quinta-feira, 24 de março de 2016

Brendemühl (2016)

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Brendemühl de Cesc Gay é uma curta-metragem espanhola de ficção feita no âmbito do Jameson Notodofilmfest e que surge como uma sequela - não formal - de Àlex (2011) do mesmo realizador.
Se nesta última o espectador acompanha um telefonema feito ao actor espanhol por parte do seu realizador e amigo Cesc Gay no qual este pedia uma oportunidade de voltar a trabalhar com ele no seu novo projecto não tendo, no entanto, muita receptividade por parte do actor, é em Brendemühl que o espectador assiste ao reverso da medalha. Agora, cinco anos depois é Àlex Brendemühl que faz um inesperado e não muito desejado telefonema a um Cesc Gay recém saído de uma vitória nos prémios Goya com o recente Truman e que não tem muito tempo para escutar os infortúnios do actor.
Brendemühl é portanto o outro lado da fama não sob uma perspectiva de alguém que a procura mas sim de um actor proeminente que se vê sem trabalho, sem o estrelato de outros tempos, com um casamento que termina ou os amigos que noutras alturas pouco estimou. Brendemühl - o actor - aparenta ser um homem acabado, martirizado por uma vida de recentes e sucessivos insucessos, que abandona a casa em que vivera e empacota tudo dentro de um pequeno carro e que graças à indiferença anteriormente tida para com os seus colegas e amigos é agora alguém que não tem a quem recorrer.
Em tom irónico e algo cómico - sempre mordaz - Brendemühl transforma-se portanto num inesperado retrato de como as certezas nem sempre se têm e que as portas, uma vez fechadas, o são para os dois lados das divisões que separam. E tudo... tudo através de um simples, curto e impessoal telefonema.
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7 / 10
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