Conhece Joe Black? de Martin Brest foi um filme que muito antecipei não só pelo seu realizador que já havia entregue uma pérola chamada Perfume de Mulher como era o filme que voltava a reunir dois grandes actores de seus nomes Anthony Hopkins e Brad Pitt.
E se um dia ao acordar soubesses que a morte tinha vindo à nossa procura? Aceitá-lo? Recusá-lo e fugir? Despedirmo-nos dos nossos entes mais chegados? Avaliar a vida? Tudo isto é o que faz William Parrish (Hopkins) quando ao receber a visita de Joe Black/Morte (Brad Pitt) percebe que a noite do seu 65º aniversário será a última que irá passar com vida.
Durante os dias em que a Morte resolveu literalmente tirar umas férias onde a única coisa que conhece é o fim de algo... o fim de uma vida, de um percurso, de um caminho, de uma família... aqui pelo contrário resolve conhecer aquilo que a vida tem para lhe dar. Escolhe conhecer o que move as pessoas... a união, o afecto, a lealdade, a amizade a honra e sobretudo o amor. É o amor o sentimento que mais intriga a morte. Aquele por quem "montanhas" são movidas. E quem melhor para o acompanhar nesta viagem do que um poderoso homem dono de um império e que sempre lutou por ter a seu lado as suas filhas e a sua família, nunca as sacrificando em nome de nada ou de alguém.
Não vou mentir ao dizer que inicialmente apenas tive curiosidade de ver este filme por ser o reencontro no cinema de dois actores que em muito aprecio. Actores que conseguem a cada filme que fazem surpreender por a sua categoria e nível interpretativo estarem sempre no seu melhor e que o fazem, para mim, com a maior naturalidade possível.
Escusado será também referir que considero Anthony Hopkins um dos maiores e melhores actores de todos os tempos e quer interprete o bom quer seja o mau da fita, o que é certo é que está sempre no seu melhor. Faz-me lembrar aquela frase feita de que quanto interpreta o bom está bem e quando interpreta o mau está ainda melhor.
Aqui Hopkins desempenha uma vez mais uma interpretação forte e segura como um poderoso homem de negócios que faz tudo por tudo para deixar a sua família bem e tranquila após saber que está prestes a morrer. O curioso é que ao mesmo tempo acompanha a Morte na sua primeira experiência de vida. Acompanha-a na sua vivência inicial de sentimentos que apenas os vivos poderão alguma vez experimentar.
O filme, e as interpretações, que se quer(em) calmos e reflexivos atingem os pontos mais fortes nestes exactos momentos em que se vivenciam sentimos. A negação e a descrença de Hopkins que dão lugar a uma aceitação relutante ou mesmo o trazer vida à Morte e mostrar-lhe que não só de fins se faz a vida mas sim de grandes princípios.
E como quase todos os filmes se fazem de grandes duplas este não seria excepção e a acompanhar Hopkins temos um excelente Brad Pitt que aqui, ao contrário do que muitos dizem, tem um dos seus desempenhos mais fortes onde através de uma pacatez quase gélida dá corpo e alma... à Morte.
Pode parecer algo contraditório mas se pensarmos bem até nem é... Grandes e frutuosas vidas estavam repletas disso mesmo... de vida. E foi na sua fase final onde passaram para uma qualquer outra dimensão (acreditemos nela ou não) que se cruzaram com um elemento de passagem. Uma espécie de Karonte que transportava as almas para uma outra margem. Brad Pitt dá a devida alma a esta Morte que não só se mostra assertiva nos seus pensamentos como ao mesmo tempo nos entrega uma ingenuidade típica de uma criança que está agora a descobir o mundo pela primeira vez.
Brad Pitt sempre tão afastado dos prémios da Academia tem aqui uma daquelas interpretações que lhe deveria ter granjeado a tão ambicionada nomeação como Actor, que só chegaria anos mais tarde com outro poderoso filme de seu nome O Estranho Caso de Benjamin Button.
De Claire Forlani que à altura apenas tinha visto na pequena participação que havia tido em O Rochedo, só tenho as melhores observações. Forlani interpreta a filha mais nova de William Parrish que vive acomodada a uma relação confortável mas desprovida de amor e de qualquer intensidade ou emoção mais forte. Curiosamente é com a Morte que vai descobrir o que é realmente um amor verdadeiro e com o qual espera obter uma vida feliz.
No entanto uma das interpretações que mais me marcou neste filme foi a de Marcia Gay Harden, a filha mais velha de Parrish, que nos mostra uma mulher que sempre viveu a sua vida para agradar os outros, em particular o seu pai, mas que sempre sentiu ser uma segunda "escolha" na sua vida. Conformada com essa situação e sabendo que o seu pai sempre a amara vive, no entanto, uma sensação de isolamento e de alguma tristeza que não conseguirá ultrapassar mas ela sim conformar-se e viver abraçada a ela. De todos os filmes que já tenho visto com esta actriz este é, seguramente, aquele trabalho em que mais me impressionou, e possivelmente aquele pelo qual ela mereceria uma nomeação a Oscar como Actriz Secundária.
A nível técnico vários são os aspectos que considero bem positivos começando pela banda-sonora minimalista na maior parte dos segmentos em que a Morte cruza o ecrã mas repleta de emoção e de sentimento nos momentos mais intimos e onde os vários personagens encontra entre si uma qualquer redenção e percepção de que tudo ficará bem.. Bravo uma vez mais Thomas Newman.
Outra referência pela qualidade é o trabalho de fotografia desse grande génio chamado Emmanuel Lubezki que confere a todo o filme uma dimensão algo sombria. Nada assustadora, antes pelo contrário ela é bem acolhedora e reconfortante mas que nos faz sempre sentir que existe "algo" no ar.
Este grande filme repleto de grandes ideias e pensamentos sobre qual deverá ser o verdadeiro significado do maior bem que temos, a nossa vida, é assumidamente um dos meus preferidos e um que considero ter sido muito mal apreciado e até votado ao abandono em vez de apreciado na sua verdadeira essência. Aquela em que devemos realmente dar valor ao grande bem que temos... a nossa vida e ao caminho que escolhemos dar-lhe... Aquele em que a vivemos ou aquele em que escolhemos viver vidas indiferentes e desligadas morrendo assim antes da nossa própria hora.
.E se um dia ao acordar soubesses que a morte tinha vindo à nossa procura? Aceitá-lo? Recusá-lo e fugir? Despedirmo-nos dos nossos entes mais chegados? Avaliar a vida? Tudo isto é o que faz William Parrish (Hopkins) quando ao receber a visita de Joe Black/Morte (Brad Pitt) percebe que a noite do seu 65º aniversário será a última que irá passar com vida.
Durante os dias em que a Morte resolveu literalmente tirar umas férias onde a única coisa que conhece é o fim de algo... o fim de uma vida, de um percurso, de um caminho, de uma família... aqui pelo contrário resolve conhecer aquilo que a vida tem para lhe dar. Escolhe conhecer o que move as pessoas... a união, o afecto, a lealdade, a amizade a honra e sobretudo o amor. É o amor o sentimento que mais intriga a morte. Aquele por quem "montanhas" são movidas. E quem melhor para o acompanhar nesta viagem do que um poderoso homem dono de um império e que sempre lutou por ter a seu lado as suas filhas e a sua família, nunca as sacrificando em nome de nada ou de alguém.
Não vou mentir ao dizer que inicialmente apenas tive curiosidade de ver este filme por ser o reencontro no cinema de dois actores que em muito aprecio. Actores que conseguem a cada filme que fazem surpreender por a sua categoria e nível interpretativo estarem sempre no seu melhor e que o fazem, para mim, com a maior naturalidade possível.
Escusado será também referir que considero Anthony Hopkins um dos maiores e melhores actores de todos os tempos e quer interprete o bom quer seja o mau da fita, o que é certo é que está sempre no seu melhor. Faz-me lembrar aquela frase feita de que quanto interpreta o bom está bem e quando interpreta o mau está ainda melhor.
Aqui Hopkins desempenha uma vez mais uma interpretação forte e segura como um poderoso homem de negócios que faz tudo por tudo para deixar a sua família bem e tranquila após saber que está prestes a morrer. O curioso é que ao mesmo tempo acompanha a Morte na sua primeira experiência de vida. Acompanha-a na sua vivência inicial de sentimentos que apenas os vivos poderão alguma vez experimentar.
O filme, e as interpretações, que se quer(em) calmos e reflexivos atingem os pontos mais fortes nestes exactos momentos em que se vivenciam sentimos. A negação e a descrença de Hopkins que dão lugar a uma aceitação relutante ou mesmo o trazer vida à Morte e mostrar-lhe que não só de fins se faz a vida mas sim de grandes princípios.
E como quase todos os filmes se fazem de grandes duplas este não seria excepção e a acompanhar Hopkins temos um excelente Brad Pitt que aqui, ao contrário do que muitos dizem, tem um dos seus desempenhos mais fortes onde através de uma pacatez quase gélida dá corpo e alma... à Morte.
Pode parecer algo contraditório mas se pensarmos bem até nem é... Grandes e frutuosas vidas estavam repletas disso mesmo... de vida. E foi na sua fase final onde passaram para uma qualquer outra dimensão (acreditemos nela ou não) que se cruzaram com um elemento de passagem. Uma espécie de Karonte que transportava as almas para uma outra margem. Brad Pitt dá a devida alma a esta Morte que não só se mostra assertiva nos seus pensamentos como ao mesmo tempo nos entrega uma ingenuidade típica de uma criança que está agora a descobir o mundo pela primeira vez.
Brad Pitt sempre tão afastado dos prémios da Academia tem aqui uma daquelas interpretações que lhe deveria ter granjeado a tão ambicionada nomeação como Actor, que só chegaria anos mais tarde com outro poderoso filme de seu nome O Estranho Caso de Benjamin Button.
De Claire Forlani que à altura apenas tinha visto na pequena participação que havia tido em O Rochedo, só tenho as melhores observações. Forlani interpreta a filha mais nova de William Parrish que vive acomodada a uma relação confortável mas desprovida de amor e de qualquer intensidade ou emoção mais forte. Curiosamente é com a Morte que vai descobrir o que é realmente um amor verdadeiro e com o qual espera obter uma vida feliz.
No entanto uma das interpretações que mais me marcou neste filme foi a de Marcia Gay Harden, a filha mais velha de Parrish, que nos mostra uma mulher que sempre viveu a sua vida para agradar os outros, em particular o seu pai, mas que sempre sentiu ser uma segunda "escolha" na sua vida. Conformada com essa situação e sabendo que o seu pai sempre a amara vive, no entanto, uma sensação de isolamento e de alguma tristeza que não conseguirá ultrapassar mas ela sim conformar-se e viver abraçada a ela. De todos os filmes que já tenho visto com esta actriz este é, seguramente, aquele trabalho em que mais me impressionou, e possivelmente aquele pelo qual ela mereceria uma nomeação a Oscar como Actriz Secundária.
A nível técnico vários são os aspectos que considero bem positivos começando pela banda-sonora minimalista na maior parte dos segmentos em que a Morte cruza o ecrã mas repleta de emoção e de sentimento nos momentos mais intimos e onde os vários personagens encontra entre si uma qualquer redenção e percepção de que tudo ficará bem.. Bravo uma vez mais Thomas Newman.
Outra referência pela qualidade é o trabalho de fotografia desse grande génio chamado Emmanuel Lubezki que confere a todo o filme uma dimensão algo sombria. Nada assustadora, antes pelo contrário ela é bem acolhedora e reconfortante mas que nos faz sempre sentir que existe "algo" no ar.
Este grande filme repleto de grandes ideias e pensamentos sobre qual deverá ser o verdadeiro significado do maior bem que temos, a nossa vida, é assumidamente um dos meus preferidos e um que considero ter sido muito mal apreciado e até votado ao abandono em vez de apreciado na sua verdadeira essência. Aquela em que devemos realmente dar valor ao grande bem que temos... a nossa vida e ao caminho que escolhemos dar-lhe... Aquele em que a vivemos ou aquele em que escolhemos viver vidas indiferentes e desligadas morrendo assim antes da nossa própria hora.
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"William Parrish: Love is passion, obsession, someone you can't live without. I say, fall head over heels. Find someone you can love like crazy and who will love you the same way back. How do you find him? Well, you forget your head, and you listen to your heart. And I'm not hearing any heart. Cause the truth is, honey, there's no sense living your life without this. To make the journey and not fall deeply in love, well, you haven't lived a life at all. But you have to try, cause if you haven't tried, you haven't lived."
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