segunda-feira, 11 de julho de 2011

Wolf (1994)

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Lobo de Mike Nichols conseguiu reunir anos depois do sucesso que foi As Bruxas de Eastwick, duas das estrelas maiores de Hollywood... Jack Nicholson e Michelle Pfeiffer naquele que é acima de tudo um drama ambientado num clima de terror.
Nesta simpática e sombria história que faz perpetuar o mito dos lobisomens no cinema, e neste caso específico ainda bem, Will Randall (Jack Nicholson) é um editor que numa viagem de regresso a casa atropela um lobo... Ao sair do carro para ver se o animal estava vivo é mordido e nos dias que se seguem a este acidente a sua vida começa estranhamente a mudar. O seu enfadonho trabalho bem como a relação frígida que mantém com Charlotte (Kate Nelligan) a sua mulher são ameaçados por Stewat (James Spader) o seu discípulo até que conhece numa festa Laura (Michelle Pfeiffer) filha de Raymond (Christopher Plummer), o seu patrão.
À medida que Will sente alterações significativas no seu físico e que a atracção sentimental e carnal nasce com Laura, ele sente o verdadeiro dilema de todo este filme... poderá o Homem dentro dele vencer nesta batalha onde se confronta directamente com a sua parte mais selvagem?
É escusado negar que a simpatia principal que tenho para com este filme prende-se com maioritariamente com o par protagonista que fez as minhas delícias no filme que referi inicialmente (o qual vi dezenas e dezenas de vezes). Jack Nicholson aqui num registo particularmente mais calmo do que o habitual mas que não consegue esconder com aquele olhar de uma intensa loucura o seu verdadeiro lado selvagem.
No entanto quanto a Michelle Pfeiffer temos um registo fora do normal nesta actriz que aqui mostra um lado muito mais sensual e sedutor que não costuma ser muito desenvolvido. Mais curioso é ainda quando consegue ser o elemento de estabilidade que Will tem e no qual encontra finalmente o amor.
Esta dupla, tal como no outro filme que haviam feito juntos, funciona na perfeição e mostram uma química tal que facilmente se pode deduzir que estas personagens, que vivem uma tensão carnal e animal a maior parte do tempo, foram feitas mesmo às suas medidas.
Mas não é só dos bons desempenhos que este filme é feito. Há mais aspectos que são de referir pelo seu potencial e qualidade. Em primeiro lugar a sua genial, tensa e por momentos perturbadora banda-sonora da autoria desse grande mestre que é Ennio Morricone. Ao contrário da grande maioria das suas partituras aqui Morricone compõe uma música ambiente digna herdeira das que abrilhantaram tantos filmes de terror deste género específico e que cria um ambiente bem negro e carregado durante todo o filme.
Ambiente este que não poderia deixar de ser ainda mais aperfeiçoado pelos tons carregados e negros da fotografia de Giuseppe Rotunno que tornam todo este filme muito mais pesado e sombrio daquilo que ele na realidade é.
Finalmente a caracterização... ao contrário de muitos filmes do género que estilizam muito a transformação do homem em lobo, aqui temos uma transformação muito mais subtil. Aquilo que nos mostra que esta metamorfose existe mais não é do que algum pêlo a mais pelo corpo que vamos vendo no decorrer das imagens, e a única "transformação" mais séria, se é que assim se pode chamar, ocorre já mesmo na batalha final e nos segundos finais do filme onde vemos um Nicholson já lobo.
Intenso sem ser de terror e revivalista do género sem ser repetitivo temos com este filme não só a afirmação de um homem nomundo graças à sua transformação de Homem em animal mas também uma interessante e bem filmada história de amor onde o par consegue transmitir uma química muito intensa.
Para os apreciadores do género, para os fãs destes actores e sobretudo para aqueles que se gostam de divertir com uma história bem contada.
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"Will Randall: I've never loved anybody this way. Never looked at a woman and thought, if civilization fails, if the world ends, I'll still understand what God meant."
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9 / 10
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