Fosso de Rui Costa é uma curta-metragem portuguesa de ficção criada no âmbito do programa 48 Short Media e nomeada à edição anual dos prémios do Shortcutz Viseu onde é explorada a viagem de um homem obcecado pela forma octogonal da Cava de Viriato - perto da cidade de Viseu - à zona mais profunda da sua própria mente.
Num caminho onde a exploração histórica da região se cruza com aquela tida pela mente humana, este homem desenvolve uma estranha e peculiar obsessão sobre o espaço, sobre o local, sobre as suas origens que, para lá da curiosidade, se torna numa doença que o leva a recriar a forma do espaço dentro do seu próprio espaço.
Interessante e curiosa enquanto estudo histórico do local e do espaço - afinal não é o cinema esta arte maior que nos aproxima de espaços reais ou imaginados que a própria mente humana desconhece?! -, esta curta-metragem perde-se por entre os meandros de uma investigação histórica e a viagem de auto-(des)conhecimento de um homem e do seu espaço feita pelo próprio. Por outras palavras, enquanto investiga e se deixa levar pelo fascínio de um espaço que remonta a tempos desconhecidos, o mesmo deixa-se embrenhar pelas especificidades do espaço cuja forma, ganha forma, dentro das suas próprias fronteiras físicas e mentais.
Ao instalarem-se as dúvidas, as questões e as incertezas inerentes a qualquer processo de (auto) conhecimento, eis que dentro do seu próprio espaço físico - como o é a sua casa -, se criam fronteiras imaginadas capazes de o remeter a um espaço ínfimo do (seu) alcance enquanto homem. Prisioneiro desse mesmo espaço... poderá ele libertar-se das amarras entretanto criadas pela sua própria mente?!
Capaz de suscitar uma interessante reflexão sobre os limites da investigação e das suas condicionantes junto de uma mente sedenta de um conhecimento nem sempre alcançável, Fosso (aquele que pode ser mental ou documental (auto) imposto) cruza as fronteiras do (im)possível e das próprias barreiras que são impostas enquanto elemento que condiciona (in)voluntariamente a acção humana deixando a sua vítima - normalmente o seu próprio explorador - remetido a uma situação de curioso incapaz de ir para lá da evidência.
Com um argumento dinâmico e uma perspectiva histórica capaz de seduzir o espectador a explorar um pouco mais para lá dessa mesma evidência, Fosso não consegue, no entanto, criar uma dinâmica que seduza o espectador a deixar-se levar quer pelo aspecto directamente ligado à investigação do local como tão pouco pela premissa de condicionamento do investigador que tenta não desistir pela força da sua mente quer pelas próprias barreiras criadas pela falta de resposta (histórica) que a temática lhe apresenta deixando, no entanto, uma interessante perspectiva enquanto obra cinematográfica que recorre ao espaço e meio geográfico para apresentar diversas teorias ou conhecimentos históricos de interesse público.
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