A Vida é um Romance de Alain Resnais tem aquilo que se pode chamar de elenco de luxo onde se destacam, por exemplo, as figuras de Vittorio Gassman, Geraldine Chaplin, Fanny Ardant, Pierre Arditi, Sabine Azéma e André Dussollier numa história que se divide em três distintos actos.
O primeiro transporta-nos para o período pré e pós-Primeira Guerra Mundial onde o Conde Michel Forbek (Ruggero Raimondi) pretende construir um castelo no meio da floresta onde uma nova sociedade baseada apenas na paz e no amor irá florescer.
O segundo acto deste filme transporta-nos para o mesmo castelo mas na actualidade (à altura da realização do filme) que agora é uma escola na qual irá decorrer uma conferência muito moderna sobre os inovadores métodos de ensino onde se destacam os professores Walter Guarini (Gassman), Nora Winkle (Chaplin) e Élisabeth Rousseau (Azéma).
Finalmente o terceiro e último acto decorre ao mesmo tempo que a conferência toma lugar na escola/castelo e é encetada por alguns dos seus alunos que imaginam uma história medieval de príncipes e princesas e libertação de prisioneiros das masmorras.
Sendo um admirador confesso desse grande actor que é (ou foi...) Vittorio Gassman, a minha curiosidade por este filme que coloca o seu nome em destaque era assumidamente imensa. Queria rever este actor num filme onde desempenhava uma interpretação protagonista e, pensava eu, admirar a classe com que o faz(ia). No entanto, as intenções por muito boas que sejam acabaram por não corresponder em nada à realidade daquilo a que aqui assisti.
Por muito respeito que tenha para com o trabalho dos mais variados realizadores independentemente de ser ou não de meu agrado, esta obra de Alain Resnais por boas intenções que também ela tenha, traduz-se num perfeito e quase absoluto disparate.
É inevitável não fazer a devida referência às intenções sobre uma nova sociedade onde a paz e o amor reinassem bem como aos claros sinais de uma nova educação que facultasse às seus alunos novos desafios e novas fronteiras (ou a inexistência delas) mas ao contrário do que o título do filme indica a vida não é de facto um romance e as realidades são realmente outras.
A realidade é que este filme com tanta vontade de estabelecer várias histórias que de uma ou outra forma se deveriam interligar, acaba por ter duas histórias que se desenrolam em períodos distintos e nenhuma delas acaba por ser devidamente explorada ou sequer ter o interesse que poderia ter. Deambulamos assim entre os anos decorridos entre 1914 e 1918 e por outro lado estamos novamente no início dos anos 80 sem haver grande lógica ou ligação entre os acontecimentos que se iam sucedendo à excepção claro está, de se desenrolarem ambos no mesmo espaço físico.
Como se esta descoordenação não bastasse, o que é certo é que muitos dos momentos que se esperam mais sérios são tratados musicalmente onde os actores, ou por não estarem preparados ou simplesmente por não terem dotes vocais, embarcam numa cantoria sem fim e sem qualquer sentido ou graciosidade.
Este filme foi uma perfeita desilusão quer pelo seu argumento que esperava ser muito melhor, quer principalmente pelo conjunto de actores de quem esperava desempenhos muito superiores, ou pelo menos iguais àqueles a que nos (me) habituaram.
Perfeitamente dispensável, este filme torna-se absolutamente insuportável ao final de meia hora decorrida da sua história.
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