quarta-feira, 13 de junho de 2012

La Horde (2009)

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A Horda de Yannick Dahan e Benjamin Rocher é um intenso e algo claustrofóbico filme de terror feito ao estilo de uma mescla entre 28 Dias Depois e a Noite dos Mortos Vivos.
Quando um grupo de polícias à margem da lei decide vingar a morte de um dos seus às mãos de uns criminosos de bairro, longe estaria de imaginar que a sua noite, e a do mundo, iria terminar da pior forma.
Ao dirigirem-se para um prédio semi-abandonado nos arredores da cidade, não só começam por ter de enfrentar o terror às mãos do gang local como, muito rapidamente, percebem que algo de estranho se está a passar nas ruas quando uma série de misteriosas e inexplicadas explosões começam a ocorrer.
Quando os mortos se levantam e demonstram um sério gosto pela carne humana ainda quente e a pulsar de sangue, tanto polícias como os membros do gang que ainda resistem percebem que têm de unir esforços para poderem garantir a sua sobrevivência. Será que depois de uma tortuosa descida desde o último andar até ao hall para abandonarem o prédio vão conseguir resistir às enormes investidas de que são alvo?
Como habitual neste género de filme, não podemos daqui esperar uma história emocionalmente apelativa além daquilo que já é, à partida, esperado. Sabemos que os poucos sobreviventes que se encontram naquele prédio estão numa situação bem complicada e que o mais certo até final do filme é que alguns deles não cheguem nas melhores condições ao piso térreo.
Sabemos também que os sustos vão ser bastantes e que alguns deles não serão tanto pela presença de algo incomodativo mas sim pela sugestão e pelo fazer crer que algo vai suceder nos momentos menos esperados. E sabemos também que um dos aspectos mais positivos do género cinematográfico em questão é a caracterização dos actores e que, neste caso muito em concreto resulta na perfeição pois consegue ser francamente bem conseguida e assustadora muito à semelhança do já referido 28 Dias Depois onde, não revelando constantemente o aspecto dos mortos-vivos consegue por rápidos movimentos de câmara aliados ao poder de sugestão, intimidar qualquer espectadormais sensível. E que se enganem aqueles que pensam que estes zombies se limitam a morder e arrancar pedaços de carne... não não... bem pelo contrário... eles são bem mais astutos, bem mais rápidos do que o costume e como se isso não bastasse... eles lutam e fazem frente a qualquer vivo bem pensante.
Perfeição poderei também falar quando me refiro à fotografia da autoria de Julien Meurice que através de um poderoso jogo de sombras consegue transformar todo o espaço num ambiente verdadeiramente claustrofóbico e de detenção. Se repararmos bem ao longo de todo o filme, a única luz presente centra-se nos exactos locais onde os actores se encontram. Uma sala, um corredor, uma cave... por muito espaçoso que seja o local temos um pequeno foco de luz envolto numa enorme concentração de sombra que diminui qualquer local para a pequena dimensão onde se encontram os actores. Assim, não só temos a sensação de cativeiro no alto e dentro de um prédio como também de claustrofobia por se centrar tudo num pequeno espaço para onde existe uma reduzida hipótese de fuga.
No final temos ainda uma tentativa de moral aplicada através das personagens mais fortes. A primeira uma das polícias sobreviventes e por outro lado o mais forte dos marginais que se encontram no mesmo ponto narrativo de onde iniciaram a sua acção. Vingança ou solidariedade entre sobreviventes que colidem na mais inesperada (ou talvez não) das reacções e que culmina num já esperado, mas ainda assim não visível desfecho.
Intenso, claustrofóbico (não me canso de o frisar), por vezes assustador e de agarrar à cadeira em várias ocasiões, este filme consegue ser um dos mais bem realizados do género que vi nos últimos tempos e sem dúvida um filme recomendado para os apreciadores incondicionais que procuram que um resulte tão bem como este.
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8 / 10
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