Encerrada de Rogelio Sastre é uma curta-metragem espanhola de ficção presente na secção Cantábria da oitava edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que decorre até ao próximo dia 13 na Cantábria, em Espanha e no qual tive o prazer de marcar presença enquanto programador oficial do festival.
Nora tem uma depressão e encontra-se no zoológico onde os animais a olham enquanto ela tenta comunicar com alguém pelo telefone. Nora sente-se só.
Naquela que é uma aparente analogia da sociedade moderna onde qualquer um de nós se encontra num mundo tecnologicamente desenvolvimento mas onde as relações pessoais e humanas perdem cada vez mais significado ou relevância, Encerrada é, portanto, a história de uma mulher presa num estado psicológico mais frágil que tenta desesperadamente contactar com aqueles com quem, em tempos, partilhou uma boa parte das suas histórias e que agora lhe estão distantes.
Perdida num aparente desespero, "Nora" é apenas observada por aqueles que, estranhamente, poderão sentir-se numa mesma condição que ela... enquanto a sua depressão a obriga a tomar uma constante quantidade de medicamentos dos quais se queixa de forma vã ao telefone, também aqueles animais parecem presos num mundo diferente - e igualmente distante - do seu habitat natural que lentamente os doma a um estado não natural. Se "Nora" se encontra solitária na sua "selva urbana", também aqueles que agora a observam "compreendem" o seu isolamento por serem vítimas de um mal semelhante que os condiciona nos seus movimentos e liberdades inatas. "Nora" vive portanto a sua própria prisão... também ela a céu aberto... que a aprisiona a uma ilusão de liberdade que não sente não só pela medicação a que está sujeita como também pela ânsia que todos os locais lhe parecem conferir deixando-a apenas "livre" naquele zoológico onde tanta estabelecer uma qualquer comunicação. Tal como os demais animais, "Nora" é assim uma réstia da mulher que outrora fora limitando-se a deambular por espaços que aparentam permitir-lhe essa tal liberdade mas que, na prática, mais não são do que ilusões que a permitem ir sobrevivendo.
Com um interessante argumento que explora a analogia entre Homem versus Animal presos na liberdade das sociedades modernas, Encerrada fragiliza, no entanto, na sua vertente prática quando, num mise en scène, se perde na turbulenta concretização da história revelando algum amadorismo que transforma esta história de semelhanças entre os vários intervenientes num conto banal repleto de boas intenções mas assumidamente perdido na sua tentativa de concretização. Ainda que o potencial narrativo exista ele fica, na prática, ausente desta história da qual o espectador apenas pode retirar a boa intenção com a qual o seu realizador pretendeu contar uma história sobre os problemas de uma sociedade onde tudo parece correr mais depressa do que aquilo que a mente humana consegue inicialmente processar.
.Nora tem uma depressão e encontra-se no zoológico onde os animais a olham enquanto ela tenta comunicar com alguém pelo telefone. Nora sente-se só.
Naquela que é uma aparente analogia da sociedade moderna onde qualquer um de nós se encontra num mundo tecnologicamente desenvolvimento mas onde as relações pessoais e humanas perdem cada vez mais significado ou relevância, Encerrada é, portanto, a história de uma mulher presa num estado psicológico mais frágil que tenta desesperadamente contactar com aqueles com quem, em tempos, partilhou uma boa parte das suas histórias e que agora lhe estão distantes.
Perdida num aparente desespero, "Nora" é apenas observada por aqueles que, estranhamente, poderão sentir-se numa mesma condição que ela... enquanto a sua depressão a obriga a tomar uma constante quantidade de medicamentos dos quais se queixa de forma vã ao telefone, também aqueles animais parecem presos num mundo diferente - e igualmente distante - do seu habitat natural que lentamente os doma a um estado não natural. Se "Nora" se encontra solitária na sua "selva urbana", também aqueles que agora a observam "compreendem" o seu isolamento por serem vítimas de um mal semelhante que os condiciona nos seus movimentos e liberdades inatas. "Nora" vive portanto a sua própria prisão... também ela a céu aberto... que a aprisiona a uma ilusão de liberdade que não sente não só pela medicação a que está sujeita como também pela ânsia que todos os locais lhe parecem conferir deixando-a apenas "livre" naquele zoológico onde tanta estabelecer uma qualquer comunicação. Tal como os demais animais, "Nora" é assim uma réstia da mulher que outrora fora limitando-se a deambular por espaços que aparentam permitir-lhe essa tal liberdade mas que, na prática, mais não são do que ilusões que a permitem ir sobrevivendo.
Com um interessante argumento que explora a analogia entre Homem versus Animal presos na liberdade das sociedades modernas, Encerrada fragiliza, no entanto, na sua vertente prática quando, num mise en scène, se perde na turbulenta concretização da história revelando algum amadorismo que transforma esta história de semelhanças entre os vários intervenientes num conto banal repleto de boas intenções mas assumidamente perdido na sua tentativa de concretização. Ainda que o potencial narrativo exista ele fica, na prática, ausente desta história da qual o espectador apenas pode retirar a boa intenção com a qual o seu realizador pretendeu contar uma história sobre os problemas de uma sociedade onde tudo parece correr mais depressa do que aquilo que a mente humana consegue inicialmente processar.
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