O Coleccionador de Olhos de Gregory Dark é uma longa-metragem norte-americana que relata os acontecimentos posteriores à fuga de Kane (Glenn Jacobs), um enigmático assassino que retirava os olhos às suas vítimas, aquando da sua descoberta por dois polícias de giro.
Quatro anos depois, Williams (Steven Vidler) o polícia sobrevivente do ataque de Kane, é agora guarda de jovens delinquentes a cargo do Estado e envolvido num programa de inserção dos mesmos na sociedade. Ao tentar recuperar o Hotel Blackwell, Williams e o grupo de jovens têm uma improvável e inesperada surpresa.
O argumento de Dan Madigan, por muito bem intencionado que seja, cai nos habituais lugares comuns que em nada beneficiam o género ou tão pouco o filme em questão. Iniciando a sua narrativa na vulgar vontade de chocar pelas imagens gore que se tentam recriar, See No Evil acaba por explorar um segmento que, na prática, morre mesmo antes de começar. Estes instantes iniciais, meramente exploratórios de uma introdução vulgar e pouco explorada, dão lugar imediato a uma história de marginalidade e rebeldia retratada através do grupo de jovens que vão (agora) recuperar um espaço que se destina - lugar comum a caminho - alojar os sem abrigo e, dessa forma, evitar que caiam numa vida e espiral de miséria maior do que aquela em que já se encontram.
O Hotel Blackwell, propriedade de uma estranha mulher que rapidamente associamos a uma qualquer fundamentalista e reprimida religiosa, torna-se assim o local de residência temporária destes jovens que - boas intenções à parte - o vão forçosamente recuperar. Imponente, degradado e com toda uma mitologia que lhe é associada e que contribui para o misticismo e secretismo do local, este Hotel alberga algum residente que persiste na sua vontade de continuar uma chacina escondida.
A apresentação de todas as personagens decorre a um ritmo frenético e pouco isento das habituais noções sobre a marginalidade e de como esta é um "prato" para um cruel e impiedoso assassino que espera moral e bons costumes daqueles que o rodeiam. Torturas físicas e psicológicas à parte, à medida que a razia a este hotel toma lugar, conhecemos também um passado de "Kane" que para lá de um impiedoso assassino é, também ele, a vítima de uma história cruel e ultra-conservadora às mãos de um inesperado vilão revestido de uma capa de cordeiro. Os jovens, as vítimas de uma noite sem limites para a crueldade, são o fruto de uma vivência desinteressada e marginal e, para o espectador, meros joguetes de uma história para a qual apenas servem enquanto "tapa buracos".
Com um conjunto de personagens desinteressantes, francamente ocas e essencialmente figurativas para todo o "bom" funcionamento de uma história que se queria de suspense e obviamente intensa, See No Evil acaba por mais não ser do que um daqueles filmes de altas horas da madrugada que tenta manter o espectador acordado mas que, na prática, muito dificilmente - ou raramente - o consegue. Com alguns momentos em que o espectador mais deseja que todo o hotel pegue fogo levando todos aqueles "vultos" consigo, See No Evil é banal, pouco intenso (ou interessante) e apenas o veículo para dar continuidade a uma história que se perpetuará por muitas sequelas... mesmo que o assassino morra pelo meio... afinal, todos já sabemos que o mal nunca "morre" de facto, e o único momento mais "positivo" desta história é apenas o décor per si que consegue, por momentos, manter a imagem de um espaço abandonado no tempo... mesmo que alguns dos seus espaços "proibidos" tenham luz acesa e pareçam ter deixado de ter clientela no dia anterior.
Não consegue ser assustador, nem tão pouco dinâmico ou até mesmo intenso e, sem a verdadeira imagem de um vilão que o seja de facto, See No Evil passa por mais um daqueles filmes "de género" que, na prática pouco seduz ou se mantém na memória do espectador mas, no entanto, capaz de entreter durante a brevidade temporal em que decorre.
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3 / 10
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