quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Zodiac (2007)

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Zodiac de David Fincher, realizador de quem assumo desde já ser admirador, foi um filme que só muito recentemente vi. Desencontrado do filme no circuito de aluguer foi só há bem pouco tempo que o consegui ver à venda e imediatamente comprei. Tardou mas chegou a altura de o conseguir finalmente apreciar.
A história baseada em factos reais conta-nos os acontecimentos que se iniciaram no final da década de 60 e que percorreram os anos já até ao início do século XXI que davam conta da actividade do assassino Zodiac que depois de cometer os crimes enviava longas e detalhadas cartas para os jornais a relatar os factos.
Longe de ser apenas uma história sobre um assassino, é também a história das vidas daqueles que acompanharam de perto tda a investigação sobre a misteriosa identidade deste homem que conseguiu durante todo este perído ludibriar as investigações que foram feitas sobre o caso e especialmente sobre si.
Conhecemos Paul Avery (Robert Downey Jr.), o principal reporter a investigar este caso que pela incapacidade de comprovar a verdadeira identidade do assassino acabou dependente do alcoól e na ruína. Temos ainda uma outra figura central neste caso, ou seja, David Toschi (Mark Ruffalo), o polícia que investigou de bem perto este caso, que chegou a ter o verdadeiro culpado sob interrogação e vigilância mas que, por meios retrógrados e inquestionáveis o teve de deixar seguir a sua vida. E finalmente temos o terceiro mas não menos importante interveniente Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), o cartoonista que na sombra assistiu a todas as investigações mas que se tornou no homem que conseguiu de facto provar a identidade de tão monstruoso assassino.
Este filme que na prática nos relata todo o processo de investigações, quer policias quer jornalisticas e privadas, que se arrastaram durante praticamente três décadas, os seus sucessos e ineficácias, atrasos, medos constantes por parte dos envolvidos em receber mais uma carta com relatos de uma mente bem perversa, é no fundo bem mais do que isso.
Aqui sim assistimos a essas investigações mas como pano de fundo temos os resultados práticos que as mesmas tinham nas vidas daqueles que as efectuvam. Vidas solitárias que se corrompiam pelo alcoól, famílias que aos poucos se desintegravam graças à obsessão em tentar identificar e deter um homem que a qualquer momento ameaçava cometer outro(s) assassinato(s) e também assistimos à destruição de sólidas e bem estabelecidas carreiras que ficavam ameaçadas por pequenos actos que os tornavam a eles suspeitos de alimentar um caso que deveria ser encerrado.
Os dramas humanos que começavam a afectar as vidas destes homens tanto devido à difícil resolução do caso como pelo desgaste a que eram diariamente sujeitos torna-se aos poucos o principal elemento deste, arrisco dizer, grande filme. As diversas histórias destas homens bem como a investigação policial efectuada conseguem interligar-se de uma forma perfeitamente natural onde o trágico destino destas pessoas acaba por ser quase tão dramático como o destino daqueles que morreram às mãos deste assassino.
Gostei particularmente da interpretação deste trio de actores que são bons naquilo que fazem mas que às mãos do génio que é David Fincher ganham uma nova dimensão para as suas capacidades. Interpretações que começam quase alvas e cheias de esperança, de justiça e de sonhos e que muito rapidamente se deixam embrenhar pelo lado mais negro da vida... ganham uma dimensão demasiadamente real e humana típica da sociedade actual e dos meios em que viviam. Estranho como este filme que era apontado como um dos preferidos aos Oscars não obteve nem uma única nomeação para os mesmos. Não que isso tire importância aos filme ou às interpretações que o compõem mas, verdade seja dita, elas por vezes ajudam a abrilhantar um pouco mais as mesmas.
Gostei igualmente da perfeita conjugação entre direcção artística e fotografia que a partir de dado momento dá ao filme uma dimensão acentuadamente negra estabelecendo assim uma clara ligação entre o desespero e falta de esperança em descobrir quem era o homem por detrás daqueles assassinatos. Notamos perfeitamente durante o filme que algo muda no ambiente. Inicialemente temos a imagem em tons carregados mas desprovidos de vida e aos poucos passamos a ter um filme negro com sombras e pontos "mortos" que espelham o vazio e o desconhecido. Exactamente aquilo que as personagens sentem e aquilo que nós deveremos (deveríamos) sentir. Francamente muito bom.
Demorou para assistir a este filme mas a verdade é que valeu com toda a certeza a espera. David Fincher não desilude em nada e continua com uma carreira, a meu ver, imaculada. Gostemos mais de uns e menos de outros dos seus filmes, mas a realidade é que acabamos por não ficar indiferente a nenhum deles e percebemos claramente que é ele que está por detrás das câmaras.
Intenso, como a grande maioria da sua filmografia, este filme é indispensável. Aqueles que como eu ainda não tinham assistido... não percam mais tempo pois temos aqui um verdadeiro e genuíno thriller que em muitos momentos nos consegue realmente angustiar.
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"Robert Graysmith: Just because you can't prove it doesn't mean it isn't true."
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8 / 10
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