Cavallo de Joana Maria Sousa - que é também autora do argumento - é uma curta-metragem experimental portuguesa onde se reflecte sobre um mundo cada vez mais individualizado e solitário onde cada um caminho pelo seu próprio espaço ignorando, voluntariamente, tudo o demais que está à sua volta.
Numa comparação imediata com a vulnerabilidade do cavalo que é conduzido de olhos semi-vendados por um qualquer caminho, Cavallo questiona o espectador sobre tudo aquilo que de único é conscientemente ignorado ou esquecido levando a que cada um de nós perca, essencialmente, toda uma beleza visível mas nunca apreciada.
Filmado na vertical distanciando-se assim de uma forma mais tradicional de ver um filme, Cavallo é portanto um estudo sobre uma sociedade moderna perdida num individualismo crescente e, também ele, consciente que todos nós fomentamos pelo distanciamento que criamos não só para com os demais como também em relação ao mundo à nossa esquecendo toda aquela aprendizagem involuntária que advém de uma convivência e experiência do individual para com o colectivo.
Interessante pela perspectiva ideológica subjacente ao seu argumento e intencionalmente provocadora pela analogia feita entre Homem versus Animal, Cavallo merecia uma maior - temporalmente falando - exploração da sua temática que reflectisse e talvez até mostrasse todas as perdas individuais (humanas) e diárias deste mundo que está em constante transformação.
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5 / 10
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