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O Altar de Jon Knautz foi o único filme do MOTELx que ia ver sem saber o que me esperava. Escolhi vê-lo apenas como forma de preencher um dia para o qual nada tinha programado. A apresentação feita remetia-nos para influências e inspiração em variados filmes, nomeadamente O Exorcista. Apesar da minha curiosidade suspeitei um pouco considerando que "filmes inspirados em..." normalmente dão sempre um resultado bastante duvidoso e com muitas lacunas que só estragam é ainda mais um filme do que propriamente lhe darem alguma credibilidade.
Quanto ao filme propriamente dito, este começa com o violento rapto e desaparecimento misterioso de um jovem americano numa aldeia remota da Polónia.
É então que Carmen (Cindy Sampson), uma repórter, decide investigar este caso e perceber porque motivo desaparecem pessoas naquela mesma localidade há vários anos. Desafiando a sua colega Sara (Meghan Heffern) e Marcus (Aaron Ashmore) o seu namorado com quem tenta restabelecer a sua ligação sentimental.
Uma vez chegados à tão bizarra localidade onde todos parecem retirados de um cenário antigo e por onde a civilização ainda não passou deparam com uma estranha névoa no meio da floresta que, com o espírito curioso que têm, decidem investigar. Nessa mesma névoa, na qual se vêem obrigados a entrar após fugir a uma implacável perseguição por alguns dos rufias da aldeia, encontram uma estranha estátua que irá para sempre modificar os seus destinos.
Este filme que comecei por achar duvidoso e de fraca qualidade vai, aos poucos, aumentando o nosso gosto por ele. Inicialmente duvidamos e estranhamos. Achamos mesmo que está mal intepretado e que vai ser daquele tipo de filmes dos quais desistimos mal os começamos a ver mas, no entanto, aqui o que acontece é exactamente o contrário. Aquilo que achamos dele inicialmente transforma-se. Aos poucos vamos gostando da intriga que se apodera de nós e queremos, tal como eles, perceber o que se passa naquela tão estranha localidade que parece perdida e parada no tempo.
Mal Carmen entra naquela tão estranha névoa e encontra a estátua eu percebi logo do que se tratava e aí sim, as influências d'O Exorcista foram suficientemente óbvias. A estátua que elas ali encontram é, nada mais nada menos do que Pazuzu, o demónio que iria possuir a, à altura, tão jovem Linda Blair. O que mais me impressionou neste momento não foi a névoa nem tão pouco encontrarmos uma estátua perdida no meio de uma floresta mas sim o facto de essa mesma estátua, sem que nós nos apercebamos disso, ganhe vida e faça notar que sabe que está ali alguém a "admirá-la". Este momento é, de longe, um dos mais intimidantes durante todo o filme.
A partir daqui nada mais seria o mesmo durante o resto do visionamento. Se até aqui apesar de repleto de acção nenhuma tinha assustado... com esta pequena grande transformação a única coisa que não poderíamos esperar agora eram momentos de calmaria.
Confesso sem qualquer pudor que o momento na floresta com a dita estátua foi para mim algo de incomodativo e pensei que a partir daqui o filme iria tornar-se assustador. Não poderia estar mais... certo! Aqueles vinte minutos finais em que ficamos a perceber como funciona toda aquela povoação e especialmente o que se passa entre Carmen, Marcus e aquela família de três à casa dos quais a repórter e o seu namorado vão dar é no mínimo medonho... É aqui que a semelhança entre este filme e O Exorcista se torna mais evidente não só pelos comportamentos... como pela pequena fatiota que Carmen usa e também pelo ataque de verborreia que tem e a caracterização muito bem realizada que me trouxeram de novo à memória a tão saudosa menina Linda Blair.
No mínimo foi um susto e senti-me quase a colar à cadeira onde me encontra pois de facto a tensão foi a partir dali... MUITA!!!
A transformação deste filme que passa de algo "mal feito" para um interessante e bem pensado filme de terror é evidente. Todo o ritmo, história e mesmo as interpretações que eram inicialmente mais fraquitas compensaram e bem com o passar do tempo tornando este num dos melhores filmes de terror que vi nos últimos tempos, chegando mesmo a compará-lo à sua fonte de inspiração já aqui várias vezes referida como também ao mais recente [REC].
Chegado o final e dou por mim a pensar que mesmo nos momentos em que parece ser mais amador, este filme está realmente muito bem pensado e que conseguem, de certa forma, enganar-nos e iludir-nos de que vamos assistir a algo mais "fraquito". Não poderiamos estar mais enganados e aquilo que nos espera é realmente um forte e muito intenso filme de terror que nos revela que as primeiras impressões, não só do filme como dos seus intervenientes, podem por vezes estar muito enganadas e que aquilo que pensamos ser a raíz do mal mais não é do que a única forma de o manter afastado dos olhares mais curiosos de uma civilização que não se encontra preparada para certas... realidades. E que se destaque também a forma como o mal é exterminado, aqui muito bem retratado em tão interessante e original cartaz... e mais não digo.
Forte, intenso, com um bom argumento, caracterização e um ambiente tenebroso muito próprio, este filme tem ainda a curiosidade de ter no meio dos seus actores... um português... Paulino Nunes que encarna um dos "medonhos" habitantes daquela tão amaldiçoada aldeia.
Aconselho vivamente este filme... e aos mais nervosos... que se preparem...
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.8 / 10
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