Encontradouro de Afonso Pimentel é uma curta-metragem portuguesa de ficção e uma das cinco nomeadas ao Sophia da Academia Portuguesa de Cinema na respectiva categoria.
Numa viagem de comboio pelo Douro, um Pai (Miguel Borges) e o seu Filho (Miguel Mestre) encontram-se momentaneamente separados. No mesmo comboio habitam um maquinista (João Lagarto) com o fantasma de um velho amor e um revisor (António Capelo) que resmunga de alguma forma saudosista pelos tempos idos.
Também autor do argumento, Afonso Pimentel dirige aqui uma história que se pretende não só um regresso a um passado onde tudo aparentava ser mais ligeiro e despreocupadamente funcional como também uma homenagem a um dos muitos espaços que aos poucos se desertifica esquecendo todo um conjunto de memórias que fazem e fizeram a história do interior norte de Portugal.
Ainda que bem intencionada e com algum potencial para desvendar um conjunto de histórias, esta amálgama de personagens faz com que Encontradouro se perca no excessivo conjunto de personagens - cada uma delas com uma história "pessoal" que fica por desenvolver - que pouco dão ao todo da história. Se por um lado temos um pai e um filho que se desencontram no mesmo espaço, não é menos verdade que apesar do seu reencontro terminamos sem saber qual a verdadeira dinâmica da sua relação. Ao mesmo tempo, se sabemos que aquele maquinista tem uma história de amor de juventude não resolvida - e talvez agora tarde demais para tal -, também não é menos verdade que esta é levemente abordada por um conjunto de momentos direccionados para que a câmara revele ao espectador o estritamente necessário e nada mais que posso desvendar os porquês de nada ter ficado resolvido.
Com potencial para um daqueles filmes de viagem onde tudo do passado fica finalmente resolvido, Encontradouro perde-se num muito acelerado ritmo narrativo que tudo quer e nada explica mantendo, no entanto, a promessa de que existe algo para lá do que é revelado, o tal "algo" que daria fundamento a toda e qualquer personagem desta história. Existirá uma boa relação entre o casal? Não sabemos. Porque não terá aquele maquinista concretizado o seu amor? Não sabemos. Será o casamento da outra mulher minimamente feliz? Tão pouco sabemos.
No final paira a incerteza, um conjunto de imagens interessantes do Douro e de um norte de Portugal perdido na presente desertificação e personagens que, aos poucos, revelam que também elas acabam por lá ficar nessa "terra de ninguém" que nem o elenco assumido como "de luxo" consegue levar a bom porto.
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6 / 10
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