terça-feira, 10 de abril de 2012

Ano Natsu, Ichiban Shizukana Umi (1991)

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Um Lugar à Beira-Mar de Takeshi Kitano foi-me apresentado com a obra maior do realizador japonês... aquele filme com o qual não podemos passar se queremos compreender toda a sua obra. A única referência sua que tinha era o filme Brother que não só realiza como também interpreta e que considerei um excelente filme. Dito isto... as minhas expectativas estavam muito altas.
A história deste filme consegue ser inicialmente muito apelativa ao relatar, essencialmente através de um conjunto de imagens enriquecidas com uma banda-sonora excelente, a vida deste jovem surdo e que trabalha na empresa de recolha de lixo que descobre uma paixão pelo surf.
Este simples factor seria o suficiente para tornar este filme belíssimo, não fosse a relação sentimental tipicamente japonesa entre este jovem e a sua namorada, também ela surda-muda, viesse ainda enriquecer mais o filme. O sentimento está presente sem que seja abertamente referenciado, e nós próprios enquantos espectadores percebemos que eles se amam.
Temos assim aquilo que podemos considerar uma belíssima introdução ao filme onde o sentimento, a música e as imagens se complementam de uma forma harmoniosamente deliciosa. Mas, nem tudo são "pérolas".
Aquilo que começa bem rapidamente se vai desvanecendo quando este jovem começa a frequentar aquela praia para se aperfeiçoar no surf e daí para as competições onde estamos praticamente durante mais de uma hora de filme. Assim durante todo este tempo assistimos a um conjunto de pessoas que estão sentadas na praia a ver "algo" e como se isso não bastasse a sua expressividade é, também ela, praticamente nula. Bem sei que não poderemos esperar de um filme japonês o mesmo que temos quando assistimos a um filme italiano onde todas as emoções estão à flor da pele. Aqui tudo é contido e bastante reservado, fruto da própria cultura que o filme representa mas, estou certo, para fazer uma homenagem às origens do cinema e ao "mudo", não precisamos de lhe retirar também o pouco que nos pode fazer perceber o que do outro lado se está a sentir ou vivenciar.
Este filme teria, a meu ver, resultado na perfeição se se limitasse aos primeiros vinte ou trinta minutos onde a harmonia alcançada não só entre os actores mas como também por todo o ambiente recriado, no qual a música tem uma importância avassaladora. Temos ali naqueles minutos iniciais tudo quanto poderíamos desejar de uma belíssima história de amor onde tudo resulta e tudo está presente. Assim, temos por sua vez um conjunto de momentos iniciais muito bons que aos poucos vão desaparecendo da nossa própria memória.
As intenções estão lá e a vontade de mostrar aquilo que pode dar sentido à vida de cada um também. No entanto, o que falha é a continuidade dada ao filme. A falta de expressividade com o que sucede na vida daqueles dois jovens e também naqueles que os rodeiam fazem-no perder o "fogo" que inicialmente tem acabando por, em pouco tempo, fazer-nos também perder a vontade que tinhamos no seu início.
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3 / 10
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2 comentários:

  1. Ao ponto que isto chega de dar nota 3 a este filme... Realmente fico convencido que quem se aventura a fazer critica de cinema neste país devia procurar fazer algo mais produtivo e acertivo. Falam sempre das mesmas merdinhas... Desde que tenha música já é bom, e se as personagens não t~em tiques de teatro superexpressivas ou da telenovela é mau. Cinema não é isso. Estas criticas estão cada vez piores e cada vez menos falam de cinema. Porra para os criticos deste país são os masters da idiotice, e apenas nota boa ao que vem de hollywood. E bom cinema é o quê? a porcaria do faminto? onde o som é usado como um simples acessório da imagem? onde nem a fotografia vale por si? uma história sem pés nem cabeça onde a unica coisa que se destaca é a atriz com uma boa prestação dentro daquela mediocridade... Já mete nojo esta masturbação colectiva entre este grupinho...

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  2. Ó Anónimo... passa a assinar os teus comentários... Afinal não deves ser tão anónimo assim e comentários assinados ficam bem mais dignos. De resto, aconselho também uma leitura atenta ao que é dito pois assim percebes todo o contexto do que se pretende dizer.

    Cumprimentos e obrigado por continuares a seguir o CinEuphoria mesmo não gostanto do que aqui é dito :)

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