sábado, 20 de fevereiro de 2016

Raízes (2015)

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Raízes de André Bem-Haja é uma curta-metragem de ficção/documentário portuguesa presente na secção competitiva nacional do Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra que amanhã termina no Centro Cultural Olga de Cadaval na vila estremenha.
A casa dos avós acaba sempre por ser o ponto de encontro dos netos e primos em tempo de férias escolares. No momento em que a família se reúne vinda dos mais diversos pontos do país e do estrangeiro, os mais novos perdem-se pelas brincadeiras, pelos risos e pelos silêncios sem se aperceberem que, ao mesmo tempo, crescem e formam naquele instante os momentos que mais tarde irão recordar.
Numa harmonia perfeita entre o documentário e a ficção - apesar de retratar os dias estivais de uma família não deixa de conter alguns momentos eventualmente (bem) encenados - Raízes capta a essência fundamental do grupo de jovens que encontra naqueles breves meses todo um conjunto de momentos e situações que os fará, um dia mais tarde, recordar com nostalgia os doces dias da sua infância.
Num registo eventualmente parecido com aquele tido pela mítica série espanhola Verão Azul (1981) que abrilhantou as tardes de mais jovens e adolescentes nos idos anos 80, Raízes apenas se distancia da referida série por não conferir personagens ficcionadas à sua dramatização mantendo-as presentes pois lá se encontram, mas abstractas na medida em que o espectador observa as suas actividades sem lhes conferir uma personalidade marcante... Existem sem se destacarem fazendo, por sua vez, parte de um todo reconhecível como uno. Na prática são "apenas" um grupo de jovens primos mais ou menos da mesma idade que percorrem - e correm - os corredores daquela vivenda, tomam banhos de sol e de água na piscina da casa e que partilham uma experiência mútua que apesar de distante na sua importância será recordada como "aquele verão em casa dos avós".
Raízes é assim uma curta-metragem francamente interessante sob uma perspectiva próxima do habitual filme "coming of age" e que nos encanta, enquanto adultos, por ali retratar um pouco do nosso passado e da nossa infância.
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7 / 10
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