segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Jesse Stone: Night Passage (2006)

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Jesse Stone: Destino Paraíso de Robert Harmon é um telefilme norte-americano e um dos vários títulos aos quais Tom Selleck dá corpo à personagem homónima.
Depois de se deslocar para a pacata cidade de Paradise, Stone (Selleck) depara com um primeiro caso de violência doméstica que o opõe a Joe Genest (Stephen Baldwin). À medida que os dramáticos acontecimentos na cidade se desenrolam evidenciando uma promiscuidade do poder local em negócios da mafia, Stone terá de se afirmar como o novo rosto da lei, numa nova vida e ainda lidar com o desaparecimento do seu mais fiel amigo.
Num mundo em que é sempre agradável observar o regresso de velhas lendas do cinema dos anos 80 ao ecrã, Jesse Stone: Night Passage - o primeiro título que vi desta saga "Jesse Stone" - prometia ser o tal (tele)filme simpático que fazia aumentar a vontade de consumir todos os demais títulos de uma só vez. Se pensarmos que o tão esperado Selleck iria contracenar com Viola Davis - hoje um dos rostos mais firmes de Hollywood -, aquilo que se poderia esperar é que os pouco mais de oitenta minutos de duração desta peça se desdobrassem em muitos mais. No entanto, a triste realidade revelou algo bem diferente do esperado.
Jesse Stone: Night Passage começa com a promessa de uma história que onde se mesclam as esperanças de um conto de redenção como também de um sentido relato sobre os nvoos caminhos de um homem que esteve (está?) perdido numa aparente espiral de auto-destruição para muito rapidamente se transformar numa daquelas histórias mal construídas e mal interpretadas onde todos os planos e caminhos abertos para o transformar num "filme" se revelam, afinal, como uma dose pouco sustentada de lugares comuns e frases feitas que devidamente coladas - com muito pouca cola - se transformam num projecto de longa-metragem frágil, notoriamente com muitos "buracos" e pouco convincente.
Tom Selleck, longe do brilho mediático que os anos 80 lhe trouxeram, é aqui um "Jesse Stone" desgastado numa improvável mas aparentemente certeira comparação entre homem e actor, que revelam ao espectador alguém que transmite uma preocupação em se manter mais "à tona" do que propriamente em construir uma personagem com a qual o espectador crie uma empatia. Percebemos a sua tentativa em criar uma figura amargurada por um passado agora interrompido e que se vê obrigado a construir uma nova vida mas, ao mesmo tempo, não conseguimos com ele criar aquela identificação necessária para o seguirmos com credibilidade. Ao seu lado giram um conjunto de actores mais ou menos conhecidos como Stephen Baldwin naquele que é mais um registo (des)inspirado do "actor", um Saul Rubinek que dá corpo a um político/banqueiro corrupto (qual a probabilidade?!) e uma Viola Davis que simplesmente... não deveria estar aqui.
A dinâmica entre personagens - e actores - é do mais básico e elementar possível ao ponto de poder afirmar que qualquer um poderia ter feito isto... mesmo aqueles que sem qualquer tipo de experiência pudessem sentir a pressão de "protagonizar um filme", fruto de um argumento pouco inspirado, com enormes falhas narrativas que "colam" todo um conjunto de segmentos desproporcionais entre si e claro, uma pobre edição que interrompe todos os referidos segmentos como se eles fossem uma conclusão de uma história que esteve a ser contada... noutras paragens.
Com a clara compreensão que o espectador está aqui perante uma história relativamente banal e que serve de ligação entre um passado e todos os títulos futuros que viriam a ser filmados, Jesse Stone: Night Passage consegue apenas desenvolver uma personagem com a qual poderia ter sido filmada toda a história e - eventualmente - com maiores propósitos dramáticos do que aqueles aqui conseguidos... o cão "Boomer". Nenhum de nós quer realmente saber da vítima de violência doméstica, do polícia que se afastou porque sabia de toda a corrupção ou tão pouco do político pouco inspirado e com problemas matrimoniais... Todos eles são perfeitamente irrelevantes e até desnecessários. Aqui a única história que poderia ser contada e que, na prática, o espectador perde tempo a observar e comentar o "como será depois?" é com "Boomer"... o fiel amigo de "Jesse Stone" que se aproxima do seu momento final. Ele sim... a verdadeira vítima desta pobre e mal contada história.
No final o que resta de Jesse Stone: Night Passage? Nada. Não existe aqui nenhum elemento que prenda o espectador a esta história tão sem sabor ou convicção. Nada das suas personagens consegue ser dinâmico ou até bem construído - não esquecer as próprias matadoras de serviço de uma cidade pequena que, nem elas, conseguem dar cor ao pecado e ao fruto proibido perdendo-se as próprias em momentos banais e já tentados noutros obras igualmente mal conseguidas -, nem mesmo as supostas vítimas que cedo se "revoltam" contra aquele que foi o único numa cidade onde todos se conhecem, a preocupar-se com elas... remetendo toda esta história para um daqueles filmes de fim-de-semana que todos vemos mas temos vergonha de confessar e esperar que Viola Davis nunca mais se meta num "trabalho" destes que... em nada irá contribuir para todo o seu enorme potencial.
Vê-lo... sorrir no final... e mantê-lo à distância... só assim podermos viver bem connosco e com esta experiência medonha que é Jesse Stone: Night Passage.
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