Compañeiros de Fernando Tato (Espanha) centra-nos no reencontro de dois colegas de escola depois de trinta de anos sem se verem. Fraga (Adrián Castiñeiras) é surpreendido pela presença de Fran (Pedro Brandariz) que rapidamente se apresenta como o antigo colega de liceu. Mas, um reencontro que se esperava breve, pelo menos assim o queria Fraga, cedo se transforma num momento estranho e desconfortável do qual se quer ver livre. Mas... será que Fran o deixa seguir o seu caminho ou espera dele algo que Fraga não lhe quer dar?
O realizador Fernando Tato assina o argumento desta curta-metragem em parceria com José Prieto conferindo-lhe contornos de uma história de ódio, vingança e desdém. Compañeiros, que facilmente poderíamos traduzir enquanto "amigos" ou até mesmo "companheiros" aqui assume-se como a tal história de "colegas" de escola que anos depois se reencontram tendo um já esquecido o outro... e este último nunca ultrapassando os traumas de liceu que lhe ficaram desde os primórdios da sua adolescência. Pretende-se um reconhecimento... um pedido de desculpas que ficou por dar... a constatação de que aqueles tempos não foram fáceis e que muitos lhe conseguiram sobreviver literalmente à custa de sangue, suor e muitas lágrimas que por vezes se deixaram escapar em silêncio escondidos dos olhares públicos. E é aqui que a mente e compreensão do espectador começam a trabalhar assumindo, logo de imediato, a empatia para com uma das personagens. "Fran", o tipo que ainda se revela como o "chato" de serviço, que não se cala e pretende toda a atenção do ex-colega que mantém os mesmos traços de "popular" do liceu que o primeiro nunca havia conseguido. Mas, o porquê desta insistência anos e anos depois?! "Fran" muito rapidamente o irá revelar...
A animosidade de "Fraga" para com "Fran" manifesta-se praticamente desde o primeiro instante. Primeiro porque não se recorda de quem é aquele homem inconveniente que o aborda e não larga anos depois tendo apenas como referência a possibilidade de terem frequentado a mesma escola e partilhar com ele um conjunto de conhecimentos que o próprio "Fraga" já não se recorda na perfeição mas que pela veracidade de alguns nomes envolvidos... devem ser verdade. Mas é quando as palavras se tornam cada mais mais insistentes e até mesmo agressivas que "Fraga" pretende que o momento termine rapidamente... há mais que fazer e toda uma realidade presente que se impõe e que "Fran" parece não reconhecer como aquela que agora vivem. É ao dirigirem-se para um edifício abandonado que recordam então como a escola por onde passaram que os papéis se assumem realmente como são e que os dois homens voltam a estar perante a realidade tal como ela havia ficado há três décadas.
A história, ainda que não seja propriamente original na medida em que tantos são já os filmes que abordam a temática do bullying e da violência entre pares nas escolas e na adolescência, ganha contornos interessantes na medida em que coloca o espectador numa inicial dinâmica entre duas personagens que se assumem (para o espectador não esquecer) como algo que facilmente a nossa consciência assume como sendo a verdade e nunca perante a possibilidade de uma qualquer outra variável estar aqui em evidência... porque na realidade... não está! E se, perguntamo-nos a determinado momento, não fôr "Fraga" o agressor mas sim "Fran", o aparentemente inofensivo homem que encontra, anos depois, forma de perpetuar a perseguição à sua vítima de eleição? E se os papéis sociais que o espectador assume mais não sejam do que reflexo dos seus próprios padrões e pré-conceitos estabelecidos e que, afinal, se assumem sob outra perspectiva ou realidade? E se "Fran" fôr afinal o não tão inocente agressor que tudo planeou para que no exacto momento da sua vida voltasse para pôr um fim a tudo... e todos?! É este o principal elemento positivo desta curta-metragem... a nova perspectiva que dá a uma história que se deixa levar não pelo habitual e pelo banal mas sim pela inversão de papéis das suas personagens que transforma os renegados e os excluídos (supomos) como aqueles que afinal martirizaram os seus pares no tempo em que pensavam que dominavam o mundo.
Se passarmos deste argumento para a execução da história e do ambiente em que tudo se desenrola, estamos perante uma curta-metragem que compreendemos ser de orçamento mais reduzido e que deixou a perfeição de grande parte dos seus elementos à boa vontade com que todos os intervenientes entraram em produção contribuindo, cada um deles, com aquilo que de melhor tinha para que esta história fosse contada. Resumindo... Do trabalho de personagens expressa no argumento - com o seu twist tão esperado - ao trabalho de "palco" ficou a falta muito para que a execução da história na prática correspondesse aos alicerces que para ela haviam sido criados conferindo-lhe dessa forma uma maior credibilidade aos instrumentos, ao espaço e à narrativa que, entretanto, se perde um pouco pelo caminho e não de forma permanente porque o espectador ainda se concentra na tal nova perspectiva dada às já mencionadas personagens.
Destaque para as interpretações quase exclusivas de Brandariz e Castiñeiras que assumem o controle e o comando não só dos próprios destinos das suas personagens como sobretudo da curta-metragem Compañeiros deixando-se levar por uma comunhão que oscila entre o interesse e o desprezo que assumem mútua e silenciosamente mas que, ao mesmo tempo, não consegue suportar toda a obra que, com um orçamento mais robusto, seria certamente um filme que poderia não revolucionar o género mas lhe iria conferir muito mais coerência no tempo e no espaço em que toda a acção se desenrola.
.O realizador Fernando Tato assina o argumento desta curta-metragem em parceria com José Prieto conferindo-lhe contornos de uma história de ódio, vingança e desdém. Compañeiros, que facilmente poderíamos traduzir enquanto "amigos" ou até mesmo "companheiros" aqui assume-se como a tal história de "colegas" de escola que anos depois se reencontram tendo um já esquecido o outro... e este último nunca ultrapassando os traumas de liceu que lhe ficaram desde os primórdios da sua adolescência. Pretende-se um reconhecimento... um pedido de desculpas que ficou por dar... a constatação de que aqueles tempos não foram fáceis e que muitos lhe conseguiram sobreviver literalmente à custa de sangue, suor e muitas lágrimas que por vezes se deixaram escapar em silêncio escondidos dos olhares públicos. E é aqui que a mente e compreensão do espectador começam a trabalhar assumindo, logo de imediato, a empatia para com uma das personagens. "Fran", o tipo que ainda se revela como o "chato" de serviço, que não se cala e pretende toda a atenção do ex-colega que mantém os mesmos traços de "popular" do liceu que o primeiro nunca havia conseguido. Mas, o porquê desta insistência anos e anos depois?! "Fran" muito rapidamente o irá revelar...
A animosidade de "Fraga" para com "Fran" manifesta-se praticamente desde o primeiro instante. Primeiro porque não se recorda de quem é aquele homem inconveniente que o aborda e não larga anos depois tendo apenas como referência a possibilidade de terem frequentado a mesma escola e partilhar com ele um conjunto de conhecimentos que o próprio "Fraga" já não se recorda na perfeição mas que pela veracidade de alguns nomes envolvidos... devem ser verdade. Mas é quando as palavras se tornam cada mais mais insistentes e até mesmo agressivas que "Fraga" pretende que o momento termine rapidamente... há mais que fazer e toda uma realidade presente que se impõe e que "Fran" parece não reconhecer como aquela que agora vivem. É ao dirigirem-se para um edifício abandonado que recordam então como a escola por onde passaram que os papéis se assumem realmente como são e que os dois homens voltam a estar perante a realidade tal como ela havia ficado há três décadas.
A história, ainda que não seja propriamente original na medida em que tantos são já os filmes que abordam a temática do bullying e da violência entre pares nas escolas e na adolescência, ganha contornos interessantes na medida em que coloca o espectador numa inicial dinâmica entre duas personagens que se assumem (para o espectador não esquecer) como algo que facilmente a nossa consciência assume como sendo a verdade e nunca perante a possibilidade de uma qualquer outra variável estar aqui em evidência... porque na realidade... não está! E se, perguntamo-nos a determinado momento, não fôr "Fraga" o agressor mas sim "Fran", o aparentemente inofensivo homem que encontra, anos depois, forma de perpetuar a perseguição à sua vítima de eleição? E se os papéis sociais que o espectador assume mais não sejam do que reflexo dos seus próprios padrões e pré-conceitos estabelecidos e que, afinal, se assumem sob outra perspectiva ou realidade? E se "Fran" fôr afinal o não tão inocente agressor que tudo planeou para que no exacto momento da sua vida voltasse para pôr um fim a tudo... e todos?! É este o principal elemento positivo desta curta-metragem... a nova perspectiva que dá a uma história que se deixa levar não pelo habitual e pelo banal mas sim pela inversão de papéis das suas personagens que transforma os renegados e os excluídos (supomos) como aqueles que afinal martirizaram os seus pares no tempo em que pensavam que dominavam o mundo.
Se passarmos deste argumento para a execução da história e do ambiente em que tudo se desenrola, estamos perante uma curta-metragem que compreendemos ser de orçamento mais reduzido e que deixou a perfeição de grande parte dos seus elementos à boa vontade com que todos os intervenientes entraram em produção contribuindo, cada um deles, com aquilo que de melhor tinha para que esta história fosse contada. Resumindo... Do trabalho de personagens expressa no argumento - com o seu twist tão esperado - ao trabalho de "palco" ficou a falta muito para que a execução da história na prática correspondesse aos alicerces que para ela haviam sido criados conferindo-lhe dessa forma uma maior credibilidade aos instrumentos, ao espaço e à narrativa que, entretanto, se perde um pouco pelo caminho e não de forma permanente porque o espectador ainda se concentra na tal nova perspectiva dada às já mencionadas personagens.
Destaque para as interpretações quase exclusivas de Brandariz e Castiñeiras que assumem o controle e o comando não só dos próprios destinos das suas personagens como sobretudo da curta-metragem Compañeiros deixando-se levar por uma comunhão que oscila entre o interesse e o desprezo que assumem mútua e silenciosamente mas que, ao mesmo tempo, não consegue suportar toda a obra que, com um orçamento mais robusto, seria certamente um filme que poderia não revolucionar o género mas lhe iria conferir muito mais coerência no tempo e no espaço em que toda a acção se desenrola.
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