Estranys de Roger Villarroya é uma curta-metragem espanhola e a mais recente deste jovem e promissor realizador do país vizinho e que aqui volta a centrar a sua história numa dinâmica sentimental à semelhança do que já vinha a acontecer com um dos seus mais emblemáticos filmes, a curta-metragem Morales.
À semelhança do que já apresentara em Morales, Villarroya leva-nos a presenciar uma nova relação afectiva. Se na já referida curta-metragem nos aproxima de um amor pueril e ainda por revelar entre duas crianças dispostas a tudo para encontrar a cor, a amizade e a primeira paixoneta que para sempre os irá marcar, com Estranys (Estranhos) leva-nos a uma relação pós-desencanto onde o súbito afastamento e as palavras que ficaram por dizer marcam presença nas vidas dele (Xavi Sáez) e dela (Cristina Gamiz).
Encontram-se por acaso. Um ano depois de se terem afastado e depois de uma vivência em comum que, pela força das imagens que nos chegam, se percebe ter sido cúmplice, intensa, apaixonada e forte. O choque deste reencontro fá-los ficar com tanto por dizer e o espectador ao assistir às suas memórias percebe que esta relação não terminou apesar de tão pouco ir ser retomada neste instante. Sentimos a sua presença e o seu calor bem como ao turbilhão de sentimentos que aquelas duas vozes ainda (nos) transmitem e que parecem querer ser novamente cúmplices.
Se esta pequena mas intensa descrição que aqui vos deixo não chega vou então deixar mais dois pequenos grandes elementos que definem o poder desta curta-metragem. O primeiro é que não assistimos ao reencontro destes dois ex-amantes. Apenas lhes escutamos a voz enquanto assistimos a um conjunto de imagens do seu passado. O "agora" é algo que nos fica vedado, distante e afastado. Não nos pertence... pertence-lhes. No entanto, tudo aquilo que os dois têm por dizer um ao outro é transmitido ao espectador pela mera força e calor que as suas palavras carregadas de sentimento ainda possuem.
Finalmente, e talvez o mais importante depois deste breve relato, é que tudo isto chega ao espectador através de uns meros trinta segundos. Sim... segundos. Neste tão parco período de tempo o espectador sente um turbilhão de emoções que nos fazem esperar e desejar por mais confirmando não só o talento da interpretação física (das imagens) e oral que os dois actores transmitem, assim como o enorme potencial artístico e criativo que Villarroya tem confirmando ser um dos nomes fortes da filmografia espanhola do presente e para o futuro.
Segurante Estranys é um dos filmes curtos mais fortes e intensos deste ano que ainda há tão pouco tempo começou e ao qual não dou a nota máxima por me ter deixado com vontade de me embrenhar mais nesta história tão dinâmica e apaixonante.
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9 / 10
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