domingo, 2 de novembro de 2014

La Liceale al Mare con l'Amica di Papà (1980)

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João Broncas e a Liceal de Marino Girolami (Itália) é uma das muitas comédia populares transalpinas aqui co-protagonizada por Alvaro Vitali que dominou o género durante as décadas de '70 e '80.
Massimo (Renzo Montagnani) leva a família de férias para a casa de praia. No entanto, e para que a distância não impeça a sua relação extra-conjugal, Massimo chama Laura (Cinzia de Ponti) para ser a tutora da sua jovem filha Sonia (Sabrina Siani) e poder, dessa forma, "aproveitar" o seu Verão. Mas, nem tudo corre como previsto...
Estridente, berrante e normalmente hilariante, a comédia popular italiana tão divulgada no final da década de '70 e início da de '80 encontrou um seu perfeito embaixador na pessoa do actor Alvaro Vitali vulgarmente conhecido pelas nossas paragens como "João Broncas". Protagonista ou não destas longas-metragens, Vitali é o rosto visível de um género popular - e que o popularizou -, transformando as histórias de comédia em que entrava em verdadeiros hinos do (hoje) chamado nonsense e do sexualmente incorrecto transformando homens em verdadeiros animais cegos pelos prazeres da carne e mulheres em meros objectos de um desejo animalesco descontrolado vítimas - ou não - desse instinto básico cujo único e último propósito mais não é do que a satisfação de um prazer primário.
Tendo como ponto de partida esta imagem introdutória, La Liceale al Mare con l'Amica di Papà é um completo descarrilar de momentos em que as suas personagens tudo fazem para satisfazer esse desejo proibido - na medida em que muitas assumem relações amorosas potencialmente estáveis - mas, ao mesmo tempo, esconder dos olhares públicos que o praticaram nessa tal ilegitimidade sentimental que os velhos valores de uma Itália católica não permitem.
Assim, o que poderemos encontrar nesta longa-metragem? Primeiro La Liceale al Mare con l'Amica di Papà apresenta a típica família de classe médio de Roma - ou de qualquer outra grande metrópole italiana - com os valores tradicionais de uma família de bem e de respeito que, no entanto, parece necessitar recorrer aos seus aposentos estivais para "recarregar as baterias" para uma nova temporada. É neste contexto, longe dos olhares pouco discretos de uma vizinhança socialmente controladora, que as nossas personagens vivem - no anonimato que lhes é proporcionado - os seus devaneios sexuais (pouco sentimentais) longe de qualquer reprimenda ou peso na consciência... afinal, às claras mais não fazem do que aquilo que sempre fizeram... trair. Trair esses valores morais de uma Itália Democrata-Cristã dominada pelo catolicismo do Vaticano, ignorando ou até mesmo desprezando qualquer lei moral que a sociedade lhes impõe, praticando o adultério como se o mundo estivesse prestes a terminar. A família pouco importa - para lá da óbvia e necessária procriação da espécie -, os valores são inexistentes e o sexo é a palavra de ordem de cada dia... e se o eterno embaixador Vitali não tem aqui um desempenho protagonista, não deixa de ser verdade que esta longa-metragem encontra inúmeros intervenientes dispostos a ocupar o seu posto... ainda que por momentos.
Em segundo lugar, La Liceale al Mare con l'Amica di Papà contém o tal humor "bairrista" que tanto caracteriza o género mas, no entanto, é a não inclusão de Vitali no centro enquanto protagonista que parece deixar toda a longa-metragem sempre num ponto-morto onde todas as frentes parecem disponíveis mas, ao mesmo tempo, suficientemente bloqueadas para nunca se assumirem como prontas, e a todo o gás, para desbravarem caminho e recorrer a esse tal correcto "politicamente incorrecto" que desmistifica não só a família católica tradicional, a própria Igreja, os valores dessa ida Itália dos '80 mas sobretudo qualquer noção pré-concebida do "correcto" e do "incorrecto".
Em terceiro, e finalmente em "último lugar", a longa-metragem de Marino Girolami com argumento de Gino Capone celebra (na prática) a capacidade de entregar algumas linhas mestras sobre o que é desejado dos seus actores mas conseguindo aparentar a total ausência de um argumento coerente onde se desenvolvem a personalidade e o carácter das personagens que aqui são levadas numa única rota... a da total colisão com essa moral exigida da época. Num mundo imaginado criado por esta história... não existem nem fronteiras, nem limites e muito menos obstáculos para que o sexo não domine as motivações ou intenções de cada um... por mais ingénuas que aparentem ser.
Simpático, pela memória que desperta naqueles que perdiam tardes inteiras nos cinemas de bairro na ida década de '80, La Liceale al Mare con l'Amica di Papà não se assume como um dos títulos mais dinâmicos, intensos ou mordazes do género conseguindo - ainda assim - recuperar algum "momento" mais "travesso" - típico de Vitali - e fazer o espectador mais sisudo (com "manda a lei") esboçar uns quantos sorrisos.
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4 / 10
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