais e também com o irmão mais novo que tem um trágico destino (ilustrando assim toda uma jovem geração que ficou perdida),ou até as relações com superiores, conhecidos... Tudo, mesmo tudo, tem o seu pequeno espaço neste telefilme o que, a certa altura, cria uma dispersão exagerada em todas as narrativas que se querem contar mas que, por um ou outro motivo, acabam por ficar perdidas e sem a devida importância por não chegar o tempo que precisavam para serem devidamente exploradas.
Assumo o total interesse por filmes que retratem esta época tão conturbada e como tal "correr" para os ver. No entanto, ao mesmo tempo assumo também que espero deles um total compromisso para com essa mesma época e para com os verdadeiros dramas que afectaram tantos durante vários anos. Sinto-me de certa forma "enganado" quando, ao assistir a um filme que aborde este período, ver que as intenções do seu realizador são as de contar tudo num curto espaço de tempo o que, na maioria dos casos, não dá nem um terço da relevância para a história principal que se tenta contar. É o que aqui acontece. Há uma vontade de nos mostrar a mudança de comportamentos e de pensamentos destes dois irmãos mas ao mesmo tempo uma necessidade extrema de relatar o que se passa com todos aqueles que se encontram à sua volta e, como se isso não bastasse, contar também os factos que decorriam a nível militar. O filme a certo ponto perde-se para não voltar a encontrar um rumo coerente na sua história.
Não é um telefilme mau, nem de longe, mas não tem o potencial que poderia ter caso se tivesse concentrado em apenas algumas histórias e as levasse a bom porto. Tem alguns aspectos interessantes do ponto de vista da história daqueles tão conturbados anos mas não atinge, nem de perto, aquilo que poderia ter sido enquanto filme.
Vale a pena ver para os interessados neste período histórico mas no entanto não é um filme que os preencha ou satisfaça na sua globalidade por ser algo monótono e disperso e torna-se assim num filme que, pouco tempo depois de ser visto... é esquecido.
.5 / 10
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