Insidious: A Última Chave de Adam Robitel (Canadá/EUA) é o último título da saga iniciada em 2010 por James Wan dando aqui protagonismo a Elise Rainier (Lin Shaye) uma das secundárias da saga.
Elise tem vários pesadelos sobre a sua infância no Novo México e da sua relação com a família numa altura em que os seus dotes de comunicação com o "outro lado" não eram compreendidos por Gerald (Josh Stewart), o seu pai. É neste presente imediato que Elise recebe uma chamada de Ted Garza (Kirk Acevedo) que reside na sua antiga casa e, também ele, revela a existência de uma presença que o intimida. De regresso ao passado que abandonara, Elise tem agora de enfrentar tudo aquilo que deixou para trás... até receber um novo telefonema.
Depois das entregas de 2013 e 2015, fica claro que a saga Insidious está (talvez) para terminar. Não só pela clara referência final que leva o espectador a regressar ao local onde tudo começou como principalmente pela óbvia simbologia que parece pairar no ar neste Insidious: The Last Key... Com esta longa-metragem regressamos à terra natal da protagonista... Five Keys... o próximo capítulo - o quinto - chega com a apresentação das personagens interpretadas por Patrick Wilson e Rose Byrne e, portanto, o ciclo parece estar a encerrar com a chegada ainda não anunciada dessa longa-metragem. Mas, até lá, estamos com a "Elise" de Lin Shaye e a sua viagem à terra que a viu nascer onde poderá finalmente enfrentar os seus próprios demónios.
Insidious: The Last Key fecha um próprio capítulo que o espectador desejava - de certa forma - ter na medida em que apresenta a perspectiva e a história de uma actriz que tem sido constante na história. Lin Shaye dá corpo a uma cada vez mais atormentada "Elise" com imagens de um passado que não foi devidamente encerrado. "Elise" vive atormentada com a certeza de ter liberto um mal que a sua inocência não soube identificar - mais um exuberante registo de Javier Botet cada vez mais ligado ao género em questão -, e sentir uma firme necessidade de encerrar definitivamente uma história que a tem condicionado durante toda a sua vida. É esta dinâmica que invade a mente do espectador e o deixa curioso sobre o que está para lá de uma sempre presente porta vermelha que atormenta os seus pesadelos. Qual o mal que espera no silêncio e espreita pelas sombras? Quem condicionou à sua volta? Quem conseguiu dominar? Quem dele se escapou?
A curiosidade desta história fica, no entanto, com estas perguntas que... respondida uma... respondidas todas, deixando no ar pouco mais por responder. O mal vive, essencialmente, naqueles pequenos lugares sombrios da mente de cada um, desenvolvendo-se como um nocivo fungo para a saúde mental dos mais fragilizados e, dessa forma, ganhando terreno nos seus involuntários hospedeiros que correspondem às suas vontades como meras marionetas. O mal apenas vive porque encontra quem dele tem medo.
Assim, Insidious: The Last Key não é necessariamente uma daquelas longas-metragens intermédias que o espectador necessitava urgentemente ter para poder justificar qualquer fio condutor mais solto das entregas anteriores mas sim uma história que se dedica exclusivamente a uma das suas protagonistas que tendo ajudado tantas vítimas indefesas se esqueceu, durante décadas, de responder às suas próprias necessidades e "fungos" escondidos que nunca fora capaz de resolver. Incerta sobre o seu passado, não só as suas convicções como a força de combater o mal poderiam ter sido comprometidas deixando a uma qualquer fé a capacidade de libertar do mesmo aqueles que a ela recorriam.
Dito isto, Insidious: The Last Key começa a fragilizar-se pela necessidade quase insustentável de justificar as diversas linhas narrativas que as entregas anteriores foram fazendo notar, não deixando margem de manobra para a incerteza, para o acaso ou mesmo para os pequenos detalhes que a própria vida não consegue explicar... porque se seguiu pela esquerda quando tudo indicava ser pela direita? Nunca o saberemos. Mas esta fragilidade não se deve apenas a esta necessidade de tudo explicar mas também pelos pequenos apontamentos cómicos que surgem de alguns dos seus actores nomeadamente dos "sidekicks" de "Elise" que se transformam em meras paródias e aos quais todos nós nos habituámos de ver em inúmeras histórias do género e que, em boa medida, levam à descrença das ditas "ciências ocultas" quando e se elas tiverem alguma veracidade e isto já para não falar no último momento "à la emplastro" que o realizador achou necessário inserir no último instante desta longa-metragem.
No final, o que temos de positivo? Para começar, os instantes iniciais que são, eventualmente, os únicos capazes de manter algum dinamismo de terror/suspense em todo o filme, bem como a reconstituição artística de época deste segmento e, finalmente, a própria presença do actor espanhol como "KeyFace", a encarnação do mal não na Terra... mas nas mentes fragilizadas daqueles que escolhe como as suas vítimas. Ainda que Botet se repita na encarnação de uma personagem que parece ser uma réplica da "Menina de Medeiros" da saga [REC], de Jaume Balagueró e Paco Plaza, não deixa de ser um intenso prazer ver uma personagem do género de terror que consegue, de facto, amedrontar o espectador. Fora isto, encontramos aqui algo que já não tenhamos visto em inúmeras outras obras do género?! Não, nem por isso... o espectador desloca-se a estas histórias pela curiosidade e habituação ao género que o obriga ou impele a esperar sempre algo mais... ainda que essa necessidade não seja sempre correspondida da melhor forma.
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