domingo, 21 de fevereiro de 2016

Maria do Mar (2015)

.
Maria do Mar de João Rosas é uma curta-metragem portuguesa de ficção presente na secção competitiva nacional do Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra a decorrer no Centro Cultural Olga de Cadaval nesta vila estremenha.
Num fim-de-semana de Verão na casa rural de Sintra, Nicolau passa os dias na companhia de Simão, o irmão mais velho e de um grupo dos seus amigos todos já perto dos seus trinta anos de idade. Entre os amigos está a enigmática Maria do Mar que desperta a atenção de todos especialmente de Nicolau em quem nasce um estranho e revelador fascínio pela jovem mulher.
João Rosas regressa dois anos depois de Entrecampos com esta história assumidamente comig of age onde num pequeno fim-de-semana todos - de forma geral - conseguem revelar um certo desencanto de uma idade adulta que não reservou tudo quanto aquilo que cada um esperava para a sua vida.
Para "Nicolau" todo o mundo aparenta ser uma descoberta por entre os seus pequenos momentos de diversão. Praticamente desenquadrado do grupo devido a alguma diferença de idades, "Nicolau" distrai-se com os seus trabalhos de casa, pelo jardim da casa em que se encontra e a privar - dentro do possível - com os amigos do irmão que privam sobre os seus desgostos amorosos, alguns planos para o futuro ou ainda sobre "Maria do Mar" que, quase inadvertidamente, se transforma numa personagem central sem que, no entanto, conheçamos muito desta personagem para lá daquilo que as conversas paralelas revelam da "menina de boas famílias que se tornou irrequieta".
"Nicolau" quase como que um observador externo do grupo - por momentos associando-se involuntariamente à posição do próprio espectador -, observa-os nas suas conversas, em algumas das suas inquietudes, nos seus tormentos e abandonos sentimentais enquanto tenta viver algumas horas da sua jovem adolescência e descoberta sexual/sentimental por uma enigmática e recatada "Maria do Mar".
João Rosas, também em funções de argumentista, revela assim uma história e uma personagem central - "Nicolau" - que percebe que vive num mundo que não é - ainda - o dele e ao qual não quer pertencer. Não obstante, esse mesmo mundo aproxima-se silenciosamente e a passos largos, deixando para trás todo um mundo de ilusões e fantasias, de despreocupações e de (ir)responsabilidades que jamais poderá voltar a repetir... pelo menos não da mesma forma. Uma história de (des)amores e (des)encantados que precede a idade adulta de um jovem que compreende estar perante um mundo que desconhece e a respeito do qual não tem qualquer tipo de ansiedades ou aparentes expectativas.
Silenciosamente dramático, divertido enquanto história de "fim-de-semana entre amigos" mas profundamente melancólico pela forma como relata o despertar de um jovem para uma vida que sabe ir ter mas que não quer, Maria do Mar consegue ser um surpreendente e magnífico filme dramático cuja personagem principal - suspeito - tem ainda muito por revelar.
.
.
8 / 10
.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário