Anger of the Dead de Francesco Picone é uma curta-metragem de terror italiana que esteve este ano em competição no Fantasporto.
Esta história, assinada por Picone, segue Alice (Serena Bilanceri) e Nicholas (Federico Mariotti), um casal que se percebe ter uma relação desgastada e perdida algures no tempo. No entanto, depois de se transformarem em dois dos poucos sobreviventes de uma epidemia que transformou a população em mortos-vivos, Alice e Nicholas encontram-se num mundo deserto e onde o perigo espreita por todos os lados... principalmente quando ele pode chegar pelas mãos dos próprios vivos.
Aquele que acaba por se tornar num denominador comum nos filmes sobre um apocalipse zombie é, uma vez mais, apresentada nesta curta-metragem italiana onde para além de nos presentear com o terror que pode ser os poucos humanos que restam serem capturados pelos mortos e tornarem-se em inesperados banquetes, se centra no facto de serem os vivos alguns dos mais sérios problemas para os outros sobreviventes.
Picone capta assim aquela que poderá ser uma das essências do género apresentando, no entanto, alguns elementos não direi atípicos mas pouco comuns no género ao centrar a acção não tanto no apocalipse e na epídema mas sim na morte da relação entre "Alice" e "Nicholas" que já se fazia sentir bem antes dos mortos começarem a ganhar vida. A morte, para este casal, era já uma presença sentida, ainda que para o espectador seja ocultada até bem perto da conclusão de Anger of the Dead, sendo a mesma utilizada para esclarecer o porquê do distanciamento sentido entre os mesmos ao mesmo tempo que os aproxima novamente e também enquanto que tentam agora sobreviver não só aos mortos como principalmente a "Mr. Z 77" (Alex Lucchesi numa interessante interpretação como um marginal bem mais perigoso do que os mortos-vivos), um perigoso psicopata que os persegue para cobrar uma dívida que não é, infelizmente, bem explicada por este argumento constituindo-se como a sua maior "falha".
Com alguns clichés comprometedores mas que são, ainda assim, marcas registadas do género nomeadamente aquele "bichinho" que faz procurar por bem de extrema necessidade nos lugares mais impróprios ou uma situação em que um dos protagonistas fica encurralado no pior dos locais, Anger of the Dead consegue ainda assim ser um daqueles filmes que os apreciadores da "corrente" irão ver com satisfação e aquela pequena grande vontade de que este pudesse ser um filme de maior duração onde os protagonistas conseguissem desenvolver não só os seus dramas pessoais mas também alguns novos dado o admirável mundo novo em que se encontram.
De destacar ainda a bem executada caracterização destes mortos-vivos que esteve a cargo de Carlo Diamantini e que dá aos actores em questão um aspecto francamente repulsivo quase ao ponto do espectador conseguir realmente "cheirar" a decomposição dos seus corpos fazendo assim com que os fãs gostem do resultado final desta curta-metragem.
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7 / 10
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