Pura Loucura de Louis Gasnier é uma longa-metragem norte-americana que nos conta a história de um trio de marginais que através de convites para arrojadas festas de jazz induz muitos jovens ao consumo de marijuana que tem como consequência última a perda de sentidos e raciocínio e a sua respectiva vulnerabilidade.
Fruto de uma sociedade ultra-moralista, Tell Your Children, ou Reefer Madness como foi depois baptizado, conta através de um argumento escrito por Lawrence Meade, Arthur Hoerl e Paul Franklin uma história sobre os perigos das dependências de drogas alucinogéneas que privam aqueles que as consomem de um raciocínio correcto sobre as suas atitudes e acções.
É desta forma que toda a trama se desenvolve quando assistimos de forma quase mecânica a um grupo cujo único propósito é ludibriar jovens para os manter sobre a sua alçada e pelo meio de festas realizadas na sua casa e de uma aparente imagem de vida fácil, louca e sem limites "arrastá-los" para a tal dependência que não lhes permite ter total controlo, nem tão pouco memória, sobre o que fizeram. Assim, e com base nesta premissa, é depois de estranhos acontecimentos que se sucedem sem que ninguém aparente ter sobre eles controlo, nem tão pouco aqueles que os provocam, que um assassinato é cometido e alguém que de nada se lembra seja o real acusado de o ter cometido.
Com o recurso a uma linguagem claramente moralista, e moralizadora, Tell Your Children ultrapassa aquilo que se espera de um filme para ser assumidamente um "panfleto" de uma campanha que de outra forma jamais teria o mesmo impacto e que aqui graças ao cinema e às imagens em movimento se transforma numa poderosa arma de propaganda cujos propósitos são claramente fruto da sociedade de então.
Sem uma história coerente, pelo menos não para aquilo que se espera de um filme onde a narrativa tem um princípio, meio e fim que nos permita criar qualquer tipo de ligação com as personagens em questão, Tell You Children limita-se a um conjunto de banalidades da dita propaganda que, ainda que pertinente na sua mensagem falha na forma como a transmite fazendo daqueles dependentes como armas mecânicas e desprovidas de qualquer raciocínio ao ponto de chegar mesmo a estupidificá-las.
No entanto, é quando esperamos que nada possa ser pior quando na versão restaurada deste filme onde se deu lugar à colorização e na qual o fumo proveniente dos referidos cigarros ganha uma cor bizarra e vibrante que nos dá a ligeira impressão de nos encontrarmos numa explosão de cor a sair da boca dos actores a todos os segundos.
Fruto de uma época, referi e com razão, Tell Your Children apela à consciencialização através da histeria colectiva tornando-se num caso preocupante ao seu tempo, assustador com o passar dos anos e hilariante aos olhos das gerações presentes que o encaram não como um filme com uma história coerente e explorada mas sim como uma propaganda descarada que recorreu à Sétima Arte para fazer transmitir a sua mensagem.
Não me surpreendeu nem pelo seu conteúdo nem tão pouco pelas suas interpretações que oscilam entre o absurdo e o apalhaçado desprovendo qualquer uma das suas personagens de carácter e motivação fazendo de todos, sem excepção, meras peças numa história que tinha a sua agenda bem delineada desde o primeiro instante. Desde então muitos foram os filmes feitos sobre os perigos das dependências e qualquer um deles mais bem elaborado e subtilmente interpretado. Não queria utilizar a palavra "nódoa" mas, na falta de melhor...
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