Para Sempre Cinderella de Andy Tennant é uma bastante simpática e fantasiosa recriação desta história intemporal com fantásticas interpretações de Drew Barrymore e Anjelica Huston.
Da história, que toda a gente já conhece e que toda a gente já leu em criança (mesmo que alguns agora afirmem que não), não irei falar pois é suficientemente famosa para falar por si própria. No entanto, há sempre que falar de todos os outros elementos que compõem este fantástico filme.
Primeiro começo já por dizer que é uma versão mais recente e bastante desempoeirada na medida em que a nossa Cinderella não é apenas uma jovem rapariga modesta e cumpridora do serviço do lar mas sim, para a altura, uma jovem mulher já bem avançada no seu tempo e com preocupações sociais e Humanistas. Ao contrário do que estávamos habituados a ter nesta história onde temos apenas e só uma jovem sofredora que se dedicava, por obrigação, a fazer as tarefas do lar, aqui Cinderella preocupa-se com questões de dignidade dos mais desfavorecidos bem como a cultura dos mesmos.
Outro aspecto novo que não se tinha nesta história é que sempre nos lembramos de Cinderella como a empregada doméstica da malvada madrasta mas nunca tinhamos assistido a uma história onde ela fosse vítima de abusos físicos. Aqui, sinal dos tempos, temos uma versão mais física e agressiva desta história.
E finalmente, como mera curiosidade, temos aqui a inserção de uma nova personagem até à altura esquecida, a abrilhantar este período... o próprio Leonardo Da Vinci. Facto este que poderia realmente justificar o estonteante vestido com que a heroína deste filme foi ao baile e com que deslumbrou tudo e todos. Sinais dos (idos) tempos modernos.
Falar deste filme é igualmente falar de um duo pesado nas interpretações. Drew Barrymore e Anjelica Huston fazem um verdadeiro braço-de-ferro onde uma luta por direitos e a outra por luxos. O desfecho deste duelo é francamente engraçada, dada toda a crueldade a que vamoa assistindo ao longo do mesmo, e acabamos por dar razão ao velho cliché de que tudo está bem quando acaba bem.
Mas voltando às actrizes, não podia ter existido um casting de actores mais perfeito para estas duas personagens. Drew Barrymore, igual a si mesma, encanta-nos enquando Cinderella. O seu eterno olhar e expressões da "miúda do ET" não conseguem deixar nenhum de nós indiferente e estou certo que tenha ela oitenta anos e ainda terá aquele olhar terno e doce que a todos nós nos encanta. Este filme, não lhe conhecesse a história, e diria que tinha sido feito de propósito para ela.
Já quanto a Anjelica Huston não a via tão maléfica (e perfeita) desde As Bruxas (filme que não me impressionou à excepção da sua interpretação), e aqui está novamente uma perfeita encarnação do mal. E levante o braço quem não acha que ela está no ponto!
Outro aspecto bastante positivo deste filme é o seu extraordinário e rico guarda-roupa da autoria de Jenny Beavan já vencedora do Oscar nesta categoria e multipla nomeada, e destaco em particular o luminoso e magnificamente bem concebido vestido fantasia que Cinderella leva ao baile... é um dos verdadeiros pontos altos deste filme e um que permanece como imagem do mesmo.
Gostei particularmente deste filme por dentro de uma história tradicional conseguir abordar temáticas que me são tão caras nomeadamente os Direitos Humanos e, ao mesmo tempo, conseguir manter os traços originais desta história que é, no fundo, intemporal. Para todos aqueles que são igualmente apreciadores de um drama ligeiro no género fantástico este filme é uma perfeita escolha.
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10 / 10
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