Desenhar para Nunca Mais Esquecer de Bärbel Jacks é um documentário austríaco centrado na acção do pintor e fotógrafo Manfred Bockelmann nascido durante a Segunda Guerra Mundial - em 1943 -, numa época em que milhões de pessoas foram mortas nos campos de concentração nazis por toda a Europa.
Centrado na memória das crianças e adolescentes que se encontravam por entre esses milhões, Bockelmann iniciou uma investigação pelas fotografias existentes dos mesmos e imortalizá-los em pinturas a carvão que recuperavam algumas das suas expressões (então) sob o jugo da detenção e cativeiro nazi. Perdidas que foram milhares de entidades e a individualidade de cada um roubada e substituída por um número, Bockelmann tenta desta forma entregar um nome ao número pelo qual passaram a ser identificados.
Percorrendo os mais variados arquivos cuja missão é a preservação da memória do Holocausto e das suas vítimas, o realizador Bärbel acompanha o artista austríaco não só na missão que tenta cumprir mas principalmente nos seus objectivos e propósitos para com a mesma. ao longo deste documentário compreendemos que Bockelmann é um homem que hoje, nos seus mais de setenta anos de idade, vive atormentado com a ideia que no seu passado enquanto criança, milhares eram aqueles que da sua idade morriam bem perto dos mesmos locais onde ele passava os seus Verões entre amigos e família. Enquanto jovem distante dos problemas que afectavam milhões por toda a Europa, Bockelmann era aquilo que hoje considerava como uma criança feliz mas ignorante quanto ao que se passava do outro lado dos seus muros.
Centrado numa busca incessante pela recolha e identificação das mais diversas identidades e histórias, Bockelmann tenta, com o seu contributo enquanto artista, perpetuar a imagem, a memória e sobretudo a individualidade de cada um daqueles jovens rostos que pereceram, conferindo-lhes o nome que lhes fora roubado e deixando "cair" o número com o qual foram desumanizados durante os terríveis anos do conflito europeu.
Para lá de uma obra esta é uma missão de vida que assumiu como sua, que lhe retira o descanso pela necessidade inerente em identificar todos aqueles que encontra e cuja identidade se perdeu não só na década de 40 em questão mas também em todas estas décadas já decorrentes pela escassez de informação que acompanha a grande maioria daqueles rostos. Existirão familiares ainda vivos? Poderá alguém identificar aqueles jovens? Ou, por sua vez, terá a sua identidade sido perdida para todo o sempre?
Movido por uma enorme sensibilidade e sentido de missão, também o realizador Bärbel Jacks embarca nesta viagem pela História, pela memória - uma constante em documentários deste género e que se assume cada vez mais como um Direito Humano fundamental -, e sobretudo por um sentido de justiça que todas aqueles vítimas ainda lhes vê negado, Zeichnen Gegen das Vergessen é um intenso mas extremamente tranquilo documentário que tenta - e consegue - dar nome a muitas destas vítimas cuja memória não só não pode ser esquecida como poderá ser didacticamente utilizada como forma de alerta e prevenção para que estes momentos na História - que tende a repetir-se -, jamais possam ser repetidos cumprindo não só a sua missão enquanto registo dessa mesma História como sobretudo um documento de ensinamento para o futuro.
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8 / 10
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Thank you so much for such thoughtful words and intelligent commentary.
ResponderEliminarWe appreciate you taking your time to wright such a rich revenue on our documentary. Have a look at our website: www.drawing-against-oblivion.com
Kind regards. David Kunac (Executive Producer of Drawing Against Oblivion)