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Ratatui de Brad Bird e Jan Pinkava vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação é possível que seja dos melhores filmes animados que vi até à data.
Partindo da premissa que qualquer um pode cozinhar e ser de facto um excelente cozinheiro, a personagem principal do filme é aquele que deve ser considerado um dos maiores inimigos de uma cozinha... um rato.
Rémy, o pequeno e sonhador rato com grandes dotes para a culinária, chega a Paris ao restaurante do seu grande ídolo onde encontra Linguini, um desastrado jovem a quem se une para que o génio de um viva através do aspecto mais convidativo do outro.
Pelo meio podemos apenas adivinhar o conjunto de situações que se vão proporcionar por todo o filme pois basta pensar que um rato, ou ratos como vamos constatar depois, no meio de uma cozinha de um restaurante não é propriamente a imagem que qualquer um de nós deseja ver.
No entanto são estas mesmas situações, na sua maioria cómicas, que conseguem cativar qualquer um de nós. Quer se queira quer não Rémy, que aqui tem expressões, pensamentos e comportamentos que quase são semelhantes às de qualquer um de nós que anseia e sonha por algo que sempre quis na vida que nos conseguem literalmente encantar.
O sonho, já dizia o outro, comanda realmente a vida. A entrega que cada um pode dar e dedicar a tornar um ideal numa realidade é aquilo que nos faz viver e respirar para poder chegar ao dia seguinte. Afinal, seja cozinheiro seja qualquer outra profissão ou tarefa que se pretenda alcançar, o que é certo é que quando gostamos de algo e nos dedicamos de alma e coração, esse sim é o nosso propósito de vida. É esse sonho que nos faz viver. É essa a chama que sentimos dentro de nós independentemente do nosso passado, da nossa proveniência e dos nossos hábitos ditos "normais".
Esta é a grande mensagem que este filme pretende transmitir-nos. Não interessa de onde venhas o que importa é que lutes pelo teu sonho. E nada melhor que um fantástico filme de animação para transmitir essa mensagem não só aos mais pequenos, pois não são só eles a gostar destes filmes, mas a todos aqueles que vejam este filme. E duvido seriamente que quem quer que seja que o veja não se deixa literalmente encantar por Rémy e pelos seus comportamentos demasiadamente humanos, mais ainda do que para os próprios humanos.
Vencedor do Oscar e conquistou mais quatro nomeações em diferentes categorias, vencedor do Globo de Ouro de Filme de Animação do ano, grande vencedor dos prémios Annie que premeiam única e exclusivamente os filmes de animação ente tantos e tantos outros prémios, este filme revelou-se a grande e justa revelação do ano. Filme este com o qual é impossível não simpatizar e de rever várias vezes pois nunca consegue cansar.
Todas as personagens, aqui com vozes de actores tão diversos como Peter O'Toole, Ian Holm ou Patton Oswalt, ganham vida ao ponto de realmente se parecerem humanos. Gostando de animação (e nota seja feita que duvido que exista alguém que não goste deste género cinematográfico) há que assumir claramente que este filme consegue ter um lugar especial ao nível de outras grandes glórias do passado como Dumbo, Pinóquio ou Branca de Neve.
As suas personagens, as suas histórias e principalmente as suas "vivências" têm apenas um grande fundo que nenhum de nós pode ignorar, apesar de se poder multiplicar em diversas designações... a não resignação às adversidades. O não desistir. O lutar. O procurar sempre por aquele local especial onde realmente nos sentimos nós próprios e onde é impossível esconder a nossa verdadeira essência. É nesse mesmo local que surge o verdadeiro "eu". É esta a mensagem de Rémy, o maior cozinheiro do mundo que apenas calha ser um rato, nos transmite. Nunca desistir do sonho de revelar o seu verdadeiro "eu".
É este tão "simples" aspecto que torna este Ratatouille (sim, eu uso o nome original) num dos melhores, senão mesmo o melhor, filme de animação dos últimos largos anos.
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"Anton Ego: Not everyone can become a great artist, but a great artist can come from anywhere."
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10 / 10
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