terça-feira, 4 de setembro de 2018

The Nun (2018)

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The Nun - A Freira Maldita de Corin Hardy (EUA) é a prequela mais que anunciada do franchising The Conjuring (2013) iniciado por James Wan e prolongado  no ano seguinte com Annabelle, de John R. Leonetti levando o espectador às origens de "tudo", quando o Padre Burke (Demián Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga) são enviadas pelo Vaticano para a Roménia onde, na companhia de Frenchie (Jonas Bloquet), investigam o estranho suicídio de uma freira.
No Mosteiro, todos encontram não só as mais temidas ameaças de um mundo paralelo que tentam emergir e dominar o mundo que pretendem transformar num paraíso para as trevas como principalmente os seus medos de um passado traumático e ainda não encerrado.
Gary Dauberman escreve o argumento de The Nun a partir de uma história também da autoria de James Wan em que os universos de The Conjuring e de Annabelle encontram aqui as suas origens. Assim, The Nun é a eterna vontade de encontra o princípio de todo o mal - neste caso - encontrando uma forma não só de explicar os acontecimentos já futuramente ocorridos - não esquecer que esta história é cronologicamente anterior àquela das outras obras já mencionadas - como também de prolongar uma história ao ponto do espectador se distanciar da ideia de que o mesmo se baseia em acontecimentos verídicos para aqui encontrar uma mescla sobrenatural que, por vezes, mais roça o mundo da fantasia ou dos medos mais básicos do que propriamente a dinâmica de uma história onde o espectador pense que... isto aconteceu.
Aquilo que fora iniciado com The Conjuring inseria-se muito facilmente naquele imaginário já preenchido com Amityville (1979) ou The Entity (1982) dando corpo a factos documentados sobre a presença de entidades paranormais que ocupam e se instalam num espaço que já não lhes pertence atormentado todos aqueles que estão num mundo terreno. The Nun como seu suposto e imediato predecessor, pretende ocupar aquele lugar de "aqui temos o início de tudo", a razão explicativa de todos os fenómenos paranormais que sucessivamente iam pondo um fim à tranquilidade de meros mortais que não sabem o que acontece à sua volta mas que, no entanto, são por esses acontecimentos atormentados condenando a sua vida a um inesperado mas forçado isolamento... afinal, quem irá acreditar que a sua casa está "possuída"? Mas, o que encontramos realmente aqui?
Independentemente de podermos estar perante uma longa-metragem que retrata essas origens, em que medida é que elas realmente se interligam com as demais histórias que não para lá de uma qualquer menção final que cruza personagens das diversas histórias? Existirá alguma ligação entre as mesmas ou uma mera casualidade que não as transforma nessa "origem" mas talvez sim num "cruzamento" macabro de universos? Poderá o espectador encontrar relação entre esta história e a de Annabelle? Conseguirá, para lá do óbvio, estabelecer uma qualquer ligação com The Conjuring? Talvez com The Conjuring 2 (2016) e, ainda assim, não sabemos em que medida está alterada a dinâmica da primeira obra ou mesmo a necessidade de encontrar forçosamente uma forma de tudo juntar e alargar o já referido franchising para fazer com que o espectador se deixe levar uma vez mais para estes meandros.
Assim, para lá dos sustos ocasionais mais ou menos bem conseguidos e que para os mesmos muito contribui toda a atmosfera recriada de um espaço medieval que, só por si, já reúne todo um imaginário sobrenatural - não se esqueça o espectador que nos encontramos na Roménia - recriada pela direcção de arte de Jennifer Spence, Adrian Curelea, Vraciu Eduard Daniel e Gina Calin, a direcção de fotografia de Maxime Alexandre que utiliza de forma hábil e inteligente a escassa luz e as sombras constantes e claro, não esquecer a música de Abel Korzeniowski que sabe criar toda uma muito própria atmosfera, The Nun é um filme que o espectador já conhece. Conhece os sustos, conhece o inesperado, entende que todos os pequenos detalhes dos quais esta história é construída são devidamente fabricados para proporcionar a espera tensão e é apenas o momento final em que esta história se liga às demais que consegue, de alguma forma, suscitar alguma curiosidade sobre como tudo realmente se conjuga não deixando, no entanto, de ser um legado frágil ainda que minimamente coerente, sobre o passado de uma assombração que insiste em atormentar as vítimas mais sensíveis e que espreita... dos locais onde já é esperado que ele (esse mal) se encontre. No final sobram ao espectador Bichir, Farmiga e Bloquet - não muito bom princípio de carreira norte-americana - muito aquém de todo um potencial dramático que já lhes reconhecemos e aqui em interpretações que tocam, de muito perto, o banal e pouco inspirado servindo apenas de aperitivo a uma qualquer noite de cinema fantástico que, no entanto, poderá ser superado com tantas outras histórias melhor concretizadas.
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4 / 10
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