Encontro de André Téchiné vencedor do prémio de realização em Cannes conta com a participação de dois dos mais fulgurantes actores da actualidade do cinema francês. Refiro-me a Lambert Wilson e a Juliette Binoche, naquele que seria uma das suas primeiras interpretações cinematográficas.
Este filme conta-nos a história de Nina (Binoche que fora nomeada ao César de Melhor Actriz), uma rapariga do interior rural de França que chega a Paris para dar vida ao seu sonho de representação.
É aqui que, ao procurar casa, conhece Paulot (Wadeck Stanczak que ganhou o César de Actor Revelação), um homem que a partir desse momento vive um intenso, e não correspondido, amor obsessivo por ela. Conhece igualmente Quentin (Lambert Wilson nomeado ao César de Melhor Actor) com quem desenvolve uma relação sentimental e sexual violenta e cheia de pressão da qual parece não se conseguir libertar.
Quanto Quentin morre fica a suspeita se terá sido devido a um acidente ou suicídio, Nina conhece Scrutzler (Jean-Louis Trintignant), antigo mentor de Quentin e encenador da peça Romeu e Julieta em que este participaria com a sua filha, não tivesse ela morrido num acidente supostamente provocado por Quentin.
As relações, mais ou menos próximas, a que assistimos neste filme são essencialmente aquelas que vingam através da força e da violência... Assim o temos representado nas relações laborais no gabinete de venda/aluguer de casas onde Paulot trabalha. Estas são igualmente visíveis na relação que Paulot pretende estabelecer com Nina onde, mesmo que controladas a seu tempo, não deixam de se iniciar com uma violência latente dele para ela. Esta mesma violência, que quase roça o sado-masoquismo, acaba por tornar-se o elo mais forte de ligação entre Nina e Quentin que não têm uma relação afectiva normal mas sim unicamente baseada no carnal e na violência principalmente psicológica que é exercida de um para o outro.
A violência acaba assim por se tornar o elo de ligação entre estas várias personagens e o principal elemento que caracteriza todas estas relações. Não se denota um único afecto ou compaixão.. apenas o desejo carnal, a violência e o abuso de poder.
O argumento da autoria do próprio Téchiné em colaboração com Olivier Assayas é, de longe, muito bom. No entanto penso que na transposição para o ecrã faltou algo. Faltou uma transposição de palavras e de sentimentos mais "natural" e não tão teatral como se sente por parte dos actores que não deixam, no entanto, de ter fantásticas interpretações.
Finalmente é impossível fazer um comentário a este filme sem deixar uma observação à extraordinária, e talvez o mais brilhante de todo o filme, banda-sonora da autoria de Philippe Sarde. Logo nos créditos iniciais quando dá o primeiro ar de sua graça consegue ser... transcendente.
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5 / 10
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