sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Into the Woods (2014)

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Caminhos da Floresta de Rob Marshall é uma longa-metragem norte-americana que num estilo musical reune no mesmo espaço várias personagens clássicas dos Irmãos Grimm tais como a Capuchinho Vermelho (Lila Crawford) e o Lobo Mau (Johnny Depp), Rapunzel (Mackenzie Mauzy), João (Daniel Huttlestone) do conto do Pé de Feijão e Cinderella (Anna Kendrick) sem esquecer a Bruxa Má (Meryl Streep) numa história de amor, traição e aventura.
A Bruxa (Streep) dá uma nem sempre simples tarefa a um Padeiro (James Corden) e à sua mulher (Emily Blunt) como contrapartida de retirar o feitiço da infertilidade que paira sobre a sua família.
Quando o desejo de constituir família é mais forte do que todas as peripécias que imaginam ter de passar, este simpático casal entra numa espiral de momentos mais ou menos complicados que desencadeiam o caos no seio de qualquer história de fantasia.
Se qualquer filme de fantasia e que nos transporta para o imaginário dos Irmãos Grimm pode ser um sucesso garantido pela exuberância e esperada qualidade que tendem a apresentar aos espectadores, Into the Woods consegue funcionar na exacta direcção oposta. Não é segredo para ninguém que estes filmes conseguem seduzir miúdos e graúdos - os primeiros por ainda delirarem com estas histórias e os segundos porque já deliraram com elas - e que qualquer argumento que transporte ou equacione um mundo imaginário (nem sempre pefeito) faz com que pelo menos desperte a curiosidade sobre quais as suas personagens, as suas motivações e os seus eventuais destinos.
No entanto, e com alguma surpresa, com Into the Woods aquilo que encontramos não é nada de novo na medida em que já conhecemos todas estas personagens mas sim o cruzamento de todas elas numa única história. Confuso? Podem apostar que sim. Imaginemos a ingénua todas aquelas personagens anteriormente referidas com o mesmo destino em comum - aquele de sobreviver ao mal - mas que curiosamente se encontram com as suas personalidades mais ou menos distorcidas por uma qualquer "modernidade" que as aflige como se de um vírus se tratasse. Nem todos os ingénuos o são e, eventualmente, nem todos os rostos do mal também o serão...
Se esta amálgama de momentos e personagens já não constituísse por si só um atropelo constante a uma história fluída e agradável, eis que Rob Marshall decide - uma vez mais - transformar todo o filme num enredo musical em que poucos momentos existem de diálogos concentrados mas sim de uma verborreia nem sempre tão musical como se pretende mas sim num chilrear desenfreado que em muito aflige os ouvidos dos mais sensíveis (não o sendo cansei-me muito rapidamente), ao ponto de se querer berrar ainda mais alto na esperança de que alguns deles se calassem.
Sob a direcção de Marshall e o argumento nem sempre inspirado de James Lapine, Into The Woods é um desfile de personagens claramente esquizofrénicas que vivem num mundo à parte - como se já não o tivessemos conseguido perceber - mas que são, ao mesmo tempo, ocas e desprovidas de uma vontade própria e outras que tendo excesso de confiança desvirtualizam aquilo que retemos dos contos tradicionais. Quantos de nós querem ver uma Capuchinho Vermelho jovem, destemida e proporcionalmente irritante ao invés de uma jovem menina perseguida por um lobo capaz de lhe retirar a vida que afugenta o perigo não com uma arma mas com a sua voz mais forte que uma arma de destruição massiva?
Incapaz de gerar empatia pelas suas personagens que deveriam estar cheias de carisma, Into the Woods é, no entanto, um claro vencedor pelos seus aspectos técnicos - sendo o musical uma excepção (curioso!). Desde o guarda-roupa à direcção artística sem esquecer a caracterização e até mesmo a direcção de fotografia - qualquer um deles potenciais nomeados à próxima edição dos Oscars constituem-se como os mais bem sucedidos elementos deste filme que falha não no casting de actores mas sim naquilo que se quis fazer das personagens que interpretaram. Sejamos honestos, algum de nós quer ver o Johnny Depp num desempenho tão lamentavelmente aproveitado, uma Meryl Streep quase lunática - e não como me recordo dela em Death Becomes Her - ou uma Emily Blunt como uma já não virgem inocente virada a matadora capaz de conquistar todos?! Não... claramente uma má aposta nas personagens tendo todo um conjunto de actores capazes de retirar o melhor do melhor e que apenas se afundam mais com todo um filme cantado para lá da exaustão que rapidamente roça o forçado e cansativo.
Ainda que com uma premissa interessante ao juntar várias personagens de contos populares num mesmo espaço, Into the Woods entrega-lhes uma dinâmica pobre e cansativa ao desvirtualizar os seus "princípios" e fundamentos, transformando-os numa versão estridente de si próprios como se estivessem viciados em hélio, tornando toda a história cansativa no final de muito pouco tempo de duração deste filme. Ainda que possa fascinar pelo universo e imaginário, facilmente cansará e não ficará digno de registo... nem daquele mais imediato.
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4 / 10
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