Durante o anúncio dos nomeados aos Sophia foram hoje também anunciados os vencedores dos troféus honorários anualmente atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema.
Depois da Academia ter anunciado no final do ano passado que a actriz Laura Soveral seria a galardoada com o Troféu Bárbara Virgínia eis que é anunciado que será atribuído, pela segunda vez desde a sua fundação (Manoel de Oliveira terá sido o primeiro, e até à data único, galardoado com este troféu), o Sophia de Excelência e Mérito ao actor Ruy de Carvalho.
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Ruy de Carvalho, que celebra os 75 anos de carreira em 2017, é detentor de um percurso que se estende do cinema ao teatro sem esquecer a televisão. O seu curriculum cinematográfico é iniciado em 1952 com a obra Eram Duzentos Irmãos, de Armando Vieira Pinto repetindo a experiência com A Luz Vem do Alto (1959), de Henrique Campos na qual participou apenas com uma interpretação vocal.
Com o início da década de 60, Ruy de Carvalho viria a participar em Raça (1961), de Augusto Fraga, O Elixir do Diabo (1962), de Thor L. Brooks, Pássaros de Asas Cortadas (1963), de Artur Ramos e ainda no mesmo ano a curta-metragem A Ribeira da Saudade, de João Mendes. Em 1966 chegaria pelas mãos de António de Macedo uma das obras mais emblemáticas do actor com Domingo à Tarde ao lado de Isabel de Castro e Isabel Ruth, seguindo-se-lhe A Cidade (1968), de José Fonseca e Costa.
A década de 70 começaria com a sua participação em O Cerco, de António da Cunha Telles, Cântico Final (1976), de Manuel Guimarães, a curta-metragem A Bicha de Sete Cabeças (1978), também de António de Macedo.
Ruy de Carvalho só viria a participar noutro filme já em meados da década de 80 (1985) em Atlântida: Do Outro Lado do Espelho, de Daniel Del Negro ao qual se seguiria O Processo do Rei (1990), de João Mário Grilo. No mesmo ano seria um dos actores de uma das obras maiores de Manoel de Oliveira, 'Non' ou a Vã Glória de Mandar, seguindo-se uma nova interpretação vocal em O Dia do Desespero (1992), Vale Abraão (1993) e A Caixa (1994) todas de Oliveira.
Em 1996 participaria em O Judeu, de Jom Tob Azulay, Inês de Portugal (1997), de José Carlos de Oliveira e no início do século XX participaria em Capitães de Abril (2000), de Maria de Medeiros. Em 2002 é a vez de A Selva, de Leonel Vieira e em 2004 voltaria a trabalhar com Manoel de Oliveira em O Quinto Império - Ontem Como Hoje. O Crime do Padre Amaro (2005), de Carlos Coelho da Silva, Corrupção (2007), de João Botelho e Second Life (2009), de Miguel Gaudêncio e Alexandre Valente viriam encerrar a primeira década do novo século.
No entanto Ruy de Carvalho viria ainda a participar em A Morte de Carlos Gardel (2011), de Solveig Nodlund e em 2016 em A Canção de Lisboa, de Pedro Varela e Refrigerantes e Canções de Amor, de Luís Galvão Teles mantendo-se ao longo de todo o seu percurso cinematográfico um rosto presente no teatro bem como na televisão onde tem participado em várias produções.
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Mas os Sophia Honorários não terminariam por aqui. A Academia Portuguesa de Cinema decidiu ainda atribuir dois Sophia Carreira sendo o primeiro deles à actriz Adelaide João.
Adelaide João, também ela uma presença assídua nos ecrãs portugueses, iniciou o seu percurso cinematográfico na década de 60 com Dom Roberto (1962), de Ernesto de Sousa ao lado de Raul Solnado e Glicínia Quartin voltando ao cinema apenas em 1965 com La Bonne Occase, de Michel Drach onde também participaram Michel Serrault e Jean-Louis Trintignant. Em 1967 seria a vez da curta-metragem O Peixinho Vermelho, de António Drago seguindo-se-lhe Um Campista em Apuros (1968), de Herlander Peyroteo e O Diabo Era Outro (1969), de Constantino Esteves e ainda uma outra curta-metragem As Deambulações do Mensageiro Alado (1969), de Edgar Gonsalves Preto.
Com a chegada da década de 70, Adelaide João participaria em O Cerco (1970), de António da Cunha Telles, O Recado (1972), de José Fonseca e Costa, Pedro Só (1972), de Alfredo Tropa, Meus Amigos (1974), de António da Cunha Telles, seguindo-se a longa-metragem brasileira Portugal... Minha Saudade (1974), de Amácio Mazzaropi e Pio Zamuner, e de novo em Portugal com O Princípio da Sabedoria (1975), de António de Macedo, Lerpar (1975), de Luís Couto e as curtas-metragens Ao Menos Um Hipopótamo, de João Roque e A Cama, de Sinde Filipe ambas de 1975. Com o final da década de 80 chegaria Antes do Adeus (1977), de Rogério Ceitil, Nós Por Cá Todos Bem (1978), de Fernando Lopes e Amor de Perdição: Histórias de uma Família (1978), de Manoel de Oliveira apresentado em festivais de cinema e internacionalmente enquanto uma longa-metragem.
A década de 80 começaria com uma das mais marcantes obras cinematográficas portuguesas Manhã Submersa (1980), de Lauro António seguido de O Príncipe com Orelhas de Burro (1980), de António de Macedo, Verde por Fora, Vermelho por Dentro (1980), de Ricardo Costa, A Santa Aliança (1980), de Eduardo Geada, A Culpa (1980), de António Vitorino d'Almeida e em 1981 a produção alemã Fürchte dich Nicht, Jakob!, de Radu Gabrea.
Também em 1981, Adelaide João participaria nas produções portuguesas Francisca, de Manoel de Oliveira e Oxalá, de António-Pedro Vasconcelos seguidas por A Vida é Bela?! (1982), de Luís Galvão Teles, Der Stand der Dinge (1982), de Wim Wenders, Sem Sombra de Pecado (1983), de José Fonseca e Costa, Les Trois Couronnes du Matelot (1983), de Raoul Ruiz, Le Cercle des Passions (1983), de Claude d'Anna, Mãe Genoveva (1983), de Lauro António, Terra Nova, Mar Velho (1983), de Francisco Manso, O Vestido Cor de Fogo (1985), de Lauro António, Moura Encantada (1985), de Manuel Costa e Silva, Exit-Exil (1986), de Luc Monheim, Repórter X (1987), de José Nascimento, Polices des Moeurs: Les Filles de Saint Tropez (1987), de Jean Rougeron, O Bobo (1987), de José Álvaro Morais, Les Mendiants (1988), de Benoît Jacquot, Il Giovane Toscanini (1988), de Franco Zeffirelli e Piano Panier ou La Recherche de l'Équateur (1989), de Patricia Plattner.
Adelaide João começaria a década de 90 com O Processo do Rei, de João Mário Grilo seguido de A Maldição do Marialva (1991), de António de Macedo, O Luto de Electra (1992), de Artur Ramos, Maie (1993), de Marian Handwerker, O Fim do Mundo (1993), de João Mário Grilo, Det Bli'r i Familien (1993), de Susanne Bier, O Fio do Horizonte (!993), de Fernando Lopes, as curta-metragens A Estrela (1994), de Frederico Corado e Caixa Postal (1998), de João António.
Com o início do novo século chegam as suas participações em Peixe-Lua (2000), de José Álvaro Morais, as curta-metragens Telefona-me (2000), de Frederico Corado e Fotoquic (2000), de Arlindo Marques, o telefilme Alta Fidelidade (2000), de Tiago Guedes e Frederico Serra e a longa-metragem A Falha (2000), de João Mário Grilo. Em 2002 participaria na curta-metragem Naquele Bairro, de Madalena Miranda e em 2003 na longa-metragem A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América, de João Botelho. Em 2005 viria a participar na comédia Fin de Curso, de Miguel Martí e na curta-metragem Os Meus Espelhos, de Rui Simões seguida em 2006 por outra curta-metragem Gigi, de Cláudia Clemente, Não... Estou de Passagem (2007), de Mário Lopes, Rita Ochoa e Sofia Pimentão.
Antes que a primeira década do novo século terminasse, Adelaide João participaria ainda em 1ª Vez 16 mm, de Rui Goulart, Contrato (2009), de Nicolau Breyner e Águas Mil (2009), de Ivo M. Ferreira iniciando a segunda década com Um Funeral à Chuva (2010), de Telmo Martins e com a curta-metragem Blarghaaargarg, de Nuria Leon Bernardo. Mais recentemente a actriz viria ainda a participar no premiado com nove Sophia, Os Gatos não têm Vertigens (2014), de António-Pedro Vasconcelos.
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Finalmente, o segundo premiado com o Sophia Carreira é o director de fotografia Elso Roque que iniciou o seu percurso cinematográfico com Le Pas de Trois (1964), de Alain Bornet. A sua segunda participação cinematográfica chegaria em 1966 com Domingo à Tarde, de António de Macedo seguido por Mudar de Vida (1966), de Paulo Rocha, Nojo aos Cães (1970), de António de Macedo, Pedro Só (1972), de Alfredo Tropa. Em 1973 voltaria a trabalhar com António de Macedo em A Promessa e as primeiras obras pós 25 de Abril seriam Cartas na Mesa (1975), de Rogério Ceitil à qual se seguiriam Benilde ou a Virgem Mãe (1975), de Manoel de Oliveira e O Princípio da Sabedoria (1975), de António de Macedo.
Em 1976 participaria enquanto director de fotografia em Acção-Intervenção, de Leonel Brito seguido de As Ruínas do Interior (1977), de José de Sá Caetano, A Confederação: O Povo é que Faz a História (1978), de Luís Galvão Teles, Música para Si (1979), de Solveig Nordlund, As Horas de Maria (1979), de António de Macedo, Manhã Submersa (1980), de Lauro António, O Príncipe com Orelhas de Burro (!980), de António de Macedo, Francisca (1981), de Manoel de Oliveira, A Vida é Bela?! (1982), de Luís Galvão Teles, A Ilha dos Amores (1982), de Paulo Rocha, Ana (1982), de Margarida Cordeiro e António Reis, Os Abismos da Meia-Noite (1984), de António de Macedo, Mudas Mudanças (1984), de Saguenail, Le Soulier de Satin (1985), de Manoel de Oliveira, O Vestido Cor de Fogo (1985), de Lauro António, Contactos (1986), de Leandro Ferreira, Serenidade (1987), de Rosa Coutinho Cabral, Tempos Difíceis (1988), de João Botelho, O Sangue (1989), de Pedro Costa, o telefilme Jaz Morto e Arrefece (1989), de Luís Filipe Costa, 1871 (1990), de Ken McMullen, 'Non' ou a Vã Glória de Mandar (1990), de Manoel de Oliveira, Les Fleurs du Mal (1991), de Jean-Pierre Rawson, Les Eaux Dormantes (1992), de Jacques Tréfouel, Aqui na Terra (1993), de João Botelho, O Pecado da Mamã (1996), de Saguenail, O Rio de Ouro (1998), de Paulo Rocha, A Raíz do Coração (2000), de Paulo Rocha, Quem és Tu?, (2001), de João Botelho, Sunduq al-Dunyâ (2002), de Ossama Mohammed, An Organization of Dreams (2009), de Ken McMullen e finalmente em 2016 O Segredo das Pedras Vivas (2016), de António de Macedo a adaptação cinematográfica da mini-série de 1992 O Altar dos Holocaustos. Elso Roque foi ainda director de fotografia de inúmeros documentários e curtas-metragens.
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Os galardoados com os prémios honorários serão homenageados na cerimónia a realizar no próximo dia 22 de Março no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
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