Caçadores da Noite de Zé Luís Rebel é uma curta-metragem de ficção que nos tenta confundir, e levantar a dúvida, sobre a próxima relação existente entre o mundo real e o mundo dos sonhos. Até onde é que um se distingue do outro e em que medida aquilo que sonhamos pode ser, ou não, um reflexo do passado ou um olhar sobre o futuro.
Enquanto uma rapariga fala com o seu psicólogo sobre os seus mais recentes e frequente pesadelos, assistimos a uma reconstituição que nos transporta para os mesmos dando-nos uma clara ideia sobre aquele que é o seu sufoco nocturno diário.
Num relato que se confunde facilmente com a realidade, tornando por vezes difícil perceber se se trata apenas de um sonho ou se realmente algo mais se passa com aquela rapariga (notemos no detalhe da chávena de chá tanto de uma estranha e muito suspeita estalajadeira como do psicólogo serem exactamente as mesmas), percebemos que o medo e o pânico se instalaram facilmente na sua vida, mais não fosse pelo facto dos seus eternos perseguidores procurarem algo que é uma trágica realidade como é o caso do tráfico de orgãos.
Além do seu interessante argumento que nos coloca num constante estado de suspense à espera de ver e perceber qual é de facto a "realidade" que atormenta aquela rapariga, e de uma bem executada trabalho de fotografia que nos priva de muita cor e luz tornando assim o meio envolvente tão frio como o ambiente atmosférico, algo que torna esta curta-metragem diferente é o facto de ser interpretada em linguagem gestual, abdicando assim da necessidade de ser sonorizada. Ao sermos confrontados com uma história onde estamos obrigatoriamente privados de um dos nossos sentidos, percebemos o quão difícil será poder identificar correctamente de que parte nos chega o perigo. Ele pode estar imediatamente atrás de nós que... nem damos por ele.
Interessante, tensa e que nos coloca num constante estado de incerteza esta é uma curta-metragem a não perder.
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7 / 10
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Oh Paulo Peralta... Muito obrigado pela crítica! Não tinha visto a tua crítica sobre a minha curta, só hoje fui encontrar ali na lista, é que reparei.. Obrigado! Eu bem podia fazer melhor se tivesse mais tempo, lá as coisas eram difíceis... saudades daqueles meses lá... é para recordar com um pedaço de filme como este e de como eu tinha uma oportunidade para realizar um nas florestas frias austríacas. Neste momento, estou em produção do documentário "The Sign Name - O Nome Gestual" e na outra gaveta, está, talvez, para sair uma curta-metragem... Mais uma vez, obrigado. Um abraço
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