Chico Especial de Roberto Pérez Toledo é uma curta-metragem espanhola de ficção dirigida no âmbito do NOTODOFilmFest que conta a história de uma jovem (Lucía Espín) em busca do seu parceiro perfeito para a vida. No entanto, a questão põe-se quando ela própria tem de se confrontar com o seu dom especial capaz de seduzir aquele de quem gosta.
Também com argumento do realizador, Chico Especial coloca duas interessantes questões quando primeiro leva o espectador a concentrar-se na dinâmica dos potenciais parceiros desta jovem mulher e aquilo que de bom podem trazer para a sua eventual relação e, finalmente, quando centra a sua atenção sobre aquilo que a própria dinamiza e que pode contribuir para que o "resto dos seus dias" seja passado em harmonia.
Pérez Toledo, que aqui já referi várias vezes como um pertinente entusiasta das relações dinâmicas e sempre activas entre dois ou mais indivíduos, volta a filmar sobre a mesma temática dando, no entanto, ênfase não ao contributo exterior mas sim àquele que cada um sedento de uma relação estável e duradoura, pode trazer. Quando numa relação, o indivíduo concentra-se à exaustão naquilo que busca no outro. Aquilo que espera, o que deseja, o que imagina e até mesmo naquele sem fim de qualidades e característica que transformam esse "outro" no parceiro (ou parceira) ideal esquecendo, por sua vez, naquilo que o próprio tem ou faz e que possa servir como um contributo positivo para que tudo resulte. Se o questionário imposto faz revelar nos demais a limitação que aparentam ter... levanta-se a questão sobre o que poderá dizer esse mesmo questionário sobre "mim"! Terei eu todas as positivas características que exijo do "outro" ou afinal, não será a minha vida tão limitada ou desinteressante como aquilo que vejo nos outros? E se sim... que poderei "eu" ter de bom para que alguém veja em mim o parceiro de uma vida?!
Com um toque de humor e sentimentalismo presente - já uma marca constante das suas obras -, Chico Especial dá uma certa cor e reflexão à dinâmica das relações deixando no ar a ideia de que antes de avaliarmos o "outro" que se aproxima temos fundamentalmente de nos avaliar sobre a mesma conduta e rigor.
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