Excuse de Diogo Morgado é uma curta-metragem norte-americana - também com argumento da autoria do realizador - que se centra no encontro entre Brenda (Daniela Ruah) e Alex (Alberto Frezza), duas pessoas que se encontram no topo de um edifício e que estabelecem uma pequena conversa sobre os porquês da vida.
Em breves minutos, Diogo Morgado consegue dirigir uma história capaz de estabelecer uma simpática dinâmica entre os seus dois actores assim como deixar a expectativa - para o espectador - sobre a potencial relação criada entre aquelas duas personagens que se encontraram num sítio improvável.
Cedo se compreende que os dois encontram-se num qualquer hospital psiquiátrico, ali levados por uma qualquer amargura e dissabor da vida que os colocou como "responsáveis" mais ou menos conscientes desse passado. Aos poucos, é-nos revelado esse passado cercado pelo acaso e pela morte, pela tragédia e pela tristeza, tendo-os levado a um ponto de ruptura onde a própria morte e a culpa se tornaram responsáveis pela sua permanência naquele local. "Alex" transforma-se no protagonista que relata toda esta história a partir da sua perspectiva - construída também a partir do encontro com "Brenda" -, revelando que foi desde aquele instante em que se cruzou com ela no topo daquele edifício, que toda a sua vida ganhou uma nova perspectiva. Quem seria aquela mulher aparentemente tão psicologicamente desgastada como ele? Qual seria a sua vida, o seu passado, a sua história e o seu dissabor? Já "Brenda", por sua vez, revela-se primeiro como o rosto de uma incerteza para de seguida compreender que o seu passado atingiu um limite que bloqueou para se salvaguardar... Mas a realidade acaba sempre por bater à porta, e é neste ponto de ruptura em que ambos se encontram que irão, finalmente, perceber que a pessoa certa capaz de o/a salvar pode surgir até no mais improvável dos locais. Afinal, se ali não estivessem... ter-se-iam alguma vez encontrado numa qualquer rua de uma enorme cidade?
O passado, como transformador e influenciador directo da história pessoal de cada um, é aqui explorado por Diogo Morgado não como um momento trágico - apesar dele ser o mote primário do futuro destas duas personagens - mas sim como o despoletar de uma história futura que o espectador retém como motivadora - e quem sabe feliz - de duas almas que encontraram um passado solitário, isolado e até mesmo limite na medida em que o mesmo levou os dois a um afastamento de uma sociedade que, no seu momento específico, resolveu virar-lhes as costas.
Ainda que não sejam aqui manifestadas quaisquer emoções pois, afinal, tanto a "Brenda" de Ruah como o "Alex" de Frezza procuram ambos a compreensão e aceitação de um passado mais ou menos recente, Morgado consegue deixar a porta aberta para um futuro em que as mesmas possam ser vividas e expressas numa total liberdade tendo a tragédia como um pano de fundo pelo qual ambos passaram. Emocionalmente mais adulta - e francamente distante pela positiva - do que a já aqui comentada longa-metragem Malapata, a curta-metrgem Excuse consegue sim deixar a porta aberta a uma interessante etapa do actor enquanto realizador de histórias que o espectador gosta de ver contadas e trazer ao cinema o rosto de uma Daniela Ruah que - finalmente - tem a oportunidade de brilhar em cinema.
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"Alex: Fear pushes us to survive."
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"Alex: Fear pushes us to survive."
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7 / 10
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