quinta-feira, 1 de junho de 2017

Aliens (2016)

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Aliens de Jiajie Yu é uma curta-metragem espanhola de ficção que se centra na viagem de uma jovem (Lina Gorbaneva) a uma nova cidade onde se instala sentindo-se, no entanto, como uma estranha no meio de toda uma nova população e habitat.
Tida como uma objecto de reflexão e análise sobre um novo elemento num meio adaptado aos seus próprios costumes, Aliens é portanto, a sentida análise de alguém que tenta de forma isolada conhecer todo o seu novo local de permanência. Como um "alien" (estranho/estrangeiro) que se diferencia de todos os demais, esta jovem tenta de forma anónima inserir-se num ambiente atípico, distante dos seus costumes e onde todos os comportamentos e movimentações são, na sua perspectiva, diferentes, por vezes raros e assumidamente tão estranhos aos seus olhos como a sua presença para os demais que (in)voluntariamente a ignoram.
Ela é portanto uma permanente estranha que tenta ser "uma entre os demais" nunca o conseguindo na realidade. Não por uma ostracização mas por uma falta de identificação com o espaço. Não porque seja propositadamente desprezada mas porque tudo o que a rodeia mais não é do que uma incógnita que sente nunca ir descodificar. Assim, num mundo onde todos tentam encontrar o seu lugar ou elementos que o definam como parte de um todo, o que sobrará a esta jovem perdida no meio de todo um aglomerado?
Com uma interessante reflexão sobre a identidade e o espaço - ou estes como dois potenciais antagonistas - Aliens é uma curta-metragem que leva o espectador a ser um observador semi-participante na sua narrativa, que se divide entre elemento de facto e ouvinte de uma confissão que parece não tentar (ou querer) encontrar soluções e respostas, deixando sem conclusões o tal sentimento de inadaptação que se faz sentir desde o primeiro instante. E ainda que os objectivos da realizadora e do argumento da autoria de Nerea Arrojería sejam os de tentar enquadrar o espectador num espaço onde ele próprio se sente como um estrangeiro incapaz de navegar mais além, a realidade é que desde cedo este sente-se perdido nos reais propósitos desta história, ou seja, a criação de laços empáticos com aqueles que se tornam invisíveis não por uma vontade própria mas sim pelo total desinteresse de todos os demais que o(s) rodeia(m).
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5 / 10
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