Annabelle 2: A Criação do Mal de David F. Sandberg é a longa-metragem prequela de Annabelle (2014), de John R. Leonetti e James Wan que transporta o espectador para a primeira metade do século XX quando, doze anos após a morte da sua filha por atropelamento, Samuel (Anthony LaPaglia) e a mulher Esther (Miranda Otto) recebem em sua casa a Irmã Charlotte (Stephanie Sigman) e um conjunto de jovens orfãs que serão muito rapidamente o alvo de interesse demoníaco de Annabelle... e vê em Janice (Talitha Eliana Bateman) o objecto de toda a sua atenção.
Com argumento de Gary Dauberman, também criador das próprias personagens, Annabelle: Creation é o esperado "início de" tudo. O próprio título desta nova entrega de Annabelle insere o espectador no imaginário colectivo dos primeiros momentos em que a mesma denotou a origem da sua possessão e que aqui é explicada através do desespero de dois pais que, tendo perdido muito precocemente a sua filha, recorrem ao improvável e ao imaginado para poderem ter mais alguns instantes com ela. No entanto, o que aconteceria se, ao cruzar para o "outro lado", algo mais intenso e extremo decidisse atravessar a fronteira para o nosso mundo e apoderar-se dos mais frágeis de espírito? Com isto em mente, porque não apoderar-se de um corpo humano que lhe conferisse uma vida disfarçada entre os demais?!
É então que, a partir desta premissa, o espectador se deixa levar por este Annabelle: Creation e regressa aos idos anos '50 para conhecer um pouco mais da história desta boneca amaldiçoada. No seio de um conjunto de raparigas sem lar acompanhadas por uma freira benevolente que lhes confere alguma tranquilidade, todas elas dirigem-se para a América profunda onde um casal que atravessa a sua fatalidade lhes disponibiliza guarida tendo, no entanto, algumas condições que devem ser respeitadas. Entre elas, nunca entrar no tal misterioso quarto onde, mais cedo ou mais tarde, alguma delas ousa entrar. Assim, dando início a uma série de trágicos e mórbidos acontecimentos, Annabelle: Creation revela-se como a esperada prequela onde tudo tem de ser explicado deixando pouca liberdade para a imaginação mais criativa, e antecedendo um "regresso ao futuro" unindo várias longas-metragens desde The Conjuring (2013) ao já referido Annabelle.
Desta forma, e para lá dos potenciais sustos que um ou outro momento mais intensos, um bravo à banda sonora que para eles muito contribui, o que esperar deste Annabelle: Creation? A já referida explicação da origem do mal - e que, em certa medida, pode ser útil mas não o suficiente para que o espectador ganhe mais empatia para com esta saga -, um entretenimento de suspense (raramente chega ao terror... se é que alguma vez chega) que insere o espectador na dinâmica da América profunda, isolada e com muitos segredos por revelar que se assume como um ponto positivo desta história não só pela sua reconstituição de época como principalmente pelo ambiente sinistro e inquietante que todas as esquinas denotam - e que aquela casa parece querer fazer florescer -, bem como umas simpáticas interpretações das jovens actrizes que, obviamente, são a tal alma atormentada facilmente possuída pelo mal que por ali espreita. O terror, quando e se existe, não se prende com grandes produções onde os efeitos especiais predominam mas sim na breve - mas não leve - sugestão de que no escuro há algo que espreita... Algo que se alimenta da nossa mórbida curiosidade de olhar e tentar perceber o que por lá se encontra mas que, ao mesmo tempo, não se anuncia até ter conquistado todo o poder de nos controlar pelo medo, pela ilusão e principalmente pelo que pensamos ver mas que realmente não existe, em detrimento daquilo que realmente marca "ali" a sua presença.
Com toda uma reconstituição de época resistente à dúvida do espectador são, no entanto, os instantes finais que conseguem tornar-se mais dinâmicos e interessantes na medida em que estabelecem uma directa relação com Annabelle (2014) revelando alguns detalhes que ficaram por contar nesta última conferindo-lhes, dessa forma, a essência que parecia faltar. E ainda que as duas não criem um directo elo de ligação entre si, é a explicação destes pequenos detalhes que não só irão criar uma longa-metragem intermédia como revelam que o mal se passeia "por aí" entre os mais distraídos.
Para lá de ser a tal incursão no género - ou na saga - que tudo explica, Annabelle: Creation não é, no entanto, aquele filme indispensável. A pensar bem, e vendo as duas longas-metragens seguidas, o espectador certamente concordará que tudo condensado e num filme de duração superior a noventa minutos, conseguiria ter o mesmo resultado e, eventualmente, alguns sustos mais dinamizados transformando-a na "tal" longa de terror pela qual tanto espera. Assim, e com a excepção de algumas personagens, tudo o que aqui é registado acaba por se tornar potencialmente dispensável... interessante enquanto objecto de entretenimento para uma noite entre amigos onde todos acabam por se assustar mais em grupo do que propriamente com o que passa pelo ecrã mas, na realidade, longe de ser o grande filme como o foi The Conjuring no ano em que estreou.
Fácil de se gostar enquanto peça de entretenimento mas incapaz de se assumir como um dos filmes de terror do ano, Annabelle: Creation cumpre a sua função como a tal obra demoradamente explicativa de todos os segredos mas, no entanto, poucos dos mesmos conseguem ser suficientemente marcantes para torná-la como uma longa-metragem independente de toda a saga. No fundo... está lá... mas poderia ser condensada e inserida num simpático prólogo de Annabelle (2014).
É então que, a partir desta premissa, o espectador se deixa levar por este Annabelle: Creation e regressa aos idos anos '50 para conhecer um pouco mais da história desta boneca amaldiçoada. No seio de um conjunto de raparigas sem lar acompanhadas por uma freira benevolente que lhes confere alguma tranquilidade, todas elas dirigem-se para a América profunda onde um casal que atravessa a sua fatalidade lhes disponibiliza guarida tendo, no entanto, algumas condições que devem ser respeitadas. Entre elas, nunca entrar no tal misterioso quarto onde, mais cedo ou mais tarde, alguma delas ousa entrar. Assim, dando início a uma série de trágicos e mórbidos acontecimentos, Annabelle: Creation revela-se como a esperada prequela onde tudo tem de ser explicado deixando pouca liberdade para a imaginação mais criativa, e antecedendo um "regresso ao futuro" unindo várias longas-metragens desde The Conjuring (2013) ao já referido Annabelle.
Desta forma, e para lá dos potenciais sustos que um ou outro momento mais intensos, um bravo à banda sonora que para eles muito contribui, o que esperar deste Annabelle: Creation? A já referida explicação da origem do mal - e que, em certa medida, pode ser útil mas não o suficiente para que o espectador ganhe mais empatia para com esta saga -, um entretenimento de suspense (raramente chega ao terror... se é que alguma vez chega) que insere o espectador na dinâmica da América profunda, isolada e com muitos segredos por revelar que se assume como um ponto positivo desta história não só pela sua reconstituição de época como principalmente pelo ambiente sinistro e inquietante que todas as esquinas denotam - e que aquela casa parece querer fazer florescer -, bem como umas simpáticas interpretações das jovens actrizes que, obviamente, são a tal alma atormentada facilmente possuída pelo mal que por ali espreita. O terror, quando e se existe, não se prende com grandes produções onde os efeitos especiais predominam mas sim na breve - mas não leve - sugestão de que no escuro há algo que espreita... Algo que se alimenta da nossa mórbida curiosidade de olhar e tentar perceber o que por lá se encontra mas que, ao mesmo tempo, não se anuncia até ter conquistado todo o poder de nos controlar pelo medo, pela ilusão e principalmente pelo que pensamos ver mas que realmente não existe, em detrimento daquilo que realmente marca "ali" a sua presença.
Com toda uma reconstituição de época resistente à dúvida do espectador são, no entanto, os instantes finais que conseguem tornar-se mais dinâmicos e interessantes na medida em que estabelecem uma directa relação com Annabelle (2014) revelando alguns detalhes que ficaram por contar nesta última conferindo-lhes, dessa forma, a essência que parecia faltar. E ainda que as duas não criem um directo elo de ligação entre si, é a explicação destes pequenos detalhes que não só irão criar uma longa-metragem intermédia como revelam que o mal se passeia "por aí" entre os mais distraídos.
Para lá de ser a tal incursão no género - ou na saga - que tudo explica, Annabelle: Creation não é, no entanto, aquele filme indispensável. A pensar bem, e vendo as duas longas-metragens seguidas, o espectador certamente concordará que tudo condensado e num filme de duração superior a noventa minutos, conseguiria ter o mesmo resultado e, eventualmente, alguns sustos mais dinamizados transformando-a na "tal" longa de terror pela qual tanto espera. Assim, e com a excepção de algumas personagens, tudo o que aqui é registado acaba por se tornar potencialmente dispensável... interessante enquanto objecto de entretenimento para uma noite entre amigos onde todos acabam por se assustar mais em grupo do que propriamente com o que passa pelo ecrã mas, na realidade, longe de ser o grande filme como o foi The Conjuring no ano em que estreou.
Fácil de se gostar enquanto peça de entretenimento mas incapaz de se assumir como um dos filmes de terror do ano, Annabelle: Creation cumpre a sua função como a tal obra demoradamente explicativa de todos os segredos mas, no entanto, poucos dos mesmos conseguem ser suficientemente marcantes para torná-la como uma longa-metragem independente de toda a saga. No fundo... está lá... mas poderia ser condensada e inserida num simpático prólogo de Annabelle (2014).
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