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Elizabeth: A Idade de Ouro de Shekhar Kapur retoma a experiência da monarca britânica no seu conturbado reinado novamente com a presença de Cate Blanchett e Geoffrey Rush a quem se juntam Samantha Morton, Abbie Cornish e Clive Owen.
Em 1588 a Inglaterra de Elizabeth (Cate Blanchett) e a Espanha de Filipe II (Jordi Mollà) estão numa colisão aberta que a qualquer momento pode despoletar numa guerra. Filipe II está decidido a destronar a raínha, tornar Espanha no único Império e para isso envia para as ilhas britânicas a Invencível Armada para tomar o país.
Pelo meio temos ainda as ambições de Mary Stuart (Samantha Morton), raínha da Escócia, de subir ao trono de Inglaterra, e também Walter Raleigh (Clive Owen) explorador para uns, pirata para outros, que rouba o coração de Elizabeth fazendo-a novamente sentir algo que já estava "para sempre" esquecido.
Cate Blanchett retoma de forma majestosa esta interpretação que lhe granjeou em 1998 a sua primeira nomeação ao Oscar de Melhor Actriz, e que aqui repetiu, não com o fogo com que nos granjeou a sua interpretação inicial resultado de um desempenho novo e que nos provocava muitas expectativas mas sim com a intensidade de uma actriz mais madura e segura de si ao interpretar a mesma personagem anos mais tarde na sua acção no tempo.
Também Geoffrey Rush repete a sua interpretação como Walsingham, fiel protector de Elizabeth, aqui surge um pouco mais apagado ao interpretar os seus últimos dias de vida mas que, ainda assim, consegue lutar pela salvaguarda do trono da sua raínha.
Os demais secundários funcionam também de uma forma coerente. Samantha Morton enquanto Mary Stuart, uma raínha presa e condenada à morte por traição transparece por todos os seus poros o desespero nos seus últimos dias. Abbie Cornish enquanto a sua fiel aia que apenas a "atraiçoa" motivado pelo coração e claro... Clive Owen como Walter Raleigh, mais tarde Sir, por quem o próprio coração de Elizabeth voltou a bater e por quem se sentiu também atraiçoada por nele o depositar.
Apesar de serem desempenhos francamente positivos e irrepreensíveis, e outra coisa não seria de esperar, o que é certo é que também se nota algum desgaste nos actores, também fruto do próprio argumento que os coloca num período conturbado, anos depois da acção inicial onde os conhecemos, o que é certo é que não se nota de nenhum dele o fogo e a chama que alimentava as esperanças dos mesmos no Elizabeth original.
Ainda assim que levante o dedo aquele que de entre os espectadores não tremeu quando uma poderosa Elizabeth impõe o respeito e a ordem a um insolente embaixador espanhol! Só este momento por si valeu a nomeação a Oscar, e a todos os demais prémios de interpretação, que esta magnífica actriz recebeu.
O guarda-roupa de Alexandre Byrne, a outra nomeação a Oscar mas que aqui saiu vencedora é, como em todos os filmes do género e sem qualquer margem para duvida um dos pontos mais fortes e destacados do filme. Opulento e que berra cor por todos os pontos, é impossível passarmos por este filme sem pararmos por um momento a pensar na qualidade superior que ele apresenta.
Shekhar Kapur está novamente de parabéns. Basta repararmos em vários momentos deste filme quando vemos certos trabalhos de câmara, ânguloa de filmagem ou mesmo interacção entre câmara e actor para perceber que este filme foi feita à medida de guardar e preservar esses mesmos momentos para a eternidade. As filmagens de Elizabeth sob o mapa desenhado no chão... o seu discurso frente às tropas que aguardavam os invasores ou mesmo os momentos, genialmente fotografados por Remi Adefarasin, na Igreja em que tudo em tons de branco mostram uma raínha alva e pura. Genial... sim, genial é a palavra indicada para estes momentos.
De destaque ainda a igualmente grandiosa banda-sonora de Craig Armstrong em parceria com A.R. Rahman, este último que viria a ganhar no ano seguinte o Oscar na categoria por Slumdog Millionaire.
Não temos, como já referi, aquele fogo que sentimos ao ver o primeiro filme não só pelas personagens históricas em si mas também pelamais branda, no filme, intriga política que se sente em relação ao primeiro. No entanto, este filme é também muito bom e que para quem gostou do primeiro não o pode deixar passar ao lado pois vai garantidamente sair bastante agradado do seu visionamento.
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"Sir Walter Raleigh: We mortals have many weaknesses; we feel too much, hurt too much or too soon we die, but we do have the chance of love."
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8 / 10
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