terça-feira, 17 de janeiro de 2012

El Orfanato (2007)

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O Orfanato de Juan Antonio Bayona foi um dos grandes sucessos cinematográficos do ano em questão em Espanha, o pré-seleccionado ao Oscar de Filme Estrangeiro e vencedor de sete Goya da Academia Espanhola de Cinema.
Laura (Belén Rueda) volta com a sua família para o orfanato onde estivera em criança com o objectivo de aí abrir um lar para crianças com necessidades especiais. É pouco depois de chegarem a esta casa que Símón (Roger Princep) o seu filho, revela ter amigos invisíveis com quem brinca.
Incrédula e indiferente Laura decide dar uma festa de boas vindas às crianças que vão ocupar a casa, e é nesse momento que Simón desaparece misteriosamente e criando assim uma ligação com o passado não só de Laura como daquele antigo orfanato.
Este filme que deu uma grande projecção à carreira de Belén Rueda não só é interessante pela sua história sombria e sobrenatural como pela surpresa final (calma que não revelo qual) que nos faz olhar para todo o filme de uma forma diferente. Passamos praticamente todo o filme a antever algo de sombrio e de terror, sempre à espera do momento em que vamos levar o susto das nossas vidas quando, muito de repente, percebemos que se trata sobretudo de uma história de dor e de sofrimento de personagens que pouco, muito pouco, vemos. Até que se revelam no final...
Para este ambiente sombrio resultar, muito ajuda uma conjugação de factores indispensáveis deste filme. Em primeiro lugar o décor que torna todo o ambiente demasiadamente austero... arriscaria dizer quase franquista, apesar da história desenrolar-se na Espanha dos nossos dias. Em segundo lugar a fotografia de Óscar Faura, que obteve a nomeação para os European Film Awards, e que transforma um inicio de filme onde se adivinhava alguma esperança na transformação da vida daquelas pessoas, para um ambiente carregado onde a própria luz se percebe diminuir a cada segmento de imagens que passa.
Finalmente o já falado argumento da autoria de Sergio G. Sánchez, vencedor do Goya, que consegue conter tanto de mistério como de terror, drama familiar e suspense sem que nenhum destes estilos se "atropele" no decorrer do filme, tendo para si o seu devido momento e importância.
Belén Rueda que já tinha ganho o seu próprio espaço com o brilhante desempenho que lhe valeu o seu primeiro Goya em Mar Adentro, aqui afirma-se como uma actriz protagonista de pleno direito. A sua interpretação como uma mulher que pouca memória tem da sua infância, sofrida e que perde o seu filho para aparentes forças paranormais que povoam o mesmo local onde cresceu é suficientemente convincente para encontrarmos um desempenho forte e feito à sua medida.
É impossível falar deste filme sem referir a participação secundária, e nomeada para um Goya, de Geraldine Chaplin como a médium que vai investigar o que se passa naquela antigo orfanato. Os momentos em que a actriz tem no ecrã são aqueles que possivelmente suportar a maior carga de suspense de todo o filme. Incertos sobre o que se passa afinal naquele edifício, nós enquanto espectadores, gelamos enquanto ouvimos os relatos e as vozes de crianças que... não vemos. Momentos tensos... muito tensos e que nos cortam por vários instantes a respiração.
A mesma intensidade só volta a existir quando Laura resolve entrar em contacto com os seus antigos amigos e que depois de alguns segundos de silêncio fazem com que eles finalmente se revelem e mostrem quais os seus reais propósitos naquela casa.
A maior genialidade deste filme encontra-se na consistência existente durante toda a sua duração entre os vários estilos cinematográficos que passam do drama ao suspense e ao terror de uma forma tão harmoniosa que, no final, se torna difícil considerá-lo apenas de um só estilo quando todos eles se encontram ali. É um filme brilhante, seja lá qual fôr a perspectiva pelo qual seja abordado, e um justo vencedor do prémio de realização e de actriz no Fantasporto que alia a qualidade de argumento, de interpretação e de aspectos técnicos ao sucesso de bilheteira sem qualquer pudor. Um filme obrigatório para os amantes do cinema fantástico que, em Espanha, dá imensos frutos.
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8 / 10
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