quinta-feira, 18 de maio de 2017

Viral (2016)

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Viral de Henry Joost e Ariel Schulman é uma longa-metragem norte-americana que ressuscita o género de cinema de terror onde a população do planeta é misteriosamente "ocupada" por estranhos parasitas predadores que tomam conta das suas acções e comportamentos.
Emma (Sofia Black-D'Elia) leva uma vida normal numa pacata e isolada cidade perdida no meio do deserto. Partilha a casa com o pai e com a irmã Stacey (Analeigh Tipton), enquanto a mãe está presa num qualquer aeroporto devido ao surto de um vírus que ninguém parece conseguir controlar. As imagens e vídeos online propagam-se e quando o pai de Emma resolve procurar a mãe, as duas irmãs ficam dependentes uma da outra na esperança de que tudo passe.
No entanto, é quando Stacey fica infectada e Emma tem de tomar conta dela na companhia de Evan (Travis Tope), o rapaz de quem gosta, que os acontecimentos se sucedem naqueles que poderão ser os últimos instantes entre as duas irmãs. Existirá alguma fuga possível?
Barbara Marshall e Christopher Landon criam o argumento de um filme que, em certa medida, é reconhecido pelo espectador desde os primeiros instantes em que se avizinham os rumores de uma estranha e mortal epidemia que teima em isolar cidades e, de seguida, as suas populações. Naquilo que é uma clara alegoria à suspeição de todos sobre tudo, Viral não podia deixar de exibir a eterna e sempre presente crise familiar que divide a família no seio da dita epidemia. Afinal, qualquer filme fiel ao género não poderia deixar de apresentar as múltiplas dinâmicas dentro de uma família nuclear para que, no momento certo, ela se veja isolada e onde cada um tem de depender apenas de si próprio para sobreviver ao perigo que se encontra para lá das suas quatro paredes. No entanto, e talvez como elemento um pouco diferenciador do género, a questão levantada em Viral é essencialmente, o que acontece quando esse mal... está dentro dessas mesmas paredes?
Com cada vez menos conhecimento do mundo "lá fora" e percebendo que os vizinhos e aqueles com quem partilhavam a vida de uma ou outra forma são agora o inimigo a temer, a questão de sobrevivência para estas duas irmãs torna-se cada vez mais a questão do "momento", especialmente quando percebem que o perigo espreita, as persegue e, em última análise, até partilha do mesmo espaço que elas.
Tradicional ou não - acaba por ser sempre neste género -, temos duas irmãs que são a antítese uma da outra. Por um lado encontramos uma "Emma", disciplinada, regular e até mesmo pacata que tem a maior transformação e provação quando se vê obrigada a não só tomar conta de uma irmã que lentamente se vai debilitando, como também é transformada num adulto à força quando tem de sobreviver e proteger-se não só dos infectados como também dos militares que podem, a qualquer momento, dizimar todo o espaço para libertarem o mundo de um perigo desconhecido. Do outro lado encontramos "Stacey", a jovem despreocupada e mais velha para quem a vida tem sido um carrossel cheio de diversões, de altos e baixos mas aliciante na medida em que revela que tudo é possível sem barreiras ou obstáculos... mas também sem perspectivas. Se as duas irmãs se encontram em mundos opostos apesar de terem uma convivência próxima e cúmplice, é "Emma" que se destaca pela sua bravura e determinação - não esquecer o género de filme a que me refiro que impossibilita grandes desempenhos dramáticos que o espectador irá guardar na memória - e pela capacidade de tomar decisões contrariando aquilo que tinha sido até então pela sua conveniência ou pela imposição da vontade dominante de uma família que a via e tinha como a "criança" lá de casa.
Também típico no género é a relação crescente entre dois jovens semelhantes no comportamento e que estão, de certa forma, a vivenciar uma primeira paixão em tempo de crise. Poderá ela sobreviver? A resposta chega através dos pequenos detalhes cúmplices que o espectador observa, pela imposição de uma convivência comum e até mesmo de perceberem que são, neste novo mundo, o último recurso um do outro e compreenderem que são, para lá de todas as comunicações impossibilitadas e que começam a ruir à medida que o tempo avança, a última oportunidade de experimentarem não só o tal amor como a continuidade da sua espécie... afinal, basta presenciarmos aquilo em que o mundo se começa a tornar para ficarmos elucidados sobre aquilo que espera os poucos que permaneçam... "limpos".
Não irá chegar nenhuma redenção - raramente chega - nem tão pouco uma salvação milagrosa que irá transformar todo o mundo naquilo que anteriormente as nossas personagens conheciam enquanto tal. Não, pelo contrário, aquilo que aqui observamos é a emergência de um novo mundo, com um conjunto de novos ocupantes que habilmente se habituaram ao espaço que nós tínhamos e que agora pretendem ocupá-lo como o seu novo topo da pirâmide. Assim, e tendo como fim último a própria perpetuação, "Emma" e "Evan" - qual Adão e Eva - terão não só de confiar um no outro como também na esperança de que no final da estrada que se preparam para percorrer irão encontrar outros que, como eles, pretendem continuar a viver e sentir que o dia de amanhã existe e é uma possibilidade. A grande questão que se lhes coloca é apenas uma... Existirá alguém no final dessa "estrada"?
Entre vírus e apocalipse, fim do mundo e novo começo, sobreviventes e parasitas gone wild, Viral pode não trazer nada de novo para o espectador mas, ainda assim, é aquele filme de sábado à noite a que todos gostamos de assistir, que provoca alguma ligeira tensão e que proporciona um simpático momento na sala de cinema.
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6 / 10
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