Lobo Negro de Richard Friedman é uma longa-metragem norte-americana que tenta abordar, uma vez mais, a temática dos licantropos no cinema dando-lhe algum toque de irreverência e uma modernidade normalmente não sentida neste género específico. Tudo muito bonito até aqui... não fosse o resultado final. Mas, vamos por partes...
Depois da morte do parceiro, o detective Turley (Ryan Alosio) é incumbido de proteger a jovem e inocente Josie (Samaire Armstrong), uma empregada de mesa que testemunha um inesperado homicídio nas traseiras do restaurante em que trabalha. Alertado de que tem de proteger Josie, Turley embarca numa luta contra o tempo para proteger a jovem e salvar a humanidade de um improvável perigo que espreita no escuro da noite.
Conhecendo como todos conhecemos o género em questão, DarkWolf esperava-se como um simpático filme com a capacidade de provocar alguma tensão no espectador enquanto que, ao mesmo tempo, tentava revitalizar o género que há tanto tempo carece de um exemplar digno de se inserir neste registo. No entanto, aquilo que o espectador obtém com DarkWolf é um "projecto" de telefilme que não só ridiculariza o género como provoca embaraço naqueles que têm o seu nome associado aos créditos finais. E vamos aos porquês...
Logo nos instantes iniciais em que "Turley" perde o parceiro que, tal como ele, conhece a verdadeira realidade das ruas de Los Angeles habitadas por criaturas que a Humanidade desconhece, o "nosso" lobo mais não é do que um rabisco computorizado perfeitamente amador e extremamente medíocre que não convence ninguém. Aliás, os poucos segmentos que permitem ao espectador vislumbrar o lobisomem de serviço mais não são do que grandes planos da sua cabeça que permitem perceber (literalmente) que mais não é do que uma máscara de Carnaval muito mal elaborada. Na realidade, não existe um único momento em DarkWolf que permita ao espectador conhecer o predador na sua totalidade mantendo-se apenas os efeitos especiais e, aquando da sua transformação, um claro efeito CGI que podia ser feito por uma criança de 3 anos de idade com elevados conhecimentos de informática... sim... é assim tão mau!
O segundo momento comprometedor de DarkWolf deve-se claro, aos diálogos fragilizados, às piadas de circunstância e aos factos óbvios demais para que sejam considerados como novidades num filme cujo argumento se perde desde o primeiro minuto. Nada é cuidado... nem mesmo os actores que aqui se perdem em momentos de alucinação sobre a competência do seu trabalho e que se limitam a ser o resultado de um cheque de pagamento que - naquele dia - fazia falta para pagar o aluguer do quarto. Se a isto juntarmos a óbvia necessidade do realizador em transformar uma caça ao lobo em momentos de homossexualidade feminina perfeitamente descontextualizada com muitos seios à mistura como se o espectador nunca tivesse visto nenhum e sim, enquadrados na história, então DarkWolf parece-nos - neste instante -uma "obra" completamente dispensável que em nada contribuir para lá do facto de alguns terem gasto dinheiro em ver isto... fosse onde fosse.
Finalmente se pensarmos no segmento final onde o lobisomem parece finalmente conseguir copular com a vítima de serviço - pobre, muito pobre desempenho de Armstrong - então o espectador pensa que isto não poderia estar pior... até se lembrar de momentos antes ter assistido a uma pseudo reportagem jornalística onde o repórter dá conta dos estranhos acontecimentos que decorrem na cidade sem que... seja filmado... sendo substituído pelo "criminoso" cujos olhos ficam vermelhos em televisão.
DarkWolf poderia funcionar num qualquer universo alucinogeneo paralelo onde o espectador mais desprevenido poderia achar que este filme era muito bem dirigido e com um conteúdo que - todos os demais - desconheciam. Poderia funcionar se lhe fosse entregue alguma credibilidade e, apesar dos recursos (não tão) parcos como se poderia pensar, se os "profissionais" envolvidos olhassem para o que fazem para lá do tal cheque. Mas, no entanto, numa apreciação global sobre este (tele)"filme", aquilo que aqui retemos é todo um conjunto de momentos mal feitos, mal filmados, mal interpretados e mal elaborados. Nada, sob que perspectiva se olhe para DarkWolf, consegue atingir um mínimo de qualidade que chegue ao seu destinatário mantendo-se única e exclusivamente como "aquela obra" que um realizador eventualmente promissor - no futuro ou talvez não - fez no início de uma carreira e que um dia pretende esquecer que faz parte do seu curriculum.
DarkWolf é assim uma nulidade... um filme repleto de banalidades que nem sequer conseguem fazer rir - ok... esquecendo o momento em que captam as ptas do lobisomem que parece estar calçado com saltos altos - e que fazem o espectador questionar-se sobre a necessidade deste "embrião" abortado existir enquanto filme... Poderia chamar-lhe ridículo... poderia até chamar-lhe absurdo mas, na prática, é tão, mas tão mau... que nem esses adjectivos consegue ambicionar ser.
Se temos filmes na nossa vida que pretendemos forçadamente esquecer... DarkWolf é um deles. No entanto, depois de uma experiência tão traumática como esta... duvido que tal aconteça, mantendo o espectador naquele limbo onde vivem peças perfeitamente dispensáveis que permanecem na sua mente durante muito e muito tempo.
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