quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Headspace (2017)

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Headspace de Jake Graf é uma curta-metragem britânica centrada na temática transexual pretendendo ilustrar momentos pontuais mas transformadores na vida de um conjunto de pessoas revelando - ao espectador - as dificuldades diárias dos mesmos.
Contado na primeira pessoa, Headspace centra-se em cinco pessoas transexuais. Aquilo que para qualquer pessoa são situações normais, as quais qualquer um atravessa, para este grupo de pessoas as trivialidades ganham contornos mais agressivos e auto-prejurativos quando se vêem frente a um passado que insiste em bater-lhes à porta.
Momentos como uma ida a um wc público, tratar de uma consulta no médico ou até responder a um questionário onde um nome não corresponde à voz que escuta do outro lado do telefone ganham, para todos eles, contornos mais relevantes no seu desenvolvimento psicológico e emocional do que aqueles que para todos os demais seriam imediatamente ignorados. Em Headspace o espectador compreende que para lá de uma questão física que pode ser resolvida com uma operação, existe toda uma situação psicológica - do "eu" - e social - do "outro" - que insiste em prevalecer em sociedade levantando todo um conjunto de questões que noutras circunstâncias não existiria.
Para lá de uma reflexão sobre a parte emocional e psicológica que insiste em permanecer na mente de todos aqueles que compreenderam que o corpo que têm não representa a questão afectiva e emocional que sentem - feita pelo próprio -, Headspace reflecte ainda sobre a questão social - de toda uma comunidade - que se mantém indiferente a estas questões estabelecendo os padrões ditos tradicionais como os aceitáveis nessa sociedade que é, hoje, muito variada. De um wc público apenas feito para dois géneros, de uma voz mais "masculina" que responde quando chamado a um nome feminino, a uma consulta ginecológica para alguém que é um homem, Headspace revela situações que acabam por se inserir num domínio de violação psicológica revelando que não basta uma aparência exterior para a sociedade para se estabelecer um "papel" social... existem todo um conjunto de pequenas grandes nuances que persistem nessa mesma sociedade que acabam não só por transgredir a individualidade de cada um - as quais todos os demais nem sequer nelas pensam -, esquecendo que essa transformação não está apenas presente naqueles que têm coragem para assumir o seu verdadeiro "eu" mas também em todos os demais ainda presos a paradigmas e noções sociais tradicionais que o tempo provou não serem únicas ou verdadeiras.
Com uma importante abordagem social, Headspace revela através dos já referidos relatos na primeira pessoa, um conjunto de histórias violentamente dramáticas terminando, no entanto, com uma pequena mas determinante luz no fundo do túnel.
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7 / 10
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