Contágio de Steven Soderbergh é um intenso thriller que equaciona a possibilidade de uma pandemia a nível global da qual não existe qualquer conhecimento e para a qual não existe qualquer vacina ou cura.
Depois de uma visita a Hong Kong onde é infectada com este novo vírus, Beth (Gwyneth Paltrow) regressa aos Estados Unidos onde revela sérios sintomas da doença. Depois dos primeiros sinais que a levam a uma morte prematura, um pouco por todo o mundo começam a fazer-se sentir os mesmos efeitos deste vírus que em poucas horas não só infecta como leva à morte os seus portadores.
Quando por dia tocamos em todo o tipo de objectos que milhares de outras pessoas já tocaram e quando levamos as mãos à cara centenas de vezes ao dia, ninguém está imune ao contágio de um vírus fatal. É então que um grupo de médicos onde se destacam Ellis Cheever (Laurence Fishburne), Leonora Orantes (Marion Cotillard) e Erin Mears (Kate Winslet), percorrem o mundo em busca não só do início deste contágio como de uma vacina que o possa curar e impedir o aumento exponencial de mortes que se registam por todo o lado.
Com um elenco multi-nomeado e premiado em várias edições dos Oscars, não é aqui que este filme se destaca. Todos os actores formam um sólido elenco onde além de não estarem presentes no ecrã ao mesmo tempo, ninguém se atropela dividindo o protagonismo em iguais "doses". Este filme destaca-se sim, e muito bem, pelo seu argumento que pressupõe algo que é bem mais possível de acontecer do que aquilo que nós queremos pensar. A difusão de um vírus a nível global que apesar de ter o seu início numa parte muito específica do globo pode, em poucas horas, estar em diversos países pelos cinco continentes espalhando assim não só o risco de contágio como o de sofrer mutações que podem propagar a morte por milhares ou até mesmo milhões.
Como li algures na altura que este filme estreou, se alguém ao ver este filme fica indiferente ao ouvir alguém a tossir ou a espirrar, então é porque não percebe realmente os reais perigos que uma pandemia pode originar. E isto sim, é francamente assustador. Como a personagem interpretada por Laurence Fishburne diz pelo filme "para quê preocupar-se com alguém a criar armas de destruição massiva quando os pássaros são suficientes para o fazer", referindo-se claramente à sua condição de portadores de um vírus que podem a qualquer momento espalhar numa outra parte distinta do globo terrestre.
Ainda com as interpretações de Matt Damon e Jude Law, este filme não nos provoca tanto o sentimentalismo dramático da perda dos entes queridos, mas sim o sentimento de medo por algo que aqui está ficcionado poder ser uma trágica realidade com a proliferação de tantos e tantos vírus que, felizmente, têm sido controlados à medida que têm aparecido.
Muito eficaz enquanto thriller e assustador enquando um "terror" real, bastando para isto vermos as assustadoras imagens de cidades povoadas por milhões que, de um dia para o outro se encontram desertas não devido à fuga da sua população mas sim à elevada taxa de mortalidade que um vírus desta magnitude poderia provocar.
Intenso e com uma banda-sonora de Cliff Martinez muito adequada para aumentar a tensão que o espectador sente, este filme consegue vencer pelo clima de medo que nos pode provocar quando assistimos nas notícias à emergência de uma nova estirpe de vírus que ninguém conhece ou sabe de onde veio.
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"Dr. Ellis Cheever: Someone doesn't have to weaponize the bird flu.The birds are doing that."
.8 / 10
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