Malapata de Diogo Morgado é uma longa-metragem portuguesa recentemente estreada e que marca a estreia do actor enquanto realizador.
Artur (Marco Horácio) e Carlos (Rui Unas) são dois colegas de trabalho que se lamentam sobre a vida. Numa saída a um bar recebem de um desconhecido um boletim premiado num concurso. Mas, é quando pensam que as suas vidas vão finalmente mudar para melhor que todos os entraves chegam ao seu caminho.
O cinema português é, por estas paragens, sempre alvo de atenção redobrada na medida em que sinto uma sempre crescente vontade de ver e conhecer aquilo que os nossos profissionais fazem nesta arte. Se a este factor se adicionar a constante e também crescente qualidade apresentada pelo nosso cinema ao longo dos tempos, e saber que um filme português tem estreia comercial em anos tão complicados como aqueles que se têm vivido é não só uma proeza como um imperativo que o mesmo se dê a conhecer. Mas, dito isto, as boas intenções do espectador terminam por aqui à medida que Malapata ganha a sua própria estranha forma de vida.
Com um argumento escrito pelo próprio Diogo Morgado - que aqui também desempenha uma personagem secundária - e por Pedro Morgado, Malapata centra toda a sua "dinâmica" nas breves e sempre esperadas desventuras dos dois protagonistas a cargo de Horácio e Unas que, à semelhança de tantos bonecos já caricaturados pelos próprios nas ruas rábulas de stand-up, vivem de momentos esporádicos de uma pretensa comédia e mesmo de lugares comuns já vividos e experimentados pelo espectador em tantos e tantos filmes norte-americanos que chegam sucessivamente às salas de cinema. Novidade?! Aparentemente nenhuma.
Do infeliz "Artur" inadaptado e pouco preparado para aventuras amorosas interpretado por Marco Horácio ao boémio e pouco preocupado "Carlos" de Unas, Malapata vai sobrevivendo à custa das circunstâncias de momento criadas pelos próprios - tão banal é o argumento deste filme - que coloca os protagonistas numa espiral de pouca sorte que se espera ser motivo suficiente para salvar um enredo que já foi entendido como falhado desde os instantes iniciais do mesmo. Curioso ou não, são os secundários (ou participações especiais) que acabam por dar alguma cor a esta história - infelizmente não a suficiente - e criar momentos de algum humor "sensível e bom" com os quais o espectador simpatiza mas que, na prática, não chegam ou não duram o suficiente para conseguirem conferir algum "sabor" a uma história banal, pouco apimentada e com uma fácil e segura entrada na categoria daqueles filmes que não iremos recordar. Do "Rebocador" de Manuel Marques à participação especial de uma "Mafiosa" a cargo de Ana Malhoa - uma agradável surpresa dentro do marasmo que é Malapata, mais não fosse por parodiar-se alegremente e ao início do seu percurso musical -, esta longa-metragem prolonga-se por oitenta longos e extenuantes minutos que nada trazem de novo ou de referência ao panorama cinematográfico nacional, ou mesmo, bem pelo contrário, marca por ser aquilo que se espera não ser feito no mesmo.
Malapata é portanto uma réplica das "friendmedy" norte-americanas nas quais tudo acontece de menos bom aos seus protagonistas mas que, de forma quase irónica, culminam com a sua redenção dentro das perspectivas mais ou menos esperadas dos mesmos, do género e do próprio espectador que, apenas desatento, conseguirá retirar algum momento de entretenimento cinematográfico desta história. História essa que cedo se torna banal, desinteressante e até mesmo aborrecida e algo pretenciosa quando já dentro dos instantes finais temos, afinal, a banalização de todo um trabalho por parte dos agora actores que de forma "cómica" ridicularizam as personagens que acabaram de interpretar. Se se esperava que esta desconstrução do momento e das interpretações pudessem render algum humor àquilo que havia sido visto... então a mesma funciona como o momento mais "baixo" de uma história que, afinal, serve de humor para quem a interpretou. De pretensos momentos cómicos com fezes à ridicularização do novo-riquismo, Malapata perde-se pelos caminhos de uma comédia com pouco (se é que algo) para contar cuja única pretensão foi (é?!) um esperado êxito de bilheteira que (penso) não irá chegar.
De um início a um final vago, Malapata espera fazer brilhar um conjunto de actores que sabemos sentirem-se bem na comédia mas que aqui não conseguem sequer fazer esboçar um mínimo sorriso de simpatia ou satisfação, nem tão pouco deixa o seu realizador com a marca de uma estreia por detrás das câmaras bem sucedida. Será caso para dizer muito sinceramente... disto... menos, muito menos Diogo Morgado.
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Considero o seu comentário como sendo permeado por pretensiosismo pseudo intelectual tipo anos 70. A forma como escreve, torna óbvio ao leitor, que o seu objectivo é simplesmente chamar a atenção aos conhecimentos que alega ter sobre cinema, Um crítico sério.... enfim - MALAPATA é uma excelente comédia, um filme para toda a família - Moro no estrangeiro (mesmo muito longe) e fui a Portugal só para ver MALAPATA, e recomendo!! LOL!! A si, no entanto, talvez umas férias para espairar e recuperar o positivismo, a leveza de espírito e talvez um curso ou dois que o ajudem a saber criticar cada "genre" de filme pelos próprios standarts e comparar apropriadamente - Recomendo começar a dar o valor devido aos que fazem acontecer - ou calar se. Afinal, comentei porque o artigo foi publicado mas a si ninguém lhe pediu uma opinião. Mas gostava de deixar aqui um pedido - por favor escreva artigos sobre aquilo que voce faz - o seus filmes - ou QUALQUER outra iniciativa sua - artística ou de caracter creativo, algo que o sr, tenha criado e posto em acção. Porque doutra forma para mim críticos alimentam a família com o dinheiro tirado das mãos que mordem :):)Cheers pelo trabalho construtivos dos fazem coisas acontecerem nessa terra LOL!! NOT very nice :)
ResponderEliminarCaro "Anónimo"
ResponderEliminarDesde já grato pela sua visita a este espaço e, pelo que percebo, pela sua continuada visita uma vez que aparenta conhecer "tão bem" o meu trabalho.
No entanto, algumas observações:
1)"Pretensiosismo pseudo intelectual anos 70"... chega uma década antecipado... uma vez que sou dos 80 (ei... é humor... que você tanto diz apreciar)
2) "Conhecimentos que alega ter..."... eu não alego nada... tenho os meus conhecimentos como você terá (supostamente) sobre outros tantos temas. Esperemos (espero) que todos nós tenhamos conhecimento sobre algo.. caso contrário, o mundo da ignorância é muito frio, solitário e empobrecido.
3) "um crítico sério..."... eu até sou uma pessoa muito bem disposta... (mais uma vez... humor)
4) Veio de longe para ver o Malapata e recomenda... ora óptimo... vê... a opinião de cada um vale o que vale... uns gostam... outros não... não é bom vivermos em democracia onde todos possamos divulgar a nossa opinião? E não faz de uns mais sérios do que outros... que bom!
5) Tirar uns cursos... hmmm... sim... voltamos à questão da formação... que faz sempre falta... mas essa crítica já poderia ter sido ultrapassada que tantas vezes repetida começa a deixar de ter graça. Até na crítica temos de ser originais... e essa... já não é!
6) Quanto às férias concordo em absoluto... Talvez vá ao país em que o "anónimo" se encontra e passe lá uma boa temporada.
7) Dar valor ou calar-me? Porque motivo?! Falar é bom... e, uma vez mais, em democracia e em liberdade podemos falar... tendo ou não razão... Ora tenho eu... ora tem o anónimo... a liberdade a isso nos permite. E acrescento... a si também ninguém lhe pediu uma opinião. Da mesma forma que você nota que apenas comentou porque eu publiquei... e que a mim ninguém pediu opinião... não é coerente.
Ora... um filme foi exibido... eu comentei... o meu comentário foi publicado... você comentou... Compreende o paralelismo certo?!
8) "Os críticos alimentam a família com dinheiro tirado das mãos que mordem"... você tem, assumidamente, veia para a comédia... Diga-me que crítico independente tira dinheiro seja a quem fôr... é porque quero ir a esse mesmo lugar e começar a alimentar toda a minha família dessa forma. Pegando nas suas palavras, critique ou comente aquilo que conhece... pois de facto nesta matéria... está deveras enganado! Mas viver e aprender... se estiver disposto a informar-se faça-o... vai ficar maravilhado com os rios de dinheiro que os críticos independentes ganham!
9) Finalmente... e como diz ser apreciador de bom humor... Remeto-o para a passada década de 90 quando o nosso estimado Herman José criou a personagem Rute Remédios... A mesma tinha uma tirada genial que agora passo-lhe a citar:
"As opiniões são como as vaginas... cada uma tem a sua que dá QUANDO QUER".
Felicidades e volte sempre.