Home(less) de David Walls é uma curta-metragem norte-americana de ficção que nos relata um dia na vida de Ben (Josh Starkey), um jovem adolescente expulso da sua última casa de acolhimento por Sheila (Lynne Bell), a mulher que afirma suspeitar do seu comportamento.
Ben sente-se marginalizado numa sociedade que não o compreende. Ao mesmo tempo procura a sua irmã que afirma ser a única que o poderá compreender. Como será o dia de amanhã de Ben?
Também autor do argumento, David Walls cria aqui uma história que, à semelhança de tantas outras, poderia ser o relato dos "últimos dias" de alguém que percebe não ter mais nenhum porto de abrigo disponível para onde se recolher em momentos de crise. Sem laços familiares que o unam a alguém, "Ben" é um jovem que - percebe o espectador - está sózinho no mundo. Sem família que se lhe conheça à excepção de uma irmã de quem ninguém sabe, "Ben" vive entre casas de acolhimento das quais, por um ou por outro motivo, é forçado a sair.
Sem perspectivas de futuro ou relações de amizade que sejam perceptíveis ao espectador, "Ben" apenas mantém uma ligação sentimental com outro rapaz - sendo a sua homossexualidade o motivo pelo qual (suspeitamos) seja expulso das casas que o recebem - bem como com "Karen" (Noel Roberts), a assistente social que tem sido companheira, confidente e, no fundo, a mãe que não tem. Mas, se por um lado estas relações parecem mantê-lo à tona impedindo-o de se "afogar", não é menos verdade que a ausência de uma estabilidade familiar o deixam perdido e a vaguear por caminhos que são ainda desconhecidos para o espectador e que apenas se revelam nos breves instantes finais de Home(less).
Da homossexualidade - pouco explorada a nível narrativo - à família disfuncional - da qual, na prática, o espectador também pouco conhece - Home(less) acaba por se centrar na condição de um jovem que não tendo laços familiares, amigos, relação sentimental estável ou casa, acaba por ser um dos muitos anónimos que eventualmente se perdem pelas ruas mais ou menos movimentadas de uma grande cidade ou todos são vistos e ignorados em doses iguais. Sendo este "Ben" o retrato mais ou menos fiel de tantos jovens perdidos e afastados de uma família que é (in)voluntariamente inexistente, então esta curta-metragem acaba por se tornar num certo alerta sobre um mundo no qual... nem tudo é tão perfeito como a publicidade da "família perfeita" norte-americana aparenta ser.
Se esta linha narrativa funciona na medida em que possibilita ao espectador uma aparente imagem sobre a realidade de um jovem dito "disfuncional" - pela sua inexistente rede primária de apoio - é, no entanto, a fraca dinamização das suas personagens e dos seus "motores" ou passado que leva a que esta curta-metragem a ficar muito distante do potencial que poderia ter alcançado. E, não só são estas personagens pouco dinamizadas como as interpretações do elenco secundário limitadas a algumas frases feitas que debitam sem expressão ou sentimento para com as emoções que, no fundo, se esperam da dinâmica então criada. Excepção tida para para Starkey que consegue nos seus breves minutos revelar que o seu "Ben" tem muito mais para entregar do que aquilo que de básico e elementar aqui apresenta.
Pouco dinamizada e fiel a uma linha condutora que é, em boa medida, redutora em relação à história que poderia contar, Home(less) é, essencialmente, uma história sobre os inúmeros jovens rejeitados ou perdidos que tantas vezes em grandes cidades vagueiam num anonimato (auto)incutido perdidos de uma vida que poderia ter sido simplesmente feliz.
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