quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Queen and Country (2014)

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Pela Raínha de John Boorman é uma das longas-metragens em competição nesta edição do Lisbon & Estoril Film Festival a decorrer no Centro de Congressos do Estoril e no Cinema São Jorge até ao próximo dia 16 de Novembro.
Depois de um conjunto de anos a recuperar dos tormentos da Segunda Guerra Mundial, Inglaterra vê-se novamente envolvida num novo conflito, desta vez na Coreia. Bill (Callum Turner) e Percy (Caleb Landry Jones) travam amizade no difícil e isolado campo de treinos em que se encontram e partilham os amores e desamores pelos seus superiores que parecem concentrados em lhes dificultar a vida.
Mas é na difícil realidade da aproximação da guerra que a sua amizade será realmente colocada à prova, no mesmo instante em que Bill conhece a bela e enigmática Ophelia (Tamsin Egerton) e que Elizabeth II se torna a Raínha de Inglaterra.
Ainda que um filme centrado num período bem conturbado da História moderna e de conseguir captar uma certa irreverência que está sempre inerente a este tipo de filme de "caserna" que o torna assumidamente bem disposto apesar da imensa tragédia que está por detrás das suas diversas personagens, Queen and Country perde-se na empatia que tenta criar não só entre as suas personagens como principalmente na identificação e proximidade que estas deveriam ter com o seu público.
A dinâmica e potencial existentes por detrás desta história são, ou deveriam ser, os suficientes para estarmos perante um daqueles filmes de época em que as realidades ou tragédias pessoais estariam acima do conflito que serve de pano de fundo para as mesmas. No entanto, não só é uma verdade que o conflito em si se assume como uma mera tela que constextualiza a relação das personagens como estas não se desenvolvem o suficiente para considerarmos que elas sim são, afinal, aquilo em que o espectador se deveria concentrar.
No fundo, e para que Queen and Country faça total sentido na aparente - apenas e só - dispersão, é considerá-lo como a segunda parte da obra de 1987, Hope and Glory onde a mesma família vivia as amarguras da já referida Segunda Guerra Mundial e que aqui mais não são do que exactamente os mesmos, anos depois e com um novo conflito a ensombrar as suas vidas. Aqui encontramos a família Rohan mais velha e o jovem Bill como centro desta novo conflito como uma das suas principais personagens. Esqueçamos os anos que separam 1945 de 1952 e as potenciais mudanças que esta família sentiu, ainda que algumas delas vivam nas entrelinhas e sejam brevemente referenciadas e concentremo-nos sim no seu crescimento e na forma como as guerras realmente mudam as pessoas tornando-as mais indiferentes aos pequenos grandes dramas da vida e tentando aproveitar aqueles outros momentos que podem fazer valer um pouco mais essa mesma vida.
No final Queen and Country é a justa homenagem aos "Rohan" tal como os deixámos em 1945 mas, ao mesmo tempo, a porta de entrada para uma nova sequela - não sabemos quando - que talvez nos permita explorar as agora consequências da Coreia num período aparentemente mais calmo. Terão eles encontrado alguma redenção? Serão as suas vidas mais tranquilas? Ou aquela eterna pergunta... terão eles próprios encontrado algum tipo de redenção ou expiação com as escolhas - e rumos - que tomaram ou aos quais foram obrigados.
Com algum humor à mistura, ainda que normalmente mais corrosivo do que necessariamente feito a pensar em divertir alguém, Queen and Country centra toda a sua atenção nos vazios que ficam nas personagens que os povoam. Assistimos ao que poderia ter sido, ao que aconteceria, ao que poderia ser, às hipóteses, aos sonhos, aos desejos que não se podem cumprir e principalmente na solidão que se percebe que todos sentem mas que na prática nunca a vão confrontar. Não será aquele filme que ficará no coração, principalmente se não visto imediatamente após a Hope and Glory, mas confirma-se como o segundo acto de uma história que ainda assim fica por contar.
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7 / 10
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