quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Le Petit Soldat (1963)

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O Soldado das Sombras de Jean-Luc Godard demorou dois anos a estrear devido à sua temática e à época em que havia sido filmado.
Bruno (Michel Subor) vive em Genève após ter saído de França para não ser recrutado para a guerra na Argélia. Aqui é contactado para eliminar um dos representantes da Frente Nacional de Libertação que apoia a independência do país como forma de provar não ser um simpatizante da causa.
Entre avanços e retrocessos, Bruno apaixona-se por Verónica (Anna Karina) que é, mais tarde, capturada e torturada pelos agentes franceses na Suíça que descobrem a sua simpatia pela causa independentista da Argélia.
Temática complicada para a época em que foi filmado considerando que passavam poucos anos da independência daquele país e que portanto, um tema ainda "quente" na relação entre os dois países... ex-colónia e ex-colonizador. Temática esta que é ainda hoje alvo de muita polémica e de muita tinta cada vez que estreia um filme que a aborde, mais ainda há altura que era um tema dito "fresco", e este muito concretamente que toca em assunto bem mais sensíveis como a perseguição e a tortura por parte das autoridades francesas àqueles que contrariavam o regime em assuntos tão sensíveis como é o caso concreto da personagem interpretada por Anna Karina.
Perdoem-me os puristas e os amantes incondicionais de Jean-Luc Godard, mas independentemente do filme ter o potencial suficiente no seu argumento para ser apelativo e interessante, o que é certo é que este estilo de filmagens que pretende focar tudo (e nada) deixa-me francamente desorientado quanto à linha condutora da história.
A câmara que ora está a captar uma personagem ora já capta algo completamente diferente que se passa "ali ao lado", faz com que a distracção do assunto principal seja uma constante. A voz-off, de Michel Subor, que num momento narra os acontecimentos e no seguinte já está a dar vida à sua personagem é igualmente desconcertante. Poderia ter resultado se o filme tivesse outra dinâmica que conseguisse enquadrar cada momento especificamente e não as duas vertentes ao mesmo tempo que a dada altura tornam todo o filme cansativo demais para ser verdade.
Goste-se ou não do tema, há cinema bem mais competente sobre esta matéria. Lembro-me assim de repente o filme Caché de Michael Haneke, que com todos os ingredientes importantes consegue ainda ser um thriller que nos deixa incomodados e ansiosos por descobrir o que se esconde realmente por detrás daqueles enigmas. Aqui, ao contrário, percebemos realmente os tópicos principais que o realizador nos pretende transmitir mas a narrativa utilizada e a forma como a transmite através dos actores é demasiado cansativa para conseguir resultar.
Interessante no argumento... dispensável nos demais aspectos inclusivé nas pouco inspiradas interpretações dos dois actores protagonistas.
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4 / 10
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